ASFIXIA, DIA DE VISITA, REAÇÃO: O QUE SIGNIFICAM AS MORTES DE PRESOS NO AM
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Policiais se movimentam no entorno de um presídio de Manaus; pelo menos 57 detentos morreram nos últimos dois dias na capital amazonense |
Especialistas consultados pelo UOL afirmaram
que as 40 novas mortes de presos no sistema prisional do Amazonas ocorreram por
asfixia devido à falta de armas dos detentos. Segundo o secretário de
Administração Penitenciária do Amazonas, Vinicius Almeida, os presos começaram
a matar colegas de cela à medida que a polícia avançava.
Ainda de acordo com o governo, os assassinatos
ocorreram dentro das celas de quatro unidades diferentes. Por conta desses
violentos episódios, as ruas de Manaus tiveram reforço no policiamento.
O major Alessandro Frankie foi
secretário-adjunto de Segurança Penitenciária no Maranhão e responsável pela
pacificação do complexo prisional de Pedrinhas, entre 2014 e 2015. Hoje à
frente da segurança dos centros socioeducativos da Paraíba, ele afirma não ter
dúvidas de que a falta de opção foi determinante aos assassinatos.
"As mortes se deram por asfixia porque
era o meio de que dispunham os presos, por eles não estarem armados. Além
disso, esse tipo de morte evita que o preso grite por socorro", afirma.
"Na ausência de meios hábeis para a
decapitação, eles fizeram os enforcamentos. Com lâminas, haveria decapitações.
Degolar o rival é mostrar capacidade de execução", afirma o advogado
criminalista Cláudio Justa, que também é ex-presidente do Conselho Penitenciário
do Ceará.
Para Justa, os ataques são uma provável
continuação da guerra entre membros de facções criminosas.
"O conflito das facções continua latente
no sistema penitenciário. Até porque o conflito não tem origem nas unidades,
mas fora, nos territórios de comércio. O sistema penitenciário é apenas um
espaço reativo. Eu acredito numa repetição de 2017, de que se trate de conflito
de facções com comando externo. Conflitos internos das prisões não geram uma
matança dessa magnitude", afirma.
Em 2017, 56 presos foram mortos em rebelião no
Compaj, em Manaus. Poucos dias depois, presídios em Roraima e Rio Grande do
Norte também registraram mortes em série.
Já o major Frankie lembra que nem o dia de
visitas foi respeitado pelos presos amazonenses desta vez. "Como estão sem
celulares, as visitas é que trazem as decisões tomadas nas ruas e o desacerto
deve ter surgido após os posicionamentos de algumas lideranças das ruas terem
chegado aos presos nos pavilhões", diz.
"Você tem aí dois fatores: as respostas
ou decisões vindas das ruas, trazidas pelos visitantes e o momento oportuno em
que os presos --vítimas e algozes-- estavam juntos", completa.
Fonte/Foto:
UOL Notícias/Sandro Pereira - Reuters
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