PROJETO CONECTA PRODUTORES DA AMAZÔNIA COM EMPRESAS E CONSUMIDOR
Há três anos, o Origens Brasil estabelece conexões
éticas e sustentáveis entre comunidades indígenas, extrativistas e quilombolas
e o mercado
Você procura
informações sobre a origem do produto que compra no mercado ou em uma loja de
acessórios? Sabe se eles são feitos a partir de relações éticas de trabalho e
se beneficiam os pequenos produtores do Brasil?
Foi com este
objetivo que surgiu o Origens Brasil, uma rede formada por populações
tradicionais, povos indígenas, organizações da sociedade civil, empresas e
consumidores, lançada em 2016 pelo Instituto de Manejo e Certificação Florestal
e Agrícola (Imaflora) e o Instituto Socioambiental (ISA).
A iniciativa
defende o desenvolvimento sustentável da Amazônia a partir da valorização das
atividades econômicas das populações tradicionais e povos indígenas, suas culturas
e modo de vida. A ideia é reconhecer a importante contribuição dos povos da
floresta para a conservação das florestas tropicais, tendo como pilares a
articulação em rede, tecnologia e comunicação.
O Origens Brasil
conecta os povos tradicionais ao produtor de empresas e do mercado consumidor,
promovendo relações comerciais com menos intermediários, mais transparentes e
éticas.
Por exemplo, a
castanha é a matéria-prima mais coletada pelos produtores dos três territórios
que o Origens Brasil atua: Xingu, Rio Negro e Calha Norte. Esse produto é
comprado pela marca Wickbold para fazer o “Grão Sabor Castanha-do-Pará e
Quinoa”, que se tornou o pão integral mais vendido do país.
Já as sementes de
cumaru, utilizadas para criação de aromas e fragrâncias de marcas como Lush e
Firmenich, são coletadas no Xingu e Calha Norte.
Hoje, o projeto
conseguiu ampliar sua rede de membros e atua agora com mais de 1.450 produtores
cadastrados, 13 empresas, 39 organizações locais/comunitárias e opera em 24
áreas protegidas.
Relações éticas de trabalho
Ao mesmo tempo em
que o Brasil abriga a maior biodiversidade do planeta, as atividades
predatórias e ilegais são uma das maiores responsáveis pelas taxas de
desmatamento na Amazônia.
“Os territórios
funcionam como barreira ao desmatamento, porém essas populações que vivem e
protegem essas regiões não possuem o estímulo à produção extrativista nem
acessam
mercados que
valorizam e remuneram sua produção de forma ética”, afirma Patrícia Cota Gomes,
coordenadora do Origens Brasil.
A crescente pressão
da sociedade sobre o setor empresarial pela transparência dos processos
produtivos faz surgir esse mercado para os produtos éticos, cujas práticas de
produção levam ao bem estar de todos os envolvidos ao longo da cadeia.
Uma pesquisa
realizada pela Nielsen com 30 mil entrevistados em 63 países mostra que a
maioria prefere adquirir um alimento de quem revela detalhes de seu processo de
produção. Na América Latina, especificamente, 74% das pessoas estão mais
dispostas a comprar de empresas que revelam seus processos produtivos.
No entanto, boa
parte das empresas ainda acaba comprando ingredientes de intermediários e não
conhecem a origem e seus fornecedores. Por outro lado, também cada vez mais as
empresas estão em busca de garantias que minimizem seus riscos.
Mas como o Origens
Brasil garante isso? O projeto identifica territórios (corredores de áreas
protegidas onde vivem populações tradicionais e povos indígenas) e mapeia os
produtores e a oferta de produtos.
Esses produtores
são cadastrados numa plataforma digital que permite registrar toda a transação
comercial entre eles e as empresas, permitindo que o consumidor tenha acesso às
informações sobre a origem da produção, os produtos e as relações comerciais
praticadas.
A plataforma
digital recebe, armazena, sistematiza e disponibiliza as informações sobre
produtores, produção e comercialização dos produtos — além de indicadores de
impacto. Os diferentes membros da iniciativa se cadastram e inserem dados e
informações de forma colaborativa na plataforma.
A ambição da rede é
gerar impacto positivo nos territórios, nas cadeias de valor e nas populações
tradicionais e povos indígenas que vivem nas áreas protegidas. Para monitorar
esse impacto foram criados 22 indicadores sociais, ambientais e econômicos,
medidos em campo. Quatro deles são dedicados a avaliar o impacto na perspectiva
das mulheres e jovens. Dos 1.450 produtores membros, 703 são mulheres e 303
jovens.
O Origens Brasil
confere ainda visibilidade aos produtos através do selo. Por meio de um QR Code
o consumidor tem acesso a informações que vêm da plataforma sobre o produtor,
sua cultura, território, forma de produção e comercialização através do
celular.
Fonte/Foto: Catraca Livre/Divulgação Origens Brasil
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