AMAZÔNIA É DESTAQUE DURANTE DEBATES NO DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA EM ORIXIMINÁ-PA
A programação teve início às 8h30min e até a madrugada do dia
21 de outubro as apresentações culturais ecoaram em Oriximiná
Os moradores dos oito territórios quilombolas do município de
Oriximiná, na região da Calha Norte do Pará, estiveram reunidos durante todo o
dia 20 de novembro, quarta-feira, para celebrar a memória do líder quilombola,
Zumbi dos Palmares. A programação foi realizada no Clipper de Santo Antônio e
contou com palestras voltadas ao conhecimento dos oito territórios quilombolas
de Oriximiná, educação quilombola, ambiental, combate à violência, queimadas na
Amazônia, infância e juventude, agricultura sustentável, conflitos agrários,
empoderamento feminino, exposição de artesanato, venda de artigos da
gastronomia e cultura quilombola, bem como apresentações culturais.
O tema da Consciência Negra desde ano foi “Nós Somos a
Amazônia”, ressaltando a preocupação dos povos quilombolas com as questões
ambientais, tema que é trabalhado diariamente nas escolas e em campanhas
promovidas pela Arqmo e associações dos territórios. “O 20 de novembro é
importante não somente pela luta pelos direitos quilombolas, a titulação das nossas
terras é uma vitória, ainda temos territórios nesta luta, a data vem pela busca
contra o racismo, preconceito e pela preservação ambiental, nossos territórios
são ricos em biodiversidade e por isso eles são invadidos, há a questão das
queimadas e neste dia nós estamos aqui para reivindicar das autoridades os
cuidados com nossos territórios”, declarou Ricardo Almeida, coordenador do
território Erepecuru que possui 12 comunidades.
Dentro das lutas dos povos quilombolas de Oriximiná está o
direito a titulação definitiva, dos oito territórios quilombolas existentes
quase à metade ainda aguardam pela titulação. “Estamos aqui não só para reviver
a história de Zumbi dos Palmares, mas para trazer o histórico das nossas
conquistas, e reivindicar as nossas lutas com foco nos nossos objetivos. O meu
território não é todo titulado, e ele está sobreposto a uma unidade de
Conservação, essa é uma luta não é só da Mãe Domingas mas de todos os
territórios quilombolas, ainda temos quatro território buscando seu título definitivo”,
enfatizou Adrienne Silvério dos Santos, coordenadora do território Alto
Trombetas I, que possui seis comunidades.
Entre palestras e apresentações culturais a programação do
Dia da Consciência Negra seguiu até a madrugada do 21 de novembro, e além das
danças tradicionais dos oito territórios quilombolas de Oriximiná, a festa
também contou com a presença do grupo Dandaras, formados por mulheres de
diferentes faixas etárias que lutam pela valorização da mulher negra, o nome é
uma homenagem à princesa africana que lutou junto a Zumbi pela libertação dos
negros escravizados. “A gente precisa de incentivo para ter mais força, ainda
há muita resistência, essa foi a primeira apresentação, fomos convidadas a dar
palestras para escolas do município e o objetivo do grupo é falar sobre a
história da mulher quilombola para que a gente possa conquistar a nossa
valorização e empoderamento”, frisou Gabriela Almeida, coordenadora de mulheres
da Arqmo.
Segundo a coordenadora da Arqmo, Claudinete Colé, a data do
20 de novembro é uma data para reflexão e valorização dos povos quilombolas a
partir da sua identidade e cultura. “A consciência negra é aquele momento de a
gente comemorar e também fazer uma reflexão desde a época em que os negros
escravizados vieram para o Brasil, de pensar de onde eu vim? Como foi pra eu
chegar aqui neste quilombo? Há toda uma trajetória de luta do povo quilombola e
neste dia da morte de Zumbi a gente reuniu 37 comunidades quilombolas na sede
do município para mostrar para a população quem são os povos quilombolas, qual
a nossa cultura, o que nós fazemos dentro das nossas comunidades quilombolas”,
finalizou.
As ações realizadas pela Associação das Comunidades
Remanescentes de Quilombos do Município de Oriximiná (Arqmo) e associações quilombolas
dos territórios, contam com o apoio da Equipe de Conservação da Amazônia –
Ecam, por meio do Eixo Quilombolas desenvolvido no Programa Territórios
Sustentáveis e tem por objetivo contribuir com o fortalecimento institucional
das associações de modo a promover o empoderamento dos povos quilombolas.
Fonte/Fotos: Martha Costa, Assessora de
Comunicação da ECAM
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