QUILOMBOLAS DE ORIXIMINÁ-PA SE UNEM PARA VENCER PANDEMIA E MANTER AS COMUNIDADES LIVRES DE CONTÁGIO
Produção de farinha ariramba |
Assegurar condições de sustentabilidade das populações em suas
comunidades é o objetivo das ações desenvolvidas pela Arqmo e parceiros contra
a Covid-19
Localizada às margens do rio Trombetas, um dos afluentes do Rio
Amazonas, distante a aproximadamente 820 km da capital do Pará, o município de Oriximiná
é um dos municípios paraenses que possui a maior população quilombola do
estado, ao todo são 37 comunidades remanescentes de quilombos, uma média de
aproximadamente 4 mil famílias que sobrevivem da agricultura familiar, pesca e
extrativismo, como o da castanha do Pará, principal fonte de renda de muitas
famílias durante o período de coleta. Mas, alguém já parou para pensar como
está a economia nos quilombos neste período de pandemia? A pergunta de repente
fique sem resposta, mas ao conversar com o senhor Gervásio Oliveira, 57 anos,
coordenador da associação do território Ariramba e agricultor, a gente começa a
entender a dinâmica da vida nos territórios quilombolas.
A história de vida de seu Gervásio é igual a de tantos outros
quilombolas que trabalham cultivando a terra e após a produção dos derivados da
mandioca saem das comunidades ainda na madrugada em pequenas embarcações para
assegurar o sustento de suas famílias. “A gente vive da agricultura e se não
trabalha é um Deus nos acuda. Na feira tem dias que vende R$ 300,00 e quando a
venda é boa a gente ganha até R$ 800,00”, declarou o líder quilombola que
juntamente com a família e a família dos três filhos casados, todos residentes
no mesmo domicílio, trabalha na produção dos derivados da mandioca como a
farinha d'água, farinha de tapioca e beijus, produto muito apreciado na
culinária local, e no extrativismo com a produção do açaí e castanha do pará.
A Cooperativa Mista dos Povos e Comunidades Tradicionais da Calha
Norte – Coopaflora é outro exemplo importante, recém-criada e fonte de renda
para povos indígenas, ribeirinhos e quilombolas, antes da pandemia chegou a
efetivar uma venda de 48.070 kg de castanha do pará o que equivale a 878
hectolitros de castanha. “Depois do foco da pandemia não compramos mais
castanha e nem um produto do extrativismo por conta dos trâmites legais, e isso
reflete de forma negativa pois cai o preço dos produtos e o produtor fica nas
mãos dos atravessadores que usam a pandemia como forma de tirar vantagem”,
ressaltou Rogério Pereira, presidente da Coopaflora.
Com as publicações de isolamento, decretos e instruções normativas
por parte do poder público, os povos quilombolas dos oito territórios de
Oriximiná seguem orientados a permanecerem nos quilombos como forma de conter o
avanço e o contágio comunitário. Ainda no mês de março, com apoio de
instituições governamentais e privadas foi criado um GT (Grupo de Trabalho de
Combate ao coronavírus) e entre as ações está doação de cestas básicas, como
medida para manter os quilombolas em suas comunidades. Em Oriximiná a Arqmo
também criou a campanha #FicaemCasaQuilombola nas redes sociais e whatsapp,
além de uma campanha de arrecadação virtual https://www.vakinha.com.br/ vaquinha/ajuda-humanitariana- para-os-povos-quilombolas-da- amazonia.
Fonte/Foto: Martha Costa - Assessora de
Comunicação/Edwilson Pordeus - Acervo Ecam
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