VOCÊ SABIA? | MORDOMIAS DE EX-PRESIDENTES CUSTAM CARO AO CONTRIBUINTE; VEJA OS VALORES
Em 2018, o Estado Brasileiro gastou R$ 4,6 milhões com
cinco ex-presidentes
No Brasil, os
ex-presidentes da República têm direito a uma série de benefícios que são
garantidos por Lei. Muita gente não sabe, mas quando o chefe do poder Executivo
desce a rampa do Palácio do Planalto pela última vez, ele leva consigo quatro
seguranças, dois carros com os respectivos motoristas e até dois servidores em
cargos de comissão.
Ainda de acordo com a
legislação, os ex-mandatários têm direito a passagens aéreas e diárias de
hotéis, em casos de viagens. As regalias também garantem o pagamento das
despesas de combustível dos veículos utilizados pelos ex-presidentes.
Todas essas vantagens
foram criadas na Lei 7.474, de 1986. Anos mais tarde, em 2008, o ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva editou um novo decreto (Decreto 6.381) padronizando
as regras como elas são hoje.
Esses privilégios custam
caro à União, e, portanto, é a população que paga impostos. Em 2018, o Estado
Brasileiro gastou R$ 4,6 milhões com cinco ex-presidentes - José Sarney,
Fernando Collor, Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma
Rousseff – na época, Michel Temer ainda estava no cargo, que passou neste ano
para Jair Bolsonaro. (Confira o gráfico)
Os ex-presidentes petistas
estão nas duas pontas do gráfico. Dilma Rousseff foi a que mais gastou, Lula,
preso no início de 2018, foi o mais ‘econômico’ entre os ex-mandatários. Confira
os gastos caso a caso em 2018, obtidos através da Lei de Acesso à Informação.
Dilma Rousseff:
Mesmo sofrendo um impeachment, a petista manteve os benefícios de
ex-presidentes. Ao todo, ela gastou R$ 1,36 milhão. Sendo R$ 586,8 mil com
diárias e parssagens de assessores, mais 735,8 mil com salários desses
servidores e mais um custo de R$ 45,7 mil para manutenção e combustíveis de
automóveis
Fernando Collor de Melo: Outro ex-chefe do Executivo afastado pelo Congresso,
o senador licenciado Fernando Collor foi o segundo mais caro aos cofres
públicos. Ao todo, foram R$ 964,7 mil. O valor engloba R$ 267,6 mil com diárias
e passagens de auxiliares, mais de R$ 659,1 mil em salários e outros R$ 38 mil
com combustível para automóveis.
José Sarney:
O mais velho dos ex-presidente, José Sarney gastou R$ 813,3 mil em 2018. Sendo
R$ 664,6 mil com salários dos servidores, R$ 135,2 mil
com salários e passagens
desses funcionários e mais R$ 13,5 mil com combustível.
Fernando Henrique Cardoso: O ex-presidente tucano gastou R$ 788,1 mil. Foram R$
746,4 mil com salários de assessores, mais R$ 21,7 mil com despesas com
automóveis e R$ 19,9 mil com diárias e passagens dos servidores
Luiz Inácio Lula da Silva: O ex-presidente, que está preso desde abril de 2018,
representou um total de R$ 665,8 mil. Foram R$ 551,4 mil em salários de
servidores, R$ 100,6 mil em diárias e passagens e mais R$ 13,7 mil com
combustíveis e manutenção dos veículos.
Michel Temer 2019*: O ex-presidente Michel Temer, que foi preso em duas oportunidades neste
ano, passou a ter direito aos benefícios em janeiro. Na maior parte deste
período, o emedebista esteve em liberdade, gastando um total de R$ 193 mil,
ainda assim um valor menor do que o despendido ao ex-presidente Lula (veja o
gráfico)
O advogado e professor de
direito, Yuri Sahione explica que os privilégios dos quais os ex-presidentes
têm direito não estão previstos na Constituição e, portanto, podem ser
alterados via parlamento.
“Existe uma previsão
legislativa e não uma previsão Constitucional de que os ex-presidentes possam
ter essa quantidade de benefícios pós término do mandato”. Sahione critica a
existência dos benefícios. “A verdade é que nos tempos atuais esse tipo de
privilégio me parece que é compatível com alguma herança colonial”, julga.
Na avaliação de Sahione, a
manutenção destes privilégios para ex-presidentes presos é ainda mais
espantosa. “Um presidente que fez mal-uso do seu cargo para receber uma
vantagem pessoal, ele continua recebendo benefícios do Estado pelo fato de ele
ter ocupado um cargo”, disse.
Fazendo referência ao caso
do ex-presidente Lula, condenado em segunda instância pelos crimes de corrupção
e lavagem de dinheiro, o jurista diz que “os detalhes revelados pela operação
Lava Jato macularam a história do ex-presidente Lula e o colocam em uma
situação que, no meu entendimento, inclusive, numa questão de moralidade
pública mais elevada impediriam, por exemplo, até que ele pudesse receber
homenagens póstumas.”
A discussão chegou ao Congresso
Com dois ex-presidentes
(Collor e Dilma) afastados do cargo por crime de responsabilidade, outro preso
(Lula) para o cumprimento provisório de pena e outro (Temer) que já foi preso
preventivamente em duas oportunidades, a moralidade dos benefícios à
ex-mandatários foi colocada em xeque.
Nesse sentido, tramitam no
Congresso Nacional ao menos três projetos que propõem o fim dos privilégios
para ex-presidentes caçados, ou condenados pela Justiça brasileira. Um deles, o
Projeto de Lei (PLS) 343/2016, de autoria do senador Álvaro Dias (PODE-PR).
“O propósito do nosso
projeto é retirá-los dessa planilha de privilégios. É um escárnio, é aviltante
ver o cidadão brasileiro, o trabalhador pagando impostos para sustentar essas
despesas”, defendeu Álvaro Dias, em discurso na tribuna do Senado.
Outra proposta (PLS
248/2018) que segue a mesma linha é de autoria do senador Lasier Martins
(PSD-RS). Além de restringir a concessão dos benefícios para ex-presidentes
condenados, o projeto estipula um limitador temporal, fazendo com que os
direitos aos ex-presidentes sejam assegurados pelo prazo máximo de 20 anos após
o término do mandato.
Na mesma linha do de
autoria do senador Lasier Martins (PSD-RS), o projeto (PLS 248/2018) também
cria um limitador temporal, que determina que esses direitos sejam assegurados
pelo prazo máximo de 20 anos após o término do mandato.
Fonte/Fotos:
João Paulo Machado, Agência Brasil
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