ARTIGO | O MUNDO SE CURVA AO INVISÍVEL
“A ‘gripezinha’ virou pandemia”
*Mário Henrique Guerreiro
O que aos olhos nus de alguns irresponsáveis,
resumia-se a simples “resfriadinho” ou mesmo uma “gripezinha”, o Corona, ser
invisível, fez o mundo esquecer do seu potencial bélico, das suas impetuosas
bases militares, e em poucos meses curvou-se ao toque de recolher ditado pelo
invisível, que, sem emitir um disparo, ou lançar um míssil, enquartelou a
humanidade.
Fez brotar um sentimento de insegurança, de
impotência científica, e, principalmente quão frágil é o sistema de saúde
mundial. Que o investimento em preservação da vida é insignificante perante ao
que promove a guerra e a morte.
A “gripezinha” virou pandemia. Mas, mesmo
diante a tantas mortes, ainda vemos autoridades somente preocupados em salvar a
economia de seus países, de seus Estados, ou até de seus municípios, mesmo que
no futuro ninguém sobrevivesse para aquecer a economia.
Travam-se embates internos, discutem-se a
eficácia do isolamento social, vão na contramão das orientações mundiais de
saúde, sem o menor conhecimento técnico, e nas entrelinhas escrevem um capítulo
sombrio, desumano e arrogante na história.
Mas o invisível não perdoa, adentra sem
licença e se prolifera de forma impetuosa nas comunidades. Não precisamos ouvir
presidente ou ministro, temos que ouvir nossas consciências, e ter a
responsabilidade social de #FICAREMCASA.
O invisível. E precisava ele vir, para mostrar
nossas fragilidades no sistema de saúde? Precisava ele vir para despertar tanta
“solidariedade” social? Precisava ele vir para que o governo federal olhasse o
tamanho das mazelas do povo brasileiro? Sem comida, sem teto, sem renda, sem
saúde. E sem dignidade humana.
Esses problemas permeiam o povo brasileiro há
décadas, e não será uma pandemia que resolverá, muito menos auxílio
emergencial.
Somente mudanças estruturais profundas nas
políticas públicas sociais, com efeito inclusivo e distribuição de renda e
geração de renda serão capazes de formatar uma nova sociedade partícipe dos
seus direitos sociais.
O Corona vai passar, a vida voltará ao
“normal”, o auxílio emergencial não terá mais, as solidariedades desaparecerão,
a economia seguirá seu curso natural dos lucros. Enfim. Alguma lição deverá ser
aprendida nesta pandemia.
Esperamos.
* Mário Henrique Guerreiro é professor e
geólogo. Ex-prefeito de Óbidos (PA).
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