MUNICÍPIO DE JURUTI-PA É PROCESSADO POR DECIDIR NÃO ENTREGAR MERENDA A ESTUDANTES CUJOS PAIS TENHAM EMPREGO
Juruti, no oeste do Pará |
Na ação, o MPF pede à Justiça Federal em Santarém uma decisão
urgente para obrigar a Prefeitura a distribuir o kit de alimentação a todos os
alunos da rede pública, sem discriminação
O município de Juruti, no oeste do Pará, está sendo processado
pelo Ministério Público Federal (MPF) por decidir não entregar merenda aos
estudantes cujos pais estejam empregados. A ação foi ajuizada na terça-feira (28).
Segundo o MPF, impedir o acesso de alunos à alimentação escolar vai contra os
princípios constitucionais da administração pública e viola direitos
fundamentais das famílias.
Em um vídeo divulgado nas redes sociais, o secretário de Educação
de Juruti, Jonas Morais fala que os kits de alimentação não serão entregues a
todos os estudantes porque a quantidade é insuficiente.
Na ação, o MPF pede à Justiça Federal em Santarém uma decisão
urgente para obrigar a Prefeitura de Juruti a distribuir o kit de alimentação a
todos os alunos da rede pública da educação básica, sem discriminação entre os
destinatários. Caso não seja possível, de imediato a distribuição para todos, o
MPF pede que a Justiça ordene a apresentação, pela prefeitura, de um cronograma
de distribuição. O cronograma deve ser apresentado em prazo dois dias, e nele
devem constar critérios objetivos e fundamentados sobre prioridades na
distribuição.
“Admitir que haja discriminação totalmente subjetiva do Poder
Público acerca de quem deverá ou não receber a alimentação paga com recursos
destinados especificamente para garantir a alimentação escolar é permitir a
violação de direitos humanos, possibilitando, inclusive, eventual
responsabilidade do Estado brasileiro no plano internacional”, destaca a ação.
O aviso de que a merenda não seria entregue a todos os alunos
ocorreu no dia 20 de abril. Em um vídeo publicado nas redes sociais da
Prefeitura, o secretário de educação, Jonas Morais, ao anunciar a distribuição
de merenda escolar para os alunos da rede pública, informa "nós temos hoje
no município de Juruti uma quantia de 14 mil alunos, mas nem todos os alunos
serão contemplados, porque alguns os pais trabalham, são assalariados e
tudo". A declaração levou diversos moradores de Juruti a denunciar o caso
ao MPF.
Ao analisar o decreto municipal de Juruti que trata da
distribuição de alimentos comprados com recursos do Programa Nacional de
Alimentação de Alimentação Escolar (Pnae), o MPF concluiu que o documento não
prevê a possibilidade de discriminar quem serão os beneficiários ou não da
política social. O decreto apenas abre a possibilidade de que a família ou
responsável que entenda não ser necessário o recebimento de alimentos, assine
um termo de declaração.
O MPF pede à Justiça que aplique multa à Prefeitura, caso o
município continue adotando atos discriminatórios na distribuição de gêneros
alimentícios adquiridos com recursos do Pnae durante a pandemia de Covid-19.
Fonte/Foto: Tracy Costa, G1 Santarém — PA/Frank
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