ESPECIAL | SAIBA COMO INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL PODE AJUDAR OS SERES HUMANOS
Conheça exemplos onde a
I.A. é utilizada, trazendo vantagens para a vida das pessoas
A inteligência Artificial
(I.A.) pode ser um assunto distante e pouco conhecido para algumas
pessoas, mas a realidade é que ela está muito mais próxima do que muita gente
acredita. Por meio da Inteligência Artificial é possível combater à violência
contra a mulher; auxiliar advogados, escritórios e departamentos jurídicos com
análise de documentos e monitoramento de alterações na legislação; ajudar os
clientes com questões financeiras; fazer com que agricultores tenham uma melhor
produtividade; auxilia os idosos a terem uma melhor qualidade de vida, entre
milhares de outras coisas.
Recentemente, pesquisadores
da Universidade Técnica de Dortmund, na Alemanha, criaram um sistema baseado em
estatísticas e análise de dados, que indica as probabilidades de um país ganhar
a Copa do Mundo de Futebol feminino. Nele, quem tem mais chances de levar a
taça seria os Estados Unidos, com 28,1%. Já o Brasil, ficaria em sétimo lugar.
Essa estimativa é feita com base nos resultados dos últimos oito anos, sendo
que os jogos mais recentes pesam mais nesta conta; nos dados de 18 casas de
aposta; e no cruzamento destas duas estimativas com outros dados da FIFA.
Mas antes de citar alguns
exemplos, vamos entender o que é a Inteligência Artificial. O professor da USP,
Alexandre Chiavegatto Filho, explica que é a capacidade das máquinas tomarem
decisões inteligentes. Segundo ele, a área que domina a Inteligência Artificial
é a Machine Learning, ou seja, aprendizado de máquina.
“É uma área nova,
empolgante e um pouquinho assustadora. As pessoas ouviam falar por alto, né?
Tinha um robô aqui, um filme ali. A inteligência não precisa ter aquele
robozinho... o algoritmo aprende sozinho. São máquinas aprendendo as regras
sozinhas. Existem várias empresas e várias pesquisas melhorando o trânsito nas
cidades. Usam o machine learning para melhorar o trânsito nas grandes cidades;
desenvolvimento de tecnologias verdes. Aqui no nosso laboratório a gente usa
para melhorar a situação de saúde do Brasil. A gente vai usar a machine
learning para o bem. Vamos fazer muita coisa positiva para o avanço da
humanidade com a machine learning”, explica Filho.
Um outro exemplo bem
bacana em que se usa o Machine Learning é o projeto Glória, que é uma
plataforma de transformação social, que usa a inteligência artificial para
combater à violência contra a mulher. De acordo com a idealizadora do projeto,
que é uma professora da UnB, Cristina Castro-Lucas de Souza, a robô Glória tem
um aprendizado contínuo, a partir de um conjunto de algoritmos, capazes de
evoluir com interações em linguagem natural com o usuário. Com isto, a robô vai
entender os fatos abordados e identificará soluções para a quebra do ciclo de
violência contra mulheres e meninas. Ou seja, cada pessoa que conversar com a
robô, vai estar ensinando algo novo para ela.
“Eu consigo entender e
cruzar dados, por exemplo, de uma delegacia, de um hospital público e o
discurso da própria vítima e, com isso, eu começo a entender a narrativa
completa do dado, eu começo trabalhar com georeferenciamento, a gente começa a
entender aonde acontecem as violências e que ações, que políticas públicas
podem ser criadas e podem ser tomadas a partir de dados constatados. Então, a
Glória vem apresentar relatórios, mapas de calor, para a partir disso, outras
ações possam ser feitas”, conta Cristina.
Vale destacar que segundo
o levantamento Relógios da Violência, desenvolvido pelo Instituto Maria da
Penha, uma mulher é vítima de violência física ou verbal a cada dois segundos
no Brasil e a maior parte dos casos é reincidência. Por isto, Cristina
Castro-Lucas de Souza conta que os relatórios poderão auxiliar o poder público na
formação de políticas, projetos e ações para combater a violência contra a
mulher.
“A Glória, na verdade, vai
ser a fala de pessoas que não tem fala, mas de uma maneira estruturada,
mostrando onde é preciso focar mais energia e força para diminuir a violência
contra mulheres”, afirma.
Segundo o especialista em
direito digital, Frank Ned Santa Cruz de Oliveira, outro segmento que já está
sedo beneficiado com a Inteligência Artificial é área da saúde.
“Já existe hoje algoritmos
- que os idosos usam no braço - que monitora o deslocamento desses idosos
dentro da casa, a pressão arterial, batimento cardíaco; e esse algoritmo,
quando percebe alguma variação, automaticamente aciona uma central de
emergência que desloca uma equipe médica até a casa do idoso para poder dar o
atendimento”, ressalta.
O fundador e gerente geral
da Sentimonitor, Hugo Pinto, conta que já existem uma série de robôs que
auxiliam os médicos a detectarem um quadro depressivo, dependendo do tom da voz
da pessoa; e, com o auxílio de câmeras, detectam se um idoso caiu e se
machucou.
“Com a Inteligência
Artificial a gente consegue combinar mais conhecimentos do que qualquer médico
na face da Terra é capaz de ter, né? Então a gente pode treinar um sistema com
literalmente milhões e milhões de laudos pré-interpretados, de décadas, e
acumular todo este conhecimento em um novo sistema que sozinho vai ser capaz de
interpretar melhor que qualquer médico vivo. Tem uma série de robôs que ajudam
a lembrar do remédio, conversa com a pessoa. Dependendo do tom da voz e do
tema, indica se está desenvolvendo um quadro depressivo; câmeras, ligadas a
sistemas inteligentes, que detectam aí, avisam automaticamente, se a pessoa
cair, tiver um acidente”, comenta Pinto.
