CONHEÇA A RASGA-MORTALHA, ESPÉCIE DE CORUJA BRANCA CERCADA DE MITOS NA REGIÃO AMAZÔNICA
A espécie está associada a má sorte na Amazônia, porém essa
simpática corujinha na realidade desempenha um importante papel ecológico.
Confira!
A rasga-mortalha (espécie Tyto furcata) é uma espécie de
coruja da Tytonidae amplamente distribuída pela América do Sul, que pode ser
encontrada em áreas urbanas abertas (cidades), casas velhas, torres, igrejas,
fazendas, pastagens e bosques. Esses animais possuem um tamanho médio de 34,5
centímetros nos machos e de 35,2 para as fêmeas, sendo que a envergadura
(comprimento de uma ponta a outra da asa) varia 75 a 110 centímetros (foto acima).
Com relação a dieta, a rasga-mortalha se alimenta
principalmente de ratos e camundongos (Foto 2), muito devido a resiliência
dessas corujas as áreas antropizadas, o que favorece o forrageamento (procura
por presas) de roedores. Onde há cidades, há pessoas, logo há lixo e consequentemente,
alta abundância de ratinhos. Mas além de roedores, a dieta da rasga-mortalha
pode incluir outros pequenos vertebrados como sapos, lagartos, marsupiais (como
pequenas mucuras) e quirópteros (morcegos) e invertebrados (principalmente
besouros e gafanhotos).
Um fato curioso sobre o comportamento alimentar dessas
corujas é que estas aves possuem o hábito de engolir sua presa inteira, sendo
as partes não digeríveis (como pelos e unhas), compactadas e regurgitadas
diariamente em forma de pelotas (o nome científico é egagrópilas) que ficam
acumuladas no lugar onde esses animais formas abrigo. Com essas pelotas
regurgitadas, é possível fazer uma análise da dieta dessa coruja em seu
ambiente natural, bem como inferir sobre a fauna de pequenos vertebrados de uma
determinada área, uma vez que pedaços de crânios, mandíbulas e dentes podem ser
encontrados e identificados por um especialista. Legal, né?
A rasga-mortalha é um predador tipicamente
crepuscular-noturno, sendo altamente adaptada com uma visão noturna super
eficiente, capaz de localizar suas presas na escuridão, audição apurada capaz
de ouvir mesmo barulhos muito baixos e além disso, essa coruja apresenta penas
muito macias e serrilhadas, que permitem um voo bastante silencioso.
Quando em voo pode emitir uma vocalização muito forte e
característica, parecida com um pano de seda sendo rasgado (daí o nome rasga?),
sendo esse o motivo desse animal ser alvo de mitos, principalmente no norte e
nordeste do Brasil. Acredita-se que quando essa ave passa por cima de alguma
casa soltando a vocalização característica é sinal de que algum morador que
está li por perto vai morrer.
Não preciso nem falar que isso não passa de mito e não há
nenhuma evidência científica que comprove essa “observação”. Ao invés de vermos
esses animais como “aves agourentas” que tal passarmos a enxergar essas corujas
com outros olhos e vê-las como os animais incríveis e que nos trazem sorte por
motivos comprovados. Afinal, ter um aliado desses no controle de pragas urbanas
que podem nos trazer doenças como ratos e morcegos, é ou não é uma sorte e
tanto?
Espero que tenham gostado do texto de hoje! Abraços de sucuri
pra vocês e até ao próximo animal incrível da nossa exuberante Amazônia!
Fonte/Fotos: Luciana Frazão/ Marcia Sidrim e Ravaglia
Nenhum comentário:
Postar um comentário