PREFEITO DE MANAUS-AM PEDE CAUTELA NA REABERTURA DO COMÉRCIO: 'NÃO VAMOS CRIAR UMA FALSA ILUSÃO'
Arthur gravou vídeo, após o ministro interino da Saúde, general
Eduardo Pazuello, declarar que teme uma nova onda de Covid-19 em Manaus
O prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, pediu cautela quanto à
reabertura do comércio na capital do Amazonas, durante o período de pandemia do
novo coronavírus. “Não vamos criar nas pessoas uma falsa ilusão de que todo
mundo que for para a rua estará empregado”, disse o prefeito, em vídeo
publicado nas redes sociais sobre a retomada gradual de atividades prevista
pelo governo estadual, para o próximo dia 1° de junho.
A afirmação foi dada após o ministro interino da Saúde, general
Eduardo Pazuello, declarar que teme uma nova onda de Covid-19 em Manaus. “Estou
olhando para essa questão na capital, com muito cuidado, pois cautela nunca é
demais. Adoraria que eu estivesse errado e que pudéssemos reabrir tudo, mas
penso no futuro do povo”, disse o prefeito, acrescentando que as aulas
presenciais na rede municipal só devem retornar em agosto deste ano, se tudo
ocorrer bem.
Segundo Arthur, as medidas de prevenção, como distanciamento e
isolamento social entre servidores municipais, vão continuar. Além disso, novas
atitudes serão tomadas. “Certas secretarias minhas não vão funcionar, algumas
serão extintas e outras vão continuar em regime de home office. Enquanto eu
sentir que o perigo existe, procurarei proteger as pessoas, por mais que essas
não sejam as atitudes mais simpáticas”, destacou.
Crise
A questão de desemprego, apontada por Arthur Virgílio, se deve à
crise instalada há dois anos, antes mesmo da pandemia chegar ao Brasil. “O país
cresceu, no primeiro ano do governo Bolsonaro, 1%. No segundo ano, quando
pensei que fosse crescer 3%, por conta da reforma da Previdência e da promessa
de independência do Banco Central, nada aconteceu”, pontuou.
O prefeito acrescentou que o Brasil não tem capacidade, no
momento, de gerar empregos. “As pessoas vão voltar a perceber que não há vagas
e que ainda vivemos uma crise de desemprego brutal, onde muitos setores estão
desaquecidos”, relatou, considerando que Manaus enfrenta a crise usando as
ferramentas disponíveis, mas sem induzir um contexto de normalidade à população.
Números
Além da crise, o prefeito justificou a cautela com base nos
números de sepultamentos na capital, que também funcionam como termômetro para
a reabertura. “Manaus ficou, por muito tempo, acima de cem enterros diários. Há
15 dias, estamos em redução, aproximando-se do que era antes da doença, algo
entre 20 e 35, mas vamos continuar monitorando essa curvatura”, frisou.
Esse monitoramento se dará, principalmente, por conta da baixa
adesão ao isolamento social por parte da população manauara. “Nós temos, ainda,
muita gente na rua. As pessoas não deram muita importância para o clamor que
fizemos, para o isolamento social”, evidenciou o prefeito, destacando a
pesquisa do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope), onde
diz que Manaus teve ou tem entre 230 mil e 240 mil pessoas infectadas, sem
apresentar sintomas.
Arthur disse, ainda, que a circulação de pessoas nas ruas, em
parte, se deu pelo estímulo do presidente Jair Bolsonaro que, em diversas
declarações, se mostrou contra o isolamento. “Dizer que era uma gripe chinesa e
mandar as pessoas para a rua boicotou todo o nosso esforço em conseguir um bom
nível de isolamento social”, ressaltou.
Ainda sobre a atuação do governo federal em relação à pandemia, o
prefeito reforçou a indiferença sobre os povos indígenas. “Manifesto, mais uma
vez, minha indignação com a falta de cuidado, que está se tornando crônica, em
relação à saúde indígena, pois temos um interior do Amazonas indefeso”,
explanou Arthur, destacando a criação de novas alas no hospital de campanha
municipal Gilberto Novaes, dedicadas à população indígena, bem como a doação de
equipamentos e do protocolo do hospital para municípios do interior do Estado.
Fonte/Foto: Portal DeAmazônia/Alex Pazuello,
Semcom
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