UTI’S LOTADAS EM TODO O PARÁ



O sistema de saúde no Pará entrou em colapso. As UTIs dos hospitais estão lotadas, um tem que morrer para outro entrar. E independente de ter plano, pagar particular ou ser usuário do SUS. Não tem UTI para ninguém. Nem ambulâncias. Não há testes, medicamentos antivirais, exames e nem máscaras suficientes - sequer para comprar - para a enorme demanda. Os números de contágio e de mortes estão subestimados. Nos pronto-atendimentos o clima é de guerra. As pessoas estão morrendo e nem entram nas estatísticas porque não são atendidas sequer com testes.
A Unimed Belém, saturada, não consegue atender e nem transferir e anteontem fechou suas unidades de emergência para poder reorganizar o fluxo. As UPAs, o Ipamb, os hospitais Saúde da Mulher, Guadalupe, Amazônia e Beneficente Portuguesa, idem. O hospital Porto Dias começou com um andar para atender doentes da Covid-19, agora já está com quatro andares, lotados também.
Estão oferecendo R$40 mil pra médico trabalhar vinte dias. Para plantão médico oferecem R$1.800 à vista, mas não tem médico querendo ir.
Só ontem, a Unimed Belém afastou dez médicos - um deles, que trabalhava também no PSM da 14 de Março morreu - infectados; no hospital Saúde da Mulher trinta deixaram de trabalhar por estarem doentes e no hospital Guadalupe foram sete. A própria Sespa divulga que 42% dos infectados com o novo coronavírus são profissionais de saúde.
"Saindo agora de um hospital, onde estava reforçando equipe clínica na assistência dos pacientes com Covid 19, tentando dar altas, pois a demanda de internação é enorme.
Passando pela emergência, vi um cenário indescritível, surreal ... Superlotado, com muitos pacientes graves, sem mais leitos de UTI disponíveis.
Vários hospitais já estão fechando as portas dos seus pronto-atendimentos ...
SVO já começa a receber cadáveres de pessoas que evoluíram a óbito em casa!
E creio que seja apenas o começo de um cenário catastrófico!
Destroçada ... o pior dia desses tempos de Covid, o mais desolador.
Já vamos ter que fazer as duras escolhas para ver quem tentaremos salvar!
PS: Para quem ainda não acredita e insiste em dar apoio ao governo federal na mensagem light para isolamento social, estou à disposição para visita guiada nos cenários de guerra!"
E anteontem ela alertava:
"Precisamos abrir mais leitos de UTI ... urgente!
No público e no privado.
Não temos mais intensivistas livres para as escalas, e vários já estão doentes e afastados em isolamento.
Outros colegas médicos com habilidades em procedimentos precisam compor as equipes - penso principalmente nos anestesistas e cirurgiões, nefrologistas ...
Cirurgiões que sabem entubar, fazer traqueostomia, passar cateter central, mas não têm intimidade com correção hidroeletrolítica/metabólica, antibiótico etc ... podem ser assessorados por clínicos.
Não temos intensivistas, infectologistas, pneumologistas e clínicos o suficiente para estarem em todas as frentes!
Precisamos do apoio dos demais especialistas, sensibilizados e engajados no enfrentamento da Covid 19."
O hospital de campanha do Hangar entrou em funcionamento só com camas, lençóis, cobertores e toalhas e suportes para tomar soros. Todo esse tempo não havia respiradores. Nem médicos e enfermeiros. A morte da escrivã de polícia no carro é um precedente para outras pessoas morrerem nas calçadas e ruas, como acontece no Equador. O Estado tem que criar um fluxograma racional e eficaz. Se só no hospital do Hangar tem leito, os pacientes têm que ser recebidos diretamente lá. E com os equipamentos e recursos humanos imprescindíveis para salvar vidas.
Ontem, diante da situação caótica, o governador Helder Barbalho entendeu que precisava alterar sua estratégia e transformar todas as vagas do hospital de campanha no Hangar em leitos de UTI, com respiradores mecânicos e toda a estrutura necessária para atender pacientes diagnosticados com a Covid-19. Anunciou que pôs em funcionamento vinte leitos ontem mesmo e prometeu que ao longo desta semana mais dezessete serão implantados.
O problema é que os tais 400 respiradores comprados pelo governo do Pará na China só vão sair de lá no fim do mês e chegarão em maio, isso se não forem desviados no meio do caminho como aconteceu com a encomenda de São Paulo. Ou se funcionarem: os 290 comprados pelo Maranhão vieram todos com defeito.
Falta transparência e a comunicação do governo do Pará é extremamente burocrática e ineficaz. Fatos graves acontecem e nenhuma nota é postada no site da Agência Pará. Até o STF decide, notifica e intima via WhatsApp, mas as assessorias de comunicação do governo do Estado ignoram esse importante canal e respondem às demandas dos jornalistas que é preciso enviar a solicitação de informação via e-mail oficial da Secretaria e ainda com cópia para a Secom. É o caso de ser mais realista do que o rei. Afinal, o governador Helder Barbalho tem se preocupado em postar pessoalmente nas suas redes sociais as informações e respostas a questionamentos.
E foi ele mesmo quem informou que, no início da pandemia, o Pará contava com 104 UTIs exclusivas para o tratamento de pacientes da Covid-19. Ao longo desta última semana, 45 novos leitos de UTI foram instalados no Hospital Abelardo Santos, em Icoaraci. Com os 37 que estão sendo implantados no Hangar, serão 186 leitos para atender à população.
Ainda é pouco. Mas é um passo importante.
“Nós vamos disponibilizar exames de tomografia no Hospital Metropolitano e também na Policlínica. Para o Hangar, vamos enviar tomógrafo móvel. A ideia é ampliar o serviço e colocar tomógrafos em diferentes bairros para fazer exames com o encaminhamento necessário para tratamento. A previsão para esses tomógrafos é de 15 dias”, disse o governador, pelo Twitter e Facebook.
Helder garantiu, ainda, que hoje o governo do Estado fará um chamamento para contratação de hotéis para alojar profissionais de saúde, que não podem ir para casa após o expediente e expor familiares à doença. Também está estimulando e estabelecendo protocolo para uso da azitromicina, com prescrição médica. Outra medida determinada é a disponibilidade de nove ambulâncias exclusivas para o transporte de pacientes diagnosticados com a Covid-19.

Fonte/Foto: Franssinete Florenzano

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