FUTEBOL | CHILE MANTÉM FINAL DA LIBERTADORES NO PAÍS
A ministra do Esporte do Chile, Cecilia Pérez,
afirmou nesta quarta-feira (30) que a final da Copa Libertadores de 2019 está
mantida em Santiago. Pelo menos até agora, o jogo entre Flamengo e River Plate
(ARG) acontecerá no dia 23 de novembro, no estádio Nacional.
A entrevista de Pérez foi convocada após o governo
chileno ter anunciado, também nesta quarta, que o país não irá mais realizar
dois importantes eventos da diplomacia mundial.
Foram cancelados o fórum da Apec (Cooperação
Econômica Ásia-Pacífico), ainda em novembro e que teria a presença do
presidente dos EUA, Donald Trump, e a Conferência das Nações Unidas sobre as
mudanças climáticas de 2019 (COP-25), já no mês de dezembro.
As desistências puseram em dúvida a possibilidade
de o país garantir a segurança da decisão do torneio continental, que reunirá
em Santiago os clubes com a maior torcida do Brasil e a segunda maior da
Argentina.
Protestos contra a desigualdade social tomaram as
ruas do país há quase duas semanas, em movimentos que começaram a partir do
aumento da passagem de metrô e abarcaram outras questões nos dias seguintes.
Mais de 1 milhão de chilenos marcharam
pacificamente contra a desigualdade na última sexta-feira (25), na maior
manifestação desde o retorno do país à democracia, em 1990.
"Após reunião com o presidente do Comitê
Olímpico [do Chile] e com o presidente [Alejandro] Domínguez [da Conmebol],
ratifiquei nossa firme vontade e compromisso de realizar esta final no
Chile", disse a ministra.
A Conmebol se manifestou logo em seguida, pelas
redes sociais. "Agradecemos o compromisso do governo do Chile para
garantir as condições de segurança para a celebração da final única da
Libertadores 2019. A final é a celebração do futebol com e para o público
chileno. Seguimos avançando."
Apesar do tom adotado oficialmente pela
confederação sul-americana, a afirmação de Cecília Pérez não foi suficiente
para tranquilizar inteiramente os dirigentes da entidade, que ainda consideram
possível o agravamento dos protestos nos dias anteriores à final da
Libertadores.
Há uma semana, Domínguez começou a se movimentar
para avaliar o impacto de realizar a partida em outro país. A possibilidade
mais forte era levar o jogo para Assunção, no estádio General Pablo Rojas, do
Cerro Porteño (PAR).
A Conmebol encontrou forte oposição dos
patrocinadores do torneio. Eles reclamaram que já haviam investido em ações de
marketing e viagens para que seus convidados fossem a Santiago.
A Qatar Airways, patrocinadora que pagou todas as
contas da transferência da decisão para a Espanha em 2018, mostrou
descontentamento com a saída do jogo do Chile.
Para as empresas, a confederação não poderia
permitir pelo terceiro ano consecutivo que uma decisão de um torneio da América
do Sul passasse uma imagem ruim.
Em 2017, a final da Copa Sul-Americana, entre
Flamengo e Independiente (ARG), acabou marcada por atos de violência e invasão
de torcedores ao Maracanã. O ônibus que levava a equipe argentina ao estádio
foi apedrejado.
A decisão da Libertadores de 2018, envolvendo os
argentinos Boca Juniors e River Plate, foi levada para Madri, na Espanha, após
o apedrejamento do ônibus dos jogadores do Boca que chegavam ao estádio
Monumental de Nuñez para o confronto decisivo.
A partida de ida, em La Bombonera, já havia sido
adiada por um dia após uma forte chuva em Buenos Aires ter castigado o gramado
do estádio.
Para este ano, a Conmebol passou a apostar na
decisão em jogo único e estádio pré-determinado como forma de diminuir os
riscos de conflito entre torcedores. No ano que vem, a final será no Maracanã.
"Nós teremos controle de tudo que envolve o
evento. Segurança, venda de ingressos, organização", disse Alejandro
Domínguez à Folha em maio do ano passado, quando a mudança já havia sido
definida para 2019.
Desta vez, foi um conflito sem relação com o
futebol que pressionou a entidade. Também neste mês, protestos violentos contra
o governo equatoriano nas ruas de Quito afetaram a realização de jogos da
Libertadores feminina. A Conmebol decidiu não tirar o evento do país.
Em reunião com políticos chilenos nos últimos dias,
Domínguez e outros dirigentes da confederação pediram que o governo fosse a
público garantir que o jogo aconteceria em Santiago e assim tirasse um pouco a
pressão dos ombros da cartolagem, o que ocorreu nesta quarta.
Fonte/Foto: Folhapress/
Diego Haliasz - Prensa River
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