MEIO AMBIENTE | IBOPE APONTA QUE 93% DA POPULAÇÃO É CONTRA A LIBERAÇÃO DA CAÇA DE ANIMAIS
Quase todos os brasileiros
se dizem contra a liberação da caça de animais silvestres. De acordo com uma
pesquisa do Ibope, encomendada pela WWF-Brasil, 93% da população rejeita leis
de liberação e incentivo à prática.
Os dados fazem parte de um
levantamento sobre a valorização do meio ambiente realizado pelo órgão em junho
do ano passado, mas só foram divulgados na manhã de hoje, por escolha da
WWF-Brasil, que anuncia os dados em evento hoje no Congresso. O Ibope ouviu
2.002 pessoas a partir de 16 anos em 142 municípios de todas as regiões do
país.
Segundo o instituto, houve
"uma sólida regularidade nos resultados quando analisadas as respostas por
grupos de gênero, escolaridade, situação econômica ou localização
geográfica".
Onde há mais rejeição à liberação?
Embora em todos os grupos
pesquisados a rejeição à caça seja de 90% para cima, ela é maior entre as
mulheres, com 95%, do que entre os homens, com 90%. Também é maior entre os
entrevistados com ensino superior (94%). Para os que cursaram entre o quinto e
o oitavo ano do ensino fundamental chega a 93%. Entre os entrevistados que
fizeram até o quarto ano, ficou em 90%.
Moradores de regiões
metropolitanas também apresentam rejeição maior (95%) se comparados a cidadãos
de cidades do interior (90%). O Nordeste teve o menor índice contrário entre as
regiões brasileiras (91%), e o Sudeste, o maior (94%).
Diferentes faixas de renda
familiar também quase não mostram alteração: a prática é rejeitada por 91% das
famílias que ganham até um salário mínimo, por 93% das que ganham entre um e
cinco salários mínimos e por 90% das que ganham mais de cinco.
"É praticamente uma
unanimidade na população ser contra a ideia de liberar a caça. É só parar para
pensar: as pessoas gostam da natureza, elas não querem que se saia matando
animais silvestres por esporte, passatempo ou negócio", afirma Warner
Bento Filho, analista de Políticas Públicas da WWF-Brasil. "Foi um
resultado muito expressivo mesmo."
Organização critica iniciativas do governo
Segundo Bento Filho, a
gestão do atual de Jair Bolsonaro (PSL) tem estimulado uma "série de
projetos e iniciativas que visam desmontar a política ambiental que se constrói
nesse país há décadas". Ele dá como exemplo o decreto assinado pelo
presidente no início de maio, que facilita, entre tantos, o porte para
moradores rurais.
Outra mudança recente
criticada por ONGs ambientalistas foi a transferência do Serviço Florestal
Brasileiro (SFB) do Ministério do Meio Ambiente (MMA) para o Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
"Se você olha cada
decreto ou projeto que circula pelo Congresso isoladamente, não vê. Mas, quando
se olha as decisões de uma forma macro, juntas, é possível ver este
desmonte", afirma ele.
Questionado pelo UOL sobre
o posicionamento em relação à liberação da caça, o Mapa declarou que "não
tem posição pública sobre projetos em tramitação no Congresso". A reportagem
também contato com o MMA e o SFB, mas não obteve resposta até a última
atualização desta reportagem.
Objetivo das ONGs é pressionar parlamentares
Os dados foram
apresentados pela WWF-Brasil nesta manhã em um salão da Câmara dos Deputados em
Brasília para o lançamento da campanha "Todos Contra a Caça e as
Armas". Segundo a instituição, objetivo é pressionar deputados para
barrarem as propostas do tipo que tramitam na Casa.
"É lá que essa
discussão está sendo feita. Eles não deveriam nem apreciar um projeto que tem a
rejeição da massiva maioria da população. É quase princípio democrático",
argumenta Filho.
Fonte/Foto: Lucas
Borges Teixeira, colaboração para o UOL, em São Paulo/ Miguel SCHINCARIOL - AFP
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