PROFESSOR DA UFOPA REALIZA PESQUISA COM BIOFILTRO DE CAULIM
Apesar
de viverem no município de Santarém, cercadas pelo rio e onde há a maior bacia
de água doce do planeta, as comunidades rurais desta região não contam com
sistema de saneamento adequado nem têm acesso à água de qualidade, em alguns
casos, precisando consumir diretamente do rio, que contém sedimentos e dejetos
lançados por embarcações e fossas rudimentares.
Com
o propósito de contribuir para melhorar a qualidade da água e consequentemente
da saúde destas populações, desde 2014 o professor doutor em Física Manoel
Roberval Pimentel Santos, do Instituto de Engenharia e Geociências (IEG) da
Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), pesquisa o potencial do caulim
como matéria-prima para a produção de zeólita, material com estrutura
cristalina capaz de reter e filtrar determinados elementos. Ela funciona como
uma peneira molecular e é utilizada industrialmente na composição de
detergentes com a função de remover moléculas de gordura.
Santos
coordena a pesquisa junto ao estudante de mestrado Ernelison Angly da Silva
Santos, bolsista da Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior (Capes), vinculada ao Ministério da Educação. A proposta é desenvolver
um biofiltro de baixo custo e sustentável, produzido a partir do caulim, argila
popularmente conhecida no Pará como "Tabatinga". “Optamos pelo caulim
por ser muito presente em nossa região, o que facilita a implantação da
tecnologia pela disponibilidade desta matéria-prima”, declara o pesquisador.
Cooperação
- Além do material disponível em Santarém, o pesquisador conta com a
colaboração da Imerys, mineradora que opera a maior planta de beneficiamento de
caulim do mundo no Pará, que enviou
amostras do caulim utilizado em sua planta de Barcarena para Santos
realizar testes de sínteses de zeólitas e comparar o grau de filtragem com os
já testados na UFOPA. "É uma oportunidade para cooperarmos com o
desenvolvimento de pesquisas que fomentem a saúde e economia das comunidades
ribeirinhas de nossa região. Enviamos amostras de caulim de nossa planta
industrial para a UFOPA, para que verifiquem a utilização deste minério de
melhor teor e deixamos nossas instalações industriais à disposição da
pesquisa", declara Paulo Serpa, diretor de Relações Institucionais da
América do Sul da Imerys.
Os
pesquisadores já desenvolveram o protótipo do biofiltro, que é feito em PVC com
três camadas de materiais filtrantes: areia, zeólita obtida do caulim e o
carvão ativado. Após a filtragem, a água será submetida a análises
físico-químicas para verificar se houve retenção de matéria orgânica,
alterações na acidez, turbidez e odor. Também será verificada se as pastilhas
de zeólita são capazes de eliminar coliformes fecais e bactérias. Testes com
água de esgoto pré-tratada, realizados pela estudante da UFOPA, Tatiane Costa,
já mostraram bons resultados na coloração e em alguns parâmetros
físico-químicos. A análise de potabilidade se baseia na Portaria nº 2914/2011
do Ministério da Saúde e na Resolução nº 357/2005 do Conselho Nacional do Meio
Ambiente (Conama).
Próximos passos - Na próxima fase da pesquisa, também está previsto o processo de
transformação em escala da zeólita em pastilhas porosas, produzidas a partir da
conformação e queima para adquirir resistência mecânica e ser utilizado no
biofiltro. “Se atestarmos que o caulim industrial tem mais qualidade, vamos
avançar na pesquisa, testando como reaproveitar o rejeito deste minério, do
qual também pode ser obtida a zeólita e poderá ampliar as oportunidades de
implantação em escala da tecnologia com baixo custo junto às comunidades que
demandam água de qualidade para consumo em nossa região”, relata o pesquisador
da UFOPA.
Fonte/Fotos: Fabiana Gomes
Analista
de Comunicação | Communication Analyst | Temple Comunicação
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