CULINÁRIA | NO CAFÉ OU NO LANCHE, X-CABOQUINHO É A AUTÊNTICA MISTURA DE SABORES MANAUARAS



Personalidades de Manaus revelam como preferem o sanduíche. Iguaria ganha composição de Nicolas Junior e endocrinologista analisa característica nutricionais do mais novo patrimônio cultural da cidade
Um ditado popular entre os manauaras afirma que "quem come jaraqui não sai mais daqui". Fato é que quem prova um x-caboquinho também fica com Manaus para sempre na memória. Reconhecido pela Câmara Municipal de Manaus (CMM) e Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) como Patrimônio Cultural de natureza material e imaterial da cidade, o sanduíche de tucumã, queijo coalho e banana frita é item obrigatório em cafés regionais e facilmente encontrado em banquinhas de lanche espalhadas pela cidade.
O preço do x-caboquinho varia entre R$ 5 a R$ 10 em bancas populares. Em estabelecimentos de café regionais o preço pode chegar a R$ 25. A iguaria pode ser consumida a qualquer hora do dia e alguns até preferem acrescentar manteiga, ovo frito ou carne moída. Consultamos algumas personalidades de Manaus para saber sobre a preferência na hora de degustar o sanduíche regional.
Nas composições do músico Nicolas Junior estão registradas as peculiaridades do Amazonas. Na canção "Manaus", por exemplo, a cidade é retratada como a "morena despida pro rio". Sobre o x-caboquinho, o músico conta que prefere de modo tradicional e sem ovo frito. Segundo ele, prefere comer nas banquinhas de café da manhã instaladas no Centro da cidade.
"Eu gosto com o tucumã, queijo coalho e a manteiga. E com a banana fica muito bom. E detalhe, as pessoas comem o x-caboquinho com café e leite. Eu gosto com suco de maracujá. Sabe aqueles sucos do Centro? Aquele ralinho mesmo. Ele tem um negócio especial. Me amarro! O x-caboquinho merece até uma música”, declarou Nicolas Junior, que compôs a canção, chamada “A receita do X”, em homenagem ao sanduíche, após o primeiro contato da equipe de reportagem.
Assumidamente “caboquinha da terra”. Assim se define a apresentadora da TV A Crítica, Nathalia Nascimento. Ela também é apreciadora da iguaria tipicamente manauara e confessa que durante as viagens gosta de perguntar às pessoas se já provaram a iguaria. Ela contou que gosta muito do x-caboquinho comercializado em uma banca localizada na Feira da Panair, no bairro Educandos, Zona Sul de Manaus.
“Eu acho muito bacana conseguir levar essa cultura para outros lugares porque é a nossa cultura. E eu amo de paixão x-caboquinho, de manhã não dispenso. Um pãozinho, com tucumã e queijo coalho e às vezes troco o coalho pelo tipo mussarela para vir mais derretido. Eu não gosto muito de colocar a banana”, disse Nascimento. “A Amazônia é muito rica de culinária”, complementou.
Embora a preparação para competições de luta seja intensa, a lutadora de MMA, Anne Veriato, confessa que gosta do x-caboquinho do modo tradicional, com café com leite, tanto no café da manhã como no lanche da tarde. Em razão da dieta que faz por conta das competições, ela corta os carboidratos pela metade, mas não deixa de degustar o sanduíche. Moradora do bairro Cidade Nova, Zona Norte de Manaus, é nas banquinhas que prefere apreciar o mais novo patrimônio da cidade.
“No caminho da academia que dou aula sempre tem uma banquinha que vende o x-caboquinho. Durante a dieta eu corto os carboidratos e o sal por causa do sódio, mas o x-caboquinho eu não deixo de comer, só não o como inteiro (risos). Eu gosto bastante”, declarou a primeira mulher trans no MMA Brasileiro.
Por ser um prato tradicional em Manaus é raro encontrar o x-caboquinho fora da capital Amazonense. Em Brasília (DF), por questões do trabalho no Senado Federal, o senador da república Plínio Valério declarou que no café regional dele não pode faltar o café com leite, a farofa de ovo ou jabá. O senador aprecia o x-caboquinho, mas, também prefere só com o tucumã.
Sobre a iniciativa de tornar o sanduíche caboclo em Patrimônio Cultural, o político amazonense disse que foi “uma boa ideia, porque só existe mesmo em Manaus”. Opinião igual tem o músico Nicolas Junior. “É nosso! É uma coisa única! Só tem aqui! Eu acho que está na hora já de olhar com carinho maior para nossas coisas. A gente tem tanta coisa boa, bonita e interessante que o mundo precisa conhecer. Amazônia é um nome muito forte”, frisou.
Saúde
O médico endocrinologista Mário Quadros explica que o x-caboquinho possui componentes suficientes para alimentar um adulto de, aproximadamente, 70 quilos. Segundo o médico, o sanduíche é bastante nutritivo, uma vez que a receita leva o carboidrato presente no pão, a proteína oriunda do queijo coalho do tipo pasteurizado e, também, a gordura não saturada do tucumã.
“O cuidado é não repetir. O ideal é comer o sanduíche com um pão de 50 gramas, com 50 gramas de queijo coalho do tipo pasteurizado – o artesanal pode conter algum tipo de contaminação – e usar 30 gramas de tucumã. Só esses componentes vão conter em torno de 300 calorias. E se acrescentar a banana frita, que muita gente coloca, aumenta mais 200 calorias do nosso x-caboquinho, aí ele pode virar um x-cabocão”, pontuou Mário Quadros.
O especialista ressalta que o protagonista do x-caboquinho, no caso o Tucumã, é rico em vitamina A, benéfica para pele, olhos, ações antioxidantes e coibi infecções. “O tucumã tem cerca de 300 miligramas de vitamina A”, frisou.
Ele aproveitou ainda para dizer como prefere o sanduíche que, geralmente, pede pelo celular por meio dos aplicativos de entrega de comida. "Quando não peço pelos aplicativos vou à feira com minha esposa tomar um bom café da manhã. Eu gosto do x-caboquinho bem regionalizado, com as variações de queijo. Também gosto muito da tapioca com manteiga e tucumã. Eu consumo muito isso. Faz parte de mim, como bom amazonense que sou. Sou filho de amazonense e neto de amazonense. Minha herança é amazonense”, declarou Mario Quadros.

Fonte/Foto-Arte: A Crítica, Manaus/Euzivaldo Queiroz – Gabriel Veras

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