GAROTAS DE PROGRAMA: DO SEXO VIRTUAL ÀS ESCAPADAS NA QUARENTENA
Prostituição é
considerada uma profissão legal pelo Ministério do Trabalho
Manaus - Desde 2002,
a prostituição é reconhecida pelo Ministério do Trabalho como ocupação legal
quando exercida entre adultos. Apesar da jurisprudência, a profissão existe há
milênios e já sobreviveu a grandes pandemias, como é o caso da nova, ocasionada
pela Covid-19. Enquanto o distanciamento social é medida de segurança para
evitar o contágio pela doença, profissionais do sexo se reinventam para
continuar com o lucro e, ao mesmo tempo, se manterem.
Segundo a Organização
Mundial da Saúde (OMS), o novo coronavírus tem taxa de letalidade de 2%, em
média, o que é considerado baixo. O grande problema é que tem uma alta taxa de
transmissão e uma pessoa infectada pode passar para outras seis. O perigo é
muitas pessoas ficarem doentes e assim lotarem hospitais.
Se antes do novo
coronavírus, as 'meninas' - forma como pessoas do ramo chamam as garotas de
programa - viviam pelas ruas, festas, boates e até restaurantes caros, hoje
quase todo o tempo se resume em ficar em casa. Isso porque, com o fechamento do
comércio não essencial no Amazonas em 23 de março, todos os espaços mencionados
foram proibidos, por decreto, de funcionarem.
Um espaço bastante
conhecido da noite manauara, a boate 'Remulos', está fechada desde o dia 22 de
março, antes mesmo do decreto do governo do Amazonas. O local chegava a
movimentar, só no final de semana, mais de 300 profissionais do sexo.
"Temos algumas
parceiras da casa que podem entrar gratuitamente e temos outras que pagam o
próprio ingresso. Nos dois casos elas ficam livres para conhecer clientes no
espaço e elogiam o ambiente por se sentirem seguras. É, inclusive, o que mais
dizem sentir falta agora durante quarentena", comenta Raquel Fernandes,
gerente da boate.
Ela conta que todos
os dias quando as 'meninas' a veem na frente da boate, pedem para que o Remulos
seja aberto logo.
"Elas chegam a
implorar para voltarmos. E é triste porque estávamos acostumados com movimento
na casa, com as meninas trabalhando dignamente e o que vemos agora é que elas
precisam se expor na rua, às vezes só de chinelo. Pode parecer que não, mas
algumas delas fazem isso para conseguir comprar comida e isso é muito
triste", afirma Raquel.
Sexo virtual virou
alternativa
Camila Souza, 26,
(nome alterado a pedido da entrevistada) diz que o atendimento foi muito
prejudicado pela pandemia. Segundo ela, todas as 'meninas' que conhece estão
com dificuldades. Camila diz que quando atendia em boates era muito melhor,
porque "era garantido nove clientes por noite".
Agora, com os espaços
fechados, ela precisa se reinventar para conseguir se sustentar. E diz já ter
começado a aderir o chamado sexo virtual. Ela realiza os programas via vídeo-chamada
em diferentes plataformas, a depender do cliente. Mas tece críticas à
alternativa.
"Pra ser
sincera, esse modelo não dá muito certo porque os clientes conversam com a
gente pelo WhatsApp e aí depois ficam pedindo pra ver a gente antes de pagar o
programa. E é nessa de olhar antes que eles já tentam ter o programa sem pagar
e saímos prejudicadas", conta Camila.
Apesar do problema,
ela comentou que enquanto conversava com a reportagem estava se terminando de
se inscrever em uma plataforma on-line para praticar e vender sexo virtual.
Escapadas na
quarentena
Camila diz que,
apesar da pandemia, os clientes ainda insistem em marcar de se encontrar
pessoalmente. "E acabo tendo que ir, porque é a oportunidade que tem.
Preciso me sustentar de alguma forma. Mesmo com riscos", diz ela.
Segundo a
profissional, restam poucas opções já que muitos puxam conversa, mas poucos
realmente contratam o serviço. "Muita entrevista e pouco emprego",
diz ela em referência ao baixo fluxo de clientes na pandemia.
A profissional conta
que não conhece nenhuma garota de programa que tenha contraído o novo
coronavírus, mas lembra que o trabalho das 'meninas' já é composto pelo perigo
de outras doenças, principalmente as sexualmente transmissíveis.
"Eu já me
cuidava antes da pandemia, tinha cuidado com doenças. Mas agora, com certeza,
os nossos cuidados ficaram maiores ainda. Uso máscara e bastante álcool em gel
e me viro como posso", diz ela.
Clientes ajudam a
manter
Para Fernanda
Oliveira, 25, (nome alterado a pedido da entrevistada) o sentimento que impera
é o de saudade da vida de antes da pandemia. Ela era parceira de boates em
Manaus, onde ia atrás de clientes que a ajudavam a se sustentar em troca de
serviços sexuais.
"Comigo, está
tudo bem, porque tenho meus clientes vips. Eles não têm deixado faltar nada
para mim, mas nem todas as meninas têm a mesma sorte", diz Fernanda
Ela é a favor da
abertura das boates, por acreditar que lá se sentia mais segura para trabalhar.
Apesar de não estar indo para a rua, ela ainda atende clientes e marca
encontros presenciais pelo WhatsApp. No entanto, expõe certo receio em ter que
se relacionar sexualmente em lugares desconhecidos. Quando trabalhava em
boates, geralmente já prestava o serviço no próprio espaço, que, por vezes,
tinha um quarto ou sala reservada para a prática ato sexual.
Aproveite para ler como fazer sexo sem furar a
quarentena. Sim, é possível. Confira a matéria neste link.
Fonte/Foto: Waldick Júnior – Em Tempo/Agência Brasil
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