BELÉM-PA: GREVE DOS ÔNIBUS & CIDADANIA
A
greve dos rodoviários vai para o quinto dia na região metropolitana de Belém.
Os empresários, autorizados pelo TRT8, contratarão outros trabalhadores para
substituir seus empregados grevistas. A falta de transporte público prejudica
milhões de pessoas, e é preciso que a sociedade, a magistratura e o Ministério
Público (o do Trabalho, o Estadual do Pará e o Federal) reflitam acerca da
necessidade de fiscalização efetiva e controle da atividade, que é essencial.
Não
é possível encarar tal movimento unicamente como de uma categoria laboral. As
condições de trabalho dos rodoviários se refletem diretamente na população como
um todo, inclusive na vida de quem não usa transporte coletivo. Qualquer pessoa
minimamente informada sabe que os ônibus são imundos, sucateados (sem
manutenção, com cadeiras quebradas, freios defeituosos, pneus carecas),
superlotados, desconfortáveis, inseguros, cheios de baratas e outros bichos
peçonhentos, os motoristas e cobradores são mal educados, indisciplinados,
ferem as leis de trânsito e tudo isso acontece simplesmente porque a
fiscalização (da Prefeitura, do MPT e do MP) não é eficaz.
O
sindicato denuncia que a jornada dos rodoviários chega a 8h, com uma ou duas
horas de intervalo e que muitas vezes são obrigados a trabalhar mais de 19h por
dia, sem direito a receber pelas horas extras. E, quando o trabalhador se
recusa, sofre retaliações como mudança de turno e até mesmo demissão. Por conta
disso muitos ônibus ficam parados nas garagens, em detrimento da população,
pois as empresas não contratam mais funcionários para cobrir o tempo ocioso
entre intervalos. Sem falar que muitos dos coletivos que circulam em Belém são
sucatas vindas de outros estados onde há obrigatoriedade de renovação de frota.
O
registro de ponto dos rodoviários é feito em precárias anotações em papeis – às
vezes com lápis, dando brecha para irregularidades - e eles não têm plano de
saúde oferecido pelas empresas. Por conta desse quadro calamitoso, onde a
questão central é o lucro de poucos e as vidas de muitos, não se pode fechar os
olhos de modo algum. Não é preciso estudar muito para imaginar os perigos de
morte causados por jornada excessiva e falta de assistência médica e
psicológica aos motoristas, por exemplo. Riscos que pairam sobre pedestres,
ciclistas, motociclistas, condutores e passageiros de todo e qualquer veículo,
é bom lembrar.
Estão
em jogo direitos humanos e de cidadania, e interesses difusos. O silêncio de
instituições se traduz em omissão.
Fonte/Arte: por Franssinete Florenzano, em
uruatapera.blogspot.com.br
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