LIVRO DENUNCIA A DEPREDAÇÃO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS EM SANTARÉM-PA


A destruição desenfreada dos sítios arqueológicos formados por terra preta e ricos de fragmentos pré-históricos na cidade de Santarém, no estado do Pará, removidas sem o devido acompanhamento e revendidas para jardinagem, é denunciada no livro “Terra Preta - Passado, Presente e Futuro”, do arqueólogo, jornalista e fotógrafo Edvaldo Pereira. A obra editada pela Imprensa Oficial do Estado (IOE) foi lançada neste sábado, 15, às 19h30, no XI Salão do Livro do Baixo Amazonas.
A preocupação com essa exploração se dá, segundo o autor, pela necessidade de desenvolvimento de mais estudos com esse tipo de solo amazônico, bem como com os incontáveis artefatos arqueológicos nele encontrados, mesmo que tais recursos tenham sido registrados por cronistas e viajantes desde o século XVI.  A chamada Terra Preta Arqueológica (TPA) foi formada por sociedades indígenas pré-coloniais, e apresenta coloração escura, fragmentos de material cerâmico, artefatos líticos, carvão, elevados teores de como cálcio, magnésio, zinco, manganês, fósforo e carbono.
Segundo Edvaldo Pereira, o interesse pelo tema se deu a partir percepção quanto à identificação da população santarena com o seu patrimônio arqueológico e a ausência de políticas públicas municipais sobre o assunto. “Se você fizer um levantamento da legislação santarena ao longo de sua história, é como se a Terra Preta e os demais recursos arqueológicos milenares presentes no município não existissem, e isso é assustador”, pontua Pereira.
O autor reforça que Santarém está plantada sobre uma rica e extensa malha de sítios arqueológicos pré-históricos que guardam vestígios de ocupações pretéritas milenares ainda pouco estudados. “Sem falar no patrimônio arquitetural histórico, que conta um pouco do nascimento e crescimento da cidade que conhecemos hoje, que também sofre com o descaso, o abandono e demolições”, denuncia.
“É preciso buscar a participação de toda a sociedade na proteção da terra preta, enquanto componente imprescindível da biodiversidade regional. O que está em jogo não é apenas a compreensão do passado, mas a construção de um futuro melhor, ecologicamente equilibrado e sustentável”, reforça Pereira. A proposta do livro, fruto de uma pesquisa inédita, é apontar caminhos para criação e aperfeiçoamento de instrumentos de gestão, sejam eles urbanísticos, jurídicos e/ou tributários, que sejam capazes de reconhecer o patrimônio histórico e arqueológico de Santarém dentro de suas reais dimensões.
A geoarqueóloga Dirse Clara Kern, do Museu Paraense Emilio Goeldi, que assina o prefácio do livro, narra que em diversos locais da Amazônia, sociedades indígenas formaram extensos depósitos de material de origem vegetal e animal, que potencializaram a fertilidade dos solos, alterando as suas propriedades.

Fonte/Foto: Ronaldo Quadros – Agência Pará/Redes Sociais

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