SEGUNDO DIA SEM ÔNIBUS EM BELÉM, ANANINDEUA E MARITUBA
Terminou
sem acordo a tentativa de negociação entre os trabalhadores rodoviários de
Belém, Ananindeua e Marituba e o Sindicato das Empresas de Transportes de
Passageiros (Setransbel). Por isso, nesta sexta-feira (20), 2 milhões de
pessoas na Grande Belém permanecem sem o transporte para ir ao trabalho ou à
escola. A audiência, intermediada pela desembargadora, Francisca Formigosa, foi
realizada na tarde de ontem (20), na sede do Tribunal Regional do Trabalho
(TRT). Diante do impasse, a greve geral da categoria continua e o caso deve ir
para julgamento em sessão especializada na Justiça do Trabalho. Ainda não há
data para o julgamento.
Para
quem depende do transporte público, a regra foi, novamente, ter paciência. Em
pontos como São Brás, o grande número de veículos de transporte alternativo,
como vans e ônibus "clandestinos", complicaram o trânsito no local.
Muitos condutores precisaram entrar na pista exclusiva do BRT para conseguir
passar pelo trecho.
Assim
como na quinta-feira (20), os preços cobrados aos passageiros também chamaram a
atenção. Alguns veículos chegavam a cobrar valores como R$ 5 e R$ 7 para
transitar pela Região Metropolitana, muito acima dos valores normais.
REIVINDICAÇÕES
A
pauta de reivindicação é composta por cinco itens, mas o impasse se deu,
principalmente, em torno da exigência do ponto biométrico nos fins de linha.
Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários de Ananindeua e
Marituba (Sintram), Huellen Ferreira, somente a biometria pode garantir o
cumprimento da jornada de trabalho.
A
patronal não aceitou a reivindicação, alegando que não tem recursos para
comprar os equipamentos. Os rodoviários também reivindicam redução da jornada
de trabalho de 8 para 6 horas e reajuste salarial de 10%, em Belém, e de 5%, em
Ananindeua e Marituba. Antes mesmo de a reunião começar, um grupo de
rodoviários se concentrou em frente à sede do Tribunal e o trânsito precisou
ser interditado durante toda a tarde. Após a reunião, os rodoviários de
Ananindeua e Marituba decidiram realizar um protesto na BR 316, mas acabaram
desistindo. Já os rodoviários de Belém decidiram somente continuar a greve.
A
categoria não deve acatar a medida cautelar da justiça, que determinou a
garantia de 80% da frota circulando. O Sintram afirma que recomenda o
cumprimento da decisão, mas que a categoria está disposta a resistir. No ano
passado, os rodoviários também não acataram decisão judicial e a multa foi
cancelada no fim da greve.
PROPOSTA
Por
meio de nota, o Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros
(Setransbel) informou que uma das principais reivindicações dos rodoviários é a
jornada de trabalho antiga, que é ilegal e foi reformada pelo Tribunal Regional
do Trabalho da 8ª Região em 2017, em sentença normativa, ou seja, por força de
lei. Ainda segundo a nota, o sindicato, garantiu as perdas salariais,
oferecendo a reposição do índice inflacionário dos últimos 12 meses (INPC) para
salário, ticket e clínica”.
“Informamos
também que os rodoviários estão impedindo outros motoristas, que não são a
favor da greve, de saírem com os ônibus da garagem”, conclui o Setransbel em
nota.
Para quem encara as ruas, o jeito é recorrer aos alternativos, que
faturam
Diferente
da maioria das paradas do centro de Belém, o movimento já era bem mais intenso
na parada que fica próximo ao Shopping Castanheira, no Entroncamento. Muitos
passageiros permaneciam no local em busca de transporte já por volta das 10h30.
Apesar da espera, apenas vans, mototáxis e ônibus ‘clandestinos’ faziam o
transporte normalmente. A maioria das vans cobrava R$3, mesmo preço cobrado
normalmente. O problema apontado pelo atendente Jorge Silva, 41 anos, é que os
transportes alternativos não aceitam vale-transporte. “Eu só consegui sair da
Cidade Nova 8 de carona até aqui no Entroncamento. Agora daqui eu não sei como
eu vou fazer para chegar até a Presidente Vargas, onde trabalho.”
Jorge
explica que deveria ter chegado no trabalho às 9h, mas já por volta das 10h30
ainda estava longe do destino. Ele esperava há 30 minutos por algum ônibus da
linha regular para que conseguisse pagar a passagem com o vale-transporte, mas
nenhum ainda havia aparecido. “Eu estou correndo o risco de perder o meu
emprego”.
Enquanto,
para os passageiros, a situação gerava preocupação, para quem trabalha com
transporte alternativo a greve era vista com bons olhos. O mototaxista Clayton
Farias, 32 anos, começou a rodar com passageiros desde as 5h e somente após as
10h conseguiu parar para descansar. “Agora é se preparar para o fim da tarde,
quando vai ter muito passageiro de novo”, planejava, ao informar que uma
corrida do Entroncamento até São Brás custava R$20.
Diretor de imprensa do Sindicato dos
Trabalhadores Rodoviários de Ananindeua e Marituba (Sintram), Antônio Melo
afirmou que muitas empresas da RMB mantiveram as portas fechadas desde o início
da manhã para que os rodoviários não entrassem, daí o não cumprimento de uma
cota mínima de circulação dos ônibus. “Os rodoviários foram impedidos de entrar
em várias empresas.”
Fonte/Foto: Leidemar Oliveira e Cintia Magno
- Diário do Pará/Ricardo Amanajás
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