PARÁ INVESTE EM MUTIRÃO DE CURSOS PARA REDUZIR TAXAS DE DESEMPREGO ENTRE JOVENS


O desemprego é realidade para 23,7% dos jovens paraenses entre 18 e 24 anos, segundo o último dado do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referente ao segundo trimestre deste ano. É a maior percentagem de desempregados no período. Uma das saídas encontradas pelo estado, em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), foi a implantação da terceira versão do Programa Pará Profissional, um mutirão de cursos técnicos para jovens de 50 municípios paraenses.
O programa começou no começo deste mês e deve seguir em 2019. São cursos de 160 horas: “Mecânico de Ar Condicionado Automotivo”, “Padeiro”, “Operador de Retroescavadeira”, “Mecânico de Automóveis Leves”, “Modelista” e “Eletricista Industrial”. Quase 3 mil matrículas para aproximadamente 144 turmas.
Foi por meio desse tipo de curso técnico que Ana Letícia Pinheiro Vieira, de 24 anos, conseguiu um emprego como analista de Planejamento e Controle da Produção em uma empresa privada no Pará. Ana Letícia concluiu o Ensino Médio e, no ano passado, investiu em um curso técnico e de aperfeiçoamento em logística portuária.
“O curso técnico me abriu oportunidade em relação a pessoas, contato, networking, para poder entrar nas empresas. Melhorar o currículo. O curso abre possibilidades. Estagiei, consegui conhecer pessoas, tive conhecimento melhor no âmbito do meu trabalho’, observa a jovem, que avalia que nem todos tem a mesmo objetivo, o que se torna determinante na hora de uma seleção de emprego. “Muitos têm dificuldade de adentrar no mercado de trabalho. Tem que ter força de vontade, correr atrás, tentar fazer esse elo com as pessoas, conversar com quem já está no mercado”, aconselha.
Se 50% parte dos alunos, os outros 50% parte do mercado, das possibilidades. Diretora de Educação e Serviços Tecnológicos do SENAI do Pará, Lúcia Maria Peres de Souza, conta que os cursos oferecidos no estado estão alinhados com as demandas do setor industrial para, justamente, preparar os jovens para ocuparem os espaços deficitários. “Mais provável que o aluno oriundo de uma escola do SENAI, onde tem preparação prática, pois a maioria tem muita teoria pouca prática. Fazemos investimento em equipamentos, tecnologia de ponta, conseguimos estágio para os alunos, para terem a prática mais forte,
diferencial que faz com que nosso alunato possa ser melhor absorvido pelo mercado”, explica Lúcia.
Junto ao Programa Pará Profissional, Lúcia conta ainda que estão sendo ofertados cursos novos no estado, como uma maneira de incentivar outros jovens a se qualificarem. “Engrenagem bastante significativa nesse contexto atual. Lançamento de vários cursos técnicos, automotiva é realmente novo, curso têxtil que será dado no município, então estamos com diversidade de cursos, no qual outrora não estávamos desenvolvendo. Sempre procurando estar com a indústria, o governo do estado, a iniciativa social, para fazer melhor possível e atingir essa melhoria dos jovens, faixa etária muito significativa nas nossas pesquisas”, frisa a diretora.
Fomento da educação profissional
A 11ª meta do Plano Nacional de Educação (PNE) é triplicar as matrículas da educação profissional técnica de nível médio, assegurando a qualidade da oferta e pelo menos 50% (cinquenta por cento) da expansão no segmento público. A ideia também é defendida pelo setor produtivo e foi encaminhada aos candidatos à presidência da república para ser posta em prática nos próximos quatro anos.
Para o Jairo Eduardo Borges Andrade, professor e pesquisador do Departamento de Psicologia Social e do Trabalho da Universidade de Brasília (UnB), é preciso trabalhar não só para ensinar uma profissão, mas também para tornar o indivíduo capaz de aprender coisas novas. “Não é só tornar o indivíduo capaz de fazer as coisas que precisam ser feitas, agora, no mercado de trabalho, porque rapidamente o sujeito vai ficar defasado. Tem que investir é no aprendizado que permita o indivíduo aprender novas coisas e saber aonde é que ele tem que buscar aprender coisas. Você tem dados sistemáticos que mostram que pessoas que têm mais qualificação profissional têm mais probabilidade de conseguir um trabalho e também de conseguir trabalhos melhores”, frisa o professor.
Segundo o diretor-geral do SENAI, Rafael Lucchesi, é preciso melhorar o diálogo do país com a educação para os jovens. “A visão nossa, da Confederação Nacional da Indústria, vai muito nessa direção de estabelecer uma agenda que seja importante para a realidade brasileira, para os problemas que nós temos hoje de juventude no país. Nós temos um elevado grau de desemprego na população aberta, que está acima de 12%, mas entre os jovens, ele se aproxima de 30%. Então nós temos um grande contingente de jovens que é vítima exatamente dessa baixa capacidade de diálogo entre o nosso modelo educacional e as opções e projetos de vida dos jovens que passam pela escola”, afirma Lucchesi.

Fonte/Foto: Camila Luchesi/Redes Sociais

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