SITUAÇÃO DO SANEAMENTO BÁSICO NO PARÁ É “DEPLORÁVEL”, DIZ DEPUTADO
No estado, apenas 45% da população tem água tratada. A
aprovação do PL 3.261/2019 facilitará a criação de parcerias público-privadas
(PPPs) no setor
O Pará é o segundo estado da região Norte com o pior
desempenho nos serviços de saneamento básico. A rede de água tratada não
alcança sequer metade da população, enquanto a coleta de esgoto abrange apenas
6,29% dos paraenses. Segundo o Instituto Trata Brasil, responsável também pelo
levantamento dos dados, o menor índice para ter um serviço satisfatório é de
70% de atendimento à população. Um dos entraves para alcançar essa realidade é
a falta de investimentos. É exatamente sobre essa questão que versa o Projeto
de Lei (3.261/2019), prevendo, entre outras mudanças, o aumento da concorrência
e do capital privado no setor.
A inclusão da iniciativa privada será possível com a
realização de licitações para a efetivação dos contratos de serviço. Com a
extinção dos contratos de programa, fica obrigado que o trâmite seja feito por
meio de livre concorrência. A aprovação do PL 3.261/2019 vai facilitar a
criação de parcerias público-privadas (PPPs), como forma de atrair
investimentos ao setor. No diagnóstico do deputado federal pelo Pará Eduardo
Costa (PTB), a situação do estado é “deplorável”. “Houve muito investimento nos
estados do Sul, Sudeste, Centro-Oeste e pouco nos do Nordeste e do Norte.”
O parlamentar deu um dos 21 votos favoráveis ao PL 3.261, que
segue agora para votação em plenário. "Votei de forma positiva para dar
uma oportunidade ao estado do Pará, a fim de que exista atração de investimento
privado. Condições de modificar essa realidade”, defende, destacando que o
estado não tem dinheiro para investir em saneamento: "Precisamos ter uma
universalização até 2033. E só será possível se tiver investimento privado no
País”, aponta o parlamentar.
Política pública
O PL 3261 de 2019 foi apresentado pelo senador Tasso
Jereissati (PSDB-CE) após a MP 868/2018 perder a validade em junho deste ano. O
PL incorpora boa parte das mudanças previstas na proposta que caducou. A
expectativa é de que, com um novo marco legal do saneamento no país, o governo
economize R$ 600 bilhões em 14 anos, uma vez que esse investimento, necessário
para alcançar a universalização do serviço, poderá vir do setor privado.
De acordo com a Associação Brasileira das Concessionárias
Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto (ABCON), o segmento privado tem
6% de participação no mercado de saneamento, muito abaixo dos 70% detido pelas
companhias estaduais e dos 24% mantidos por companhias municipais de
saneamento. Em contraponto, as empresas privadas respondem por total de 20% dos
investimentos realizados no país.
Saúde afetada
Os números oficiais comprovam que a precariedade no
saneamento tem reflexo na saúde de adultos e crianças brasileiras. De acordo
com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre 2016 e
2017, 1.935 dos 5.570 municípios brasileiros (34,7%) registraram epidemias ou
endemias ligadas à falta de saneamento básico, como casos de diarreia,
leptospirose, cólera, malária e hepatite.
A evolução dos serviços equivale à economia nos cofres públicos.
Estimativa do Instituto Trata Brasil, com base em dados do IBGE, calcula que as
despesas com internações por infecções gastrointestinais no SUS podem cair de
R$ 95 milhões (2015) para R$ 72 milhões em 2035.
Diretor de relações institucionais da entidade, Percy Soares
Neto defende que a solução para o saneamento envolve a coordenação entre
recursos públicos e privados. “O setor de saneamento tem um impacto direto no
cotidiano das pessoas e, ao melhorar o marco regulatório, por meio do que está
exposto (no Projeto de Lei), o País cria condições de atrair mais investimento
para ampliar os serviços de saneamento básico”, argumenta.
Fonte/Foto: Camila Costa, Agência do
Rádio/Agência Brasil
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