Já o professor da Escola
Superior de Engenharia e Gestão (ESEG), Luiz Durao, conta que os algoritmos são
capazes de detectar doenças, como o câncer, por meio de imagens.
“Eles rodam algoritmos em
cima de tomografias, mamografias, para identificar a probabilidade daquela
tomografia conter um positivo para carcinoma. Na verdade, é uma tecnologia que
veio para garantir que mais vidas possam ser salvas. Então a gente sabe que,
especialmente no Brasil, onde a gente tem um sistema básico de saúde que no
papel é sensacional, mas na prática não funciona tão bem, um algoritmo que seja
capaz de identificar doenças é algo sensacional para a gente poder priorizar os
casos em que, efetivamente, a gente tem
uma maior probabilidade de ser um câncer ou de ser um outro tipo de doença
associada a estas imagens”, diz Durao.
Existem também ferramentas
que ajudam a aumentar a produtividade e agilizar processos na área do Direito.
A tecnologia auxilia advogados, escritórios e departamentos jurídicos com
análise de documentos, facilita a busca de jurisprudência, monitora alterações
na legislação, entre outras vantagens. Segundo o cofundador da plataforma
Previdenciarista, Renan Oliveira, até a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB),
que é uma instituição mais conservadora, já está usando a Inteligência
Artificial.
“Agora mesmo, há pouco
tempo, o Conselho Federal da OAB, em parceria com uma empresa privada, lançou
uma busca de jurisprudência baseada em inteligência artificial, que a cada
pesquisa que o advogado faz, vai aprendendo com esta pesquisa e vai melhorando
o resultado dela. Então, a própria OAB já está avançando nesse assunto e
tentando achar soluções que facilitem a vida do advogado. E a Inteligência
Artificial vem muito neste sentido, em otimizar tempo”, relata Oliveira.
As instituições
financeiras também não poderiam ficar fora dessa. De acordo com o Diretor de
Arquitetura de Soluções para a América Latina da Orange Business Services,
Leandro Laporta, por meio da inteligência artificial, usuários de um banco, por
exemplo, podem ser contatado por robôs, responsáveis, muitas vezes, pelo
primeiro contato. Ou seja, os chatbots fazem uma interação rápida com os
clientes e solucionam pequenas demandas de atendimentos, que antes eram
realizadas por humanos. Um exemplo disso é quando uma pessoa que entra no
aplicativo de um banco, paga uma conta e faz pesquisas sobre outros assuntos,
como conseguir um crédito imobiliário e empréstimo pessoa física.
“Efetivamente o quê que eu
fiz? Eu paguei uma conta. Agora, nesse caminho, eu dei algumas dicas para o
banco de coisas que eu posso ter interesse. Então, na hora que eu vou fazer uma
antigamente conhecida mala direta ou um push de informações, eu vou buscar na
minha base de dados pessoas que tiveram interesse no crédito imobiliário e eu
vou fazer um contato com esta pessoa. Do lado do banco ele vai estar sendo bem
efetivo no contato; e no lado da pessoa, ela só vai ser contatada naquilo que
ela se interessou”, afirma.
Mesmo quando o banco não é
totalmente digital, a Inteligência Artificial e o Machine Learning podem ser
utilizados, não apenas no atendimento online, mas também no contato físico. Se
bem planejado, o atendimento com robô físico pode ser muito positivo para
instituições financeiras e clientes, deixando os colaboradores mais disponíveis
para atividades estratégicas.
Já a escritora Martha
Gabriel, autora do livro “Você, eu e os robôs” conta que a Inteligência
Artificial pode ser usada também para avaliação de personalidades.
“Isso pode ser usado em
RH, para você escolher o melhor tipo de trabalho, para cada tipo de colaborador
e até para realocá-los dentro da organização para que eles sejam mais felizes e
produzam mais naquilo que eles tem mais aptidão para fazer. E cada dia surge
uma coisa nova! Então quando a gente está falando desses sistemas, que são
sistemas inteligentes, eles tem que se integrarem com o negócio. É como se você
contratasse um cérebro vazio e aí você começa a treinar este cérebro para as
especificidades do seu negócio”, ressalta Martha.
O diretor de tecnologia da
Agres Agricultura Inteligente, Ezequiel Kwasnicki, conta que a Inteligência
Artificial também pode ser aplicada na área da Agricultura, mudando
completamente o manejo das lavouras e os índices de produtividade.
“Ela pode ajudar, por
exemplo, na redução de agroquímicos, a partir do momento em que a máquina é
capaz de enxergar e identificar plantas, e tomar decisões em tempo real sobre
qual é o momento exato de aplicar e quanto aplicar de produto. Eu treino esta
Inteligência Artificial para saber avaliar a imagem e distinguir o quê que é a
planta boa da planta ruim. Se aqui não tem nenhuma erva daninha, eu não tenho
por que abrir a pulverização. E aí eu só abro de acordo com a necessidade com
que eu vou encontrando no campo”, comenta.
Uma outra forma de
aplicação da Inteligência Artificial são em torres de monitoramento de
incêndio, onde algoritmos ficam vasculhando o horizonte e, ao detectar focos de
fumaça, fazem um estudo e já determina se aquilo é um incêndio, um foco de
incêndio ou não, e aciona uma equipe de combate ao fogo para deslocar até a
região e fazer o controle antes que o incêndio tome maiores proporções.
Fonte/Foto: Repórter Cintia Moreira, da Agência do Rádio
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