FARRA DO VENENO RECEBE SINAL VERDE NA CÂMARA
Deputados ruralistas dão as costas à sociedade e
aprovam o Pacote do Veneno em reunião a portas fechadas. Além de potenciais
impactos ambientais, esses parlamentares colocaram sob sua mira a saúde dos
brasileiros.
Os ruralistas deixaram claro para quem estão
legislando! Mais uma vez demonstraram que essa bancada de deputados não se
importa com a sociedade ou com sua segurança, mas sim com seus próprios
interesses. Mesmo depois de intensa pressão popular, que só vem crescendo, foi
aprovado na segunda feira (25/06) o texto-base do PL 6299/2002 na Comissão do
Pacote do Veneno – que propõe afrouxar o uso e liberação de agrotóxicos no
país.
O Pacote do Veneno vence essa etapa à força, sem
diálogo e sem transparência – deputados ruralistas conseguiram hoje proibir a
entrada da sociedade na sessão da comissão. Depois de ser aprovado dessa
maneira, o PL segue agora para votação nas sessões plenárias da Câmara dos
Deputados e do Senado Federal. A decisão de colocá-lo em pauta ainda esse ano é
do presidente da casa, Rodrigo Maia (DEM/RJ).
“Este projeto de lei vai totalmente na contramão do
que a sociedade quer. Os membros da comissão viraram totalmente as costas para
a população. Nem mesmo a opinião de instituições científicas, de saúde e meio
ambiente, que se posicionaram contra o PL do Veneno, como Organização das
Nações Unidas (ONU), Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa),
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama) e Instituto Nacional do Câncer (INCA), foram consideradas. Fica muito
claro que esses parlamentares atendem apenas aos interesses da indústria de
pesticidas e do agronegócio”, afirma Marina Lacôrte, especialista do Greenpeace
em Agricultura e Alimentação.
O deputado Rodrigo Maia assumiu compromisso de não
colocar o PL 6299/2002 em votação na plenária antes de um amplo debate com a
sociedade, algo que não ocorreu até o momento. “Esperamos que, assim como fez
no caso do licenciamento ambiental, Maia cumpra sua palavra. Vamos continuar
monitorando e pressionando para que o presidente da Câmara coloque os
interesses da população acima dos interesses econômicos do setor”, afirma
Marina.
Entre outras coisas, o PL do Veneno aprovado:
Revoga a atual Lei de Agrotóxicos (7.802/1989) e
libera o uso ainda mais amplo dessas substâncias;
Garante o registro de substâncias comprovadamente
cancerígenas;
Transfere, basicamente, todo o poder de aprovac¸a~o
ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, tornando apenas
consultivo no processo de avaliação e aprovação órgãos importantes, como
Ministério do Meio Ambiente e Anvisa. Isso também é grave porque o Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e´ o principal interessado nas
aprovac¸o~es, pois avalia a eficiência agronômica e, portanto, tem interesse
econômico na aprovação.
Muda o termo “agrotóxico” para “pesticidas” em uma
tentativa de mascarar a nocividades dessas substâncias sem atender a realidade
brasileira do campo. Segundo nota técnica do IBAMA, “é necessário que os
agricultores, como os principais usuários, reconheçam esses produtos como
tóxicos perigosos, como em realidade o são, para que tenham maiores cuidados na
sua utilização. A toxicidade é uma característica inerente à grande maioria dos
produtos designados ao controle de pragas e doenças, por ação biocida”.
Confere registro temporário sem avaliação para
aqueles agrotóxicos que não forem analisados no prazo estabelecido pela nova
Lei. Isso é o que os ruralistas chamam de “celeridade” ao processo, ou seja,
“não deu para avaliar a segurança para a saúde e o meio ambiente? Então
aprova!”.
Enquanto deputados ruralistas tentam empurrar mais
veneno goela abaixo da sociedade brasileira, o antídoto perfeito já existe e
precisa ser defendido e fortalecido. O projeto de lei que institui a Política
Nacional de Redução de Agrotóxicos (PNaRA) também está em análise na Câmara dos
Deputados. A comissão especial para debater o tema foi estabelecida em maio e é
presidida pelo deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), tendo o deputado Nilto Tatto
(PT-SP) como relator. A comissão já deu início a um processo de audiências
públicas e a próxima acontece amanhã (26/06) a tarde, com a presença de
instituições como Fiocruz, Ibama, Instituto Nacional do Câncer (Inca) e Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que foram ignoradas na comissão do
PL do veneno.
Saiba quais deputados estiveram presentes na sessão
decisiva de hoje e quais foram seus votos:
A FAVOR
Tereza Cristina (DEM/MS) – PRESIDENTE
Valdir Colatto (PMDB/SC) – 1º vice-presidente
Luiz Nishimori (PR/PR) – RELATOR
Adilton Sachetti PRB/MT
César Halum PRB/TO
Covatti Filho PP/RS
Luis Carlos Heinze PP/RS
Sergio Souza PMDB/PR
Zé Silva SD/MG
Marcos Montes PSD/MG
Professor Victório Galli PS/MT
Celso Maldaner PMDB/SC
Nilson Leitão PSDB/MT
Alceu Moreira MDB/RS
Junji Abe MDB/SP
Alberto Fraga DEM – DF
Fabio Garcia DEM – MT
Geraldo Resende PSDB – MS
CONTRA
Bohn Gass (PT/RS)
Padre João PT/MG
Alessandro Molon PSB/RJ
Jandira Feghali PcdoB/RJ
Nilto Tatto PT/SP
Júlio Delgado PSB/MG
Ivan Valente PSOL/SP
Edmilson Rodrigues PSOL/PA
Subtenente Gonzaga PDT MG
Fonte: Greenpeace
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