VALE A PENA LER DE NOVO: O AZULÃO E OS TICO-TICOS (CATULLO DA PAIXÃO CEARENSE)
Do
começo ao fim do dia,
um
belo azulão cantava,
e
o pomar que atento ouvia
os
seus trilos de harmonia
cada
vez mais se enflorava.
Se
um tico-tico e outros bobos
vaiavam
sua canção,
mais
doce ainda se ouvia
a
flauta desse azulão.
Um
papagaio, surpreso
de
ver o grande desprezo
do
azulão, que os desprezava,
um
dia em que ele cantava
e
um bando de tico-ticos
numa
algazarra o vaiava,
lhe
perguntou: " Azulão,
olha,
diz-me a razão
por
que, quando estás cantando
e
recebes uma vaia
desses
garotos joviais,
tu
continuas gorgeando,
e
cada vez cantas mais?!"
Numas
volatas sonoras,
o
azulão lhe respondeu:
"meu
amigo, eu prezo muito
esta
garganta sublime,
este
dom que Deus me deu!
Quando
há pouco, eu descantava,
pensando
não ser ouvido
nestes
matos, por ninguém,
um
sabiá que me escutava,
num
capoeirão, escondido,
gritou
de lá: "meu colega,
bravo!....Bravo!...Muito
bem!"
Queira
agora me dizer: -
quem
foi um dia aplaudido
por
um dos mestres do canto,
um
dos cantores mais ricos
que
caso pode fazer
das
vaias dos tico-ticos?!"
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