ESTUDANTES INDÍGENAS DA UFPA DENUNCIAM QUE FORAM VÍTIMAS DE RACISMO DENTRO DA UNIVERSIDADE
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Na foto, Jorge, da etnia Tembé, defende seu TCC em dupla, com o estudante Cristiano Aguiar |
Um
agente de segurança da UFPA teria chamado os grafismos corporais de estudantes
indígenas de ‘marmota’. Segundo os indígenas, as pinturas corporais são símbolos
importantes para eles, representando força, saúde, proteção e contato com a
espiritualidade.
A
Associação dos Indígenas Estudantes da Universidade Federal do Pará (Apyeufpa)
publicou uma nota de repúdio denunciando um caso de racismo contra alunos
indígenas da instituição na entrada do campus Belém, no bairro do Guamá.
Segundo o documento, um agente de segurança da UFPA teria chamado os grafismos
corporais dos estudantes de “marmota”.
O
caso teria ocorrido na tarde da última quarta-feira (4). A nota da Apyeufpa
destaca que as pinturas corporais são símbolos importantes para os povos indígenas,
representando força, saúde, proteção e contato com a espiritualidade nativa.
Segundo
Jane Felipe Beltrão, antropóloga, historiadora e professora dos programas de
pós-graduação em Antropologia (PPGA) e Direito (PPGD) da UFPA, “marmota” é uma
gíria usada para se referir ao indivíduo que é supostamente esquisito,
deselegante, desengonçado ou desarrumado, ou seja, é um termo de alto teor
ofensivo.
A
antropóloga diz que esse é um caso de discriminação étnico-racial que afasta e
tenta condenar os indígenas estudantes.
Os
indígenas citam o artigo terceiro da Constituição Federal, que fala sobre a
promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, etnia, cor, sexo ou
qualquer outra forma de discriminação. Na nota, os indígenas exigem medidas
urgentes da UFPA e frisam que racismo é um “crime imprescritível e
inafiançável”.
“O
racismo é intolerável contra qualquer pessoa, é lamentável em pleno século XXI
vivenciar essas situações de discriminação étnico-racial unicamente porque
ousamos ocupar lugares que supostamente não nos pertencem. Entretanto, estamos
em lugares que de fato e de direito nos pertencem e constitui dever do Estado
reparar a dívida que, historicamente, possui com os povos indígenas”, destaca a
nota.
Em
nota, a Universidade Federal do Pará (UFPA) informou que repudia o ato de
racismo contra discentes indígenas da instituição, praticado por servidor
terceirizado do serviço de vigilância no Campus Belém. A direção disse que já
determinou o afastamento do servidor e instaurou processo de apuração da
ocorrência, que está em completo desacordo com as políticas institucionais de
respeito e valorização da diversidade.
A
UFPA afirma ainda que se solidariza com os discentes atingidos e com toda a
comunidade de discentes indígenas, reiterando o seu compromisso com o combate
ao racismo e a toda forma de discriminação, com a promoção do respeito à
cultura dos povos indígenas.
Fonte/Foto: G1/Laís Teixeira - UFPA
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