RESUMO DO DIA – EDIÇÃO DA MANHÃ | SÁBADO, 25 DE ABRIL DE 2020
TROCA DE ACUSAÇÕES MARCA SAÍDA DE MORO DO
GOVERNO BOLSONARO
A saída do ex-juiz Sergio Moro do
Ministério da Justiça ontem foi marcada por graves acusações trocadas entre ele
e Jair Bolsonaro (sem partido) de
interferência política.
Em pronunciamento no qual fez críticas ao presidente
e o acusou de ignorar a "carta branca" que havia lhe prometido, Moro
disse que diretor-geral da PF (Polícia Federal) Maurício Leite Valeixo foi exonerado do cargo sem que
fosse consultado. Segundo ele, a troca teria sido motivada por um desejo
do presidente de ter acesso a investigações e relatórios da entidade, o que é
proibido pela legislação.
No pronunciamento mais longo de sua gestão,
Bolsonaro rebateu as críticas e acusou Moro de "só pensar no próprio ego e
não se importar com o bem dos brasileiros e do país". Ele negou
que tenha pedido proteção a seus familiares e disse que não deseja interferir
em investigações em andamento.
Bolsonaro, porém, acusou a PF de se preocupar mais
em investigar a morte da vereadora Marielle Franco, há dois anos, do que a
facada que levou na campanha de 2018. "A PF de Sergio Moro se preocupou
mais com quem matou Marielle (Franco, ex-vereadora do Rio) do que com quem
tentou matar seu chefe supremo. Cobrei muito deles isso daí, não
interferi".
O presidente ainda acusou Moro de ser favorável à
saída de Valeixo no final do ano caso fosse antes indicado a uma vaga no STF (Supremo Tribunal
Federal). Pela manhã e no início da noite, Moro negou que tenha feito a
negociação. Nunca foi "moeda de troca", afirmou.
A saída do diretor-geral da PF é alvo de disputa de versões.
Segundo Moro, Valeixo não pediu demissão da chefia da PF: "Vi que a
Secretaria de Comunicação afirmou que houve exoneração a pedido, mas isso de
fato não é verdadeiro. Bolsonaro justifica que, desde o começo de janeiro,
Valeixo estava cansado e queria sair.
"Se eu posso trocar o ministro, por que não
posso trocar o diretor da PF? Eu não tenho que pedir autorização a ninguém para
trocar o diretor ou qualquer um outro que esteja na pirâmide hierárquica do
poder Executivo", afirmou.
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Fonte/Foto:
Clarice Cardoso, do UOL, em São Paulo
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