ARTIGO DEDOMINGO: AUDIÊNCIA DE "BOLSOWORLD" SE ASSUSTA E ROTEIRISTA PODE TER QUE MUDAR SÉRIE
- por Leonardo Sakamoto
Após dois meses de muito
terror B e pitadas de comédia pastelão, o roteirista da série
"BolsoWorld" pode ter percebido que foi longe demais.
O alerta veio com o fato
de que apenas os fãs clubes acharam graça em uma cena na qual um dos atores
principais ordena a gravação de crianças nas escolas sem autorização dos pais e
em outra em que o protagonista viraliza um vídeo com dedada e golden shower. O
restante do público achou apelativo. Por muito menos, o papa já teria pedido
desculpas.
Devido às péssimas atuações
de Ernesto Araújo, coadjuvantes foram escalados para salvar as cenas em que ele
participa, como o tarimbado Hamilton Mourão. Estava soando estranho que suas
falas não fizessem sentido algum, constrangendo os que com ele compartilhavam o
set. Ernesto, que tem sido motivo de piada nos bastidores e camarins por atores
estrangeiros, parece atuar o tempo todo sob outro roteiro. Alguns acreditam que
ele estaria roubando falas de Sob Domínio do Mal (2004) ou Teoria da
Conspiração (1997), enquanto outros apostam em algo mais clássico, como O
Incrível Exército de Brancaleone (1966).
A contratação
internacional Ricardo Vélez Rodríguez também teria entendido o recado e
dispensado de seu entorno figurantes que causaram problemas durante as
gravações. Isso deixou chateado o agente de Vélez, que mora nos Estados Unidos.
Afinal, ele não apenas havia indicado o ator nascido na Colômbia e naturalizado
brasileiro para o papel, o mais importante de sua carreira até então obscura,
mas também esses figurantes. Por isso, o agente pediu para todos os outros que
participam da série se demitirem. Mas com a situação dramática do mercado de
trabalho, não deve ser plenamente atendido. O ator, aberto a rompantes de
estrelismo, já havia se envolvido em outras polêmicas. Por exemplo, criticou a
audiência brasileira, chamando-a de "canibal" e acusando-a de roubar
produtos de hotéis e salva-vidas de aviões em uma entrevista.
Pelo que apuramos junto ao
showbusiness, o problema não é o comportamento histriônico de ambos, mas a
falta de resultados apresentados. Até agora, nenhum dos núcleos dramatúrgicos
do qual fazem parte decolou. Pelo contrário, são alvo de críticos, dentro e
fora do país.
O problema maior, contudo,
reside no ator principal da série, Jair Bolsonaro. Listar os problemas por ele
causados até agora levaria mais tempo que as 3h58 de …E o Vento Levou. Ele é o
principal culpado pela produção estar perdendo audiência semana a semana apesar
de ainda demonstrar bons índices. Com exceção dos já citados fãs clubes, o
restante do público está com dificuldade para entender para onde a história
vai.
Há um certo
constrangimento quando outros atores como (novamente) Hamilton Mourão, Augusto
Heleno, Rodrigo Maia, entre outros, têm que vir a público explicar o que o
protagonista quis dizer em sua interpretação sofrível. Em doses calculadas,
isso pode funcionar como peça de marketing no estilo Cigano Igor, de Explode
Coração. Mas, repetindo-se com frequência, rouba tempo do telespectador e
desgasta a imagem de estúdio.
Cartas chegam à direção da
emissora, perguntando se a série está sendo transmitida mesmo em português por
conta de sua atuação. Assinantes da TV a cabo pedem para que seja introduzido o
serviço de tecla SAP, para acesso ao significado real de suas improvisações.
Na tentativa de resolver a
questão, o roteirista também aumentou a importância dos coadjuvantes, na
torcida para que o protagonista não estrague as cenas. A transmissão de um
comercial, via Facebook, nesta quinta (7), contou com o já citado Augusto
Heleno e também com Otávio Rêgo Barros, que faz o papel de porta-voz na série,
ladeando o protagonista.
Se isso vai funcionar, não
se sabe. Mas, seguindo o ritmo original, parte da audiência abandonaria a série
antes do final da primeira temporada, zapeando até o canal militar.
Em tempo: Enquanto isso,
duas das principais escalações, Paulo Guedes e Sérgio Moro, ainda estão
devendo, com participações apagadas até o momento. Críticos estão
decepcionados, baseados em trabalhos anteriores de ambos e nas promessas de
suas assessorias.
** Este texto não reflete,
necessariamente, a opinião de <amazôni@contece>
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