APÓS ACIDENTE DE ONTEM, MORADORES E LOCATÁRIOS DO AEROCLUBE DE MANAUS PEDEM MUDANÇA DE AERÓDROMO




Nos últimos 10 anos foram registrados três acidentes aéreos nas proximidades do Aeródromo de Flores, como a queda de um monomotor na manhã dessa quinta-feira (21), que matou quatro das cinco pessoas a bordo.
Não é de hoje que autoridades e moradores dos bairros próximos cobram a desativação do Aeródromo de Flores, na Zona Centro-Oeste de Manaus, e sua construção em outro local mais isolado. Todos os dias, milhares de pessoas que moram nas proximidades correm o risco de morte. Na última década pelo menos três aeronaves já caíram na região após a decolagem.
Em fevereiro de 2012, uma delas caiu a menos de 100 metros de distância da que caiu nessa quinta-feira (22), matando quatro pessoas, num terreno baldio que fica bem em frente ao fim da pista do aeródromo (mais conhecido como aeroclube), entre a avenida Torquato Tapajós e o condomínio Ouro Verde, Bairro da Paz. O piloto morreu.
Em 2016, outro avião de pequeno porte caiu em uma área de mata fechada nas proximidades do condomