ARQUIPÉLAGO DO MARAJÓ | O CÍRCULO VICIOSO QUE PERPETUA A MISÉRIA



No arquipélago do Marajó, lugar belíssimo que poderia gerar emprego e renda através do turismo ecológico e da produção à qual é vocacionado, estão os municípios com menor IDH - Índice de Desenvolvimento Humano do Pará e do Brasil. Não à toa, lá tudo é mais caro e mais demorado, por causa do isolamento secular. Sem energia elétrica, nem água potável apesar da baía, dos rios, lagos e igarapés, sem negócios e muito menos empregos, muitos municípios não têm agência, posto bancário, sequer lotérica ou caixa eletrônico. A população é obrigada a ir a cidades vizinhas pagar contas, receber pensões, aposentadorias e benefícios sociais como o Bolsa Família e a Tarifa Social de Energia Elétrica. Parte dos beneficiários não sabe ler e nem escrever, o que torna tudo ainda mais difícil.
A situação de miséria é tal que muitas famílias estão fora do Cadastro Único porque tentam acesso mas não são entrevistadas ou por desconhecimento da existência desses e outros programas sociais. É um círculo vicioso: o Cadastro Único é o instrumento para identificar, selecionar e incluir famílias extremamente pobres. 
Em Muaná, por exemplo, quem quiser receber algum benefício tem que viajar para Belém ou Abaetetuba. A realidade na região amazônica é que chove muito, principalmente de dezembro a maio. O povo é obrigado a ficar horas seguidas em filas sob a chuva ou o sol escaldante, e muitas vezes quando quando chega a vez do pobre, não tem mais dinheiro na lotérica. É sofrimento demais e ninguém parece se dar conta disso. O Ministério Público poderia acionar o Banco Central e obrigar as instituições bancárias a manter em todos os municípios pelo menos um posto, caixa eletrônico ou agente credenciado. Na foto, rua de Curralinho, que se reveza com Melgaço no triste ranking de menor IDH do País.

Fonte/Foto: Franssinete Florenzano, em uruatapera.blogspot.com.br



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