ARTIGO – O MAIS FAMOSO ROUBO A PLENA LUZ DO DIA
- Por Oswaldo Bezerra
Os impostos sobre a renda entraram em vigor quando surgiram
os Bancos Centrais. Nos EUA, o imposto de renda entrou em vigor em 1913, no
mesmo ano da criação do seu banco central, a reserva federal. Naquela época, o
país dependia quase exclusivamente dos ingressos das tarifas federais.
Para essa dependência, o governo buscou substituto para obter
ingressos. As tarifas estavam causando tensões entre as regiões norte e sul do
país. Tensões estas que criaram até a Guerra da Secessão nos EUA. Foi assim que
foi determinada a criação do imposto sobre a renda. Imposto esse que foi
adotado no Brasil só em 1922.
O imposto de renda nos EUA disparou durante a Primeira Guerra
Mundial. Contudo, a maioria dos norte-americanos não o pagavam. Continuaram
assim até a Segunda Guerra Mundial. O Act 1942 impôs obrigatoriedade a todos
estadunidenses a pagar imposto de renda. No Brasil ainda há um jeitinho para
fugir do imposto de renda.
Integrantes da elite do funcionalismo público formada por
membros do Judiciário, do Ministério Público e dos tribunais de contas, além
dos políticos têm quase um terço de sua renda isenta do Imposto de Renda. Isso
ocorre por causa do recebimento de auxílio-moradia e de uma série de outros
“penduricalhos”, como a ajuda de custo, criados pela própria cúpula desses
poderes para escapar do teto salarial e da tributação de IRPF. Se fossem
tributadas, essas parcelas normalmente pagariam alíquota de 27,5%.
Hoje vivemos em um mundo com muitos impostos. Um dos impostos
mais notórios do mundo está relacionado a desvalorização da moeda e a inflação.
São os famosos impostos sem legislação. Já existiu algo também bem absurdo. O
termo “roubo em plena luz do dia” teve suas origens na Inglaterra. Foi um
imposto criado no Reino Unido para taxar as janelas. Este imposto se estendeu a
Europa. As pessoas precisavam pagar para poder ter janelas em suas casas. Esta
taxação durou 155 anos no Reino Unido. Depois de um século e meio, o parlamento
resolveu discutir se era uma boa medida ou não. Alguém bateu na mesa e disse:
isso é um roubo a luz do dia.
Esta frase foi feita porque muita gente, os ingleses pobres,
tampavam suas janelas e viviam no escuro dentro de suas casas. Muito pobres
passaram a iluminar suas casas durante o dia com velas de sebo. Assim lhes foi
roubada a luz do dia. Foi um horroroso sacrifício que trouxe aumento do número
de doenças.
Seria possível existir algo parecido nos dias de hoje? Na
avenida Antônio Sales em Fortaleza-CE, ao passar de carro você observava uma
bonita competição artística das placas de lojas. Era uma mais bonita do que a
outra. A prefeitura resolveu taxar as placas por centímetro quadrado.
Resultado, as lojas retiraram suas placas. Hoje as lojas sem placas criam
imensa dificuldade para os compradores identificarem, até mesmo, o tipo de
comércio pelo qual busca. O imposto foi revogado, mas os comerciantes
ressabiados deixaram suas lojas sem identificação. Sabe-se lá se a amanhã o
imposto não volta de surpresa.
Muitos impostos realmente tem efeitos de que não se pode
prever. E geralmente são em detrimento aos cidadãos. Muitos de nós não sabemos,
porque nosso jornalismo não esclarece, mas a rebelião dos “jalecos amarelos”,
na França, nada mais é do que uma guerra contra o aumento dos impostos sobre a
gasolina. Sorte desses franceses não morarem no Brasil onde 50% do preço da
gasolina é imposto.
Todas as rebeliões da história se vinculam aos impostos. São
contra impostos desiguais ou injustiças econômicas geradas pelo sistema
tributário. A mais destacadas são, por exemplo, a guerra da Secessão nos EUA
que exigia a não “taxação sem representação”. A revolução francesa foi em
resposta a decadência dos campesinos que deveriam pagar impostos para as classes
altas.
São exemplos também as revoluções russas de 1917, a inglesa
do século XVII, e a filipina onde rasgaram seus certificados de impostos. Na
bíblia temos o exemplo dos israelitas fugindo do Egito por causa dos impostos
que os escravizavam. A pior forma de imposto é a escravidão. Esta retira toda a
propriedade sobre o trabalho. O fim do Ministério do Trabalho, e a precarização
da sua fiscalização, foi um importante avanço do governo brasileiro rumo a
volta da escravidão de seus trabalhadores.
Todas as revoluções e guerras no mundo estão ligados de
alguma maneira aos impostos. Os primeiros impostos foram criados pelos
mesopotâmicos. Os impostos são tão velhos como a humanidade. Os primeiros
registros históricos são registros fiscais. Quando os historiadores tentam
entender uma época passada buscam por estes registros. Por estes registros
também podermos entender o futuro, através dos impostos. Que os impostos do
futuro não sejam impostos de roubos a luz do dia.
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