PMS PODEM TER ACOBERTADO MORTE DE LÍDER COMUNITÁRIO NO PARÁ
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Sérgio
Nascimento foi morto com 4 tiros na frente de casa. Ele já havia denunciado a
Hydro ao Governo do Estado.
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Policiais
militares podem ter dado cobertura à execução de Paulo Sérgio Almeida
Nascimento, 47 anos, liderança da Associação dos Caboclos, indígenas e
Quilombolas da Amazônia (Cainquiama), morto com quatro tiros na madrugada da
última segunda (12) numa área de invasão em Barcarena. É o que afirma a
principal testemunha do crime. O homem, que era amigo de Paulo Sérgio, procurou
o advogado Ismael Moraes, advogado da associação, afirmando que teria ouvido
relatos de vizinhos de que um carro da corporação, a distância, teria dado
“apoio” ao veículo que conduzia os assassinos.
Moraes
disse que quem viu o fato está com muito medo de aparecer. “Eu ainda tento
convencer essa pessoa a prestar depoimento. A situação é de terror naquela
região. Eu só confio hoje nas autoridades federais que atuam no Estado”,
afirma. Segundo o advogado, a polícia não quer saber quem matou o ativista, mas
sim desqualificá-lo. “A polícia quer reduzir a execução a um crime de rixa
entre integrantes da própria associação.”
A
testemunha também relatou ao advogado que, quando chegou próximo para ver o que
havia ocorrido após os disparos, viu o corpo de Paulo caído do lado de fora da
casa dele e avistou um homem correndo em direção à pista. “Ele não tem como
identificar o atirador, pois o homem estava correndo de costas”, revela Ismael.
Para Moraes, o governo está tirando o corpo fora e tentando incriminar pessoas
inocentes. Por essa razão, o advogado vai apresentar a testemunha-chave não à
Polícia Civil, mas ao Ministério Público de Barcarena.
Ismael
diz não confiar no atual secretário de segurança Luiz Fernandes Rocha, que até
poucas semanas atrás comandava a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Semas)
e que, segundo ele, “sempre acobertou a situação e calamidade patrocinado pela
Hydro em Barcarena”. “Não existe desconfiança específica de policiais ou
delegados, mas sim de quem comanda a Secretaria de Segurança Pública. Minha
recomendação é que a testemunha se apresente ao Ministério Público e que o
órgão acompanhe o caso junto à polícia”, pontua.
RESPOSTA
A
Assessoria de Comunicação da Polícia Militar, em nota, informou que o único
inquérito policial militar instaurado no âmbito da Corregedoria da PM se refere
às ameaças que deram origem ao pedido de proteção solicitado pelas lideranças
da Cainqueama e pelo promotor militar Armando Brasil à Segup. “Não há qualquer
IPM instaurado para apurar suposta participação de PMs no assassinato de Paulo
Sérgio Nascimento”,
informou.
A Segup informou, ainda, que as investigações sobre o assassinato vêm sendo
conduzidas desde a ocorrência pela Polícia Civil. “Todas as testemunhas que
possam colaborar com as investigações serão ouvidas para auxiliar no
inquérito”, assegura a secretaria. A Segup informa que vai solicitar ao
procurador geral de Justiça que designe um membro do Ministério Público para
acompanhar as investigações.
Fonte/Foto: Luiz Flávio - Diário do Pará/Reprodução
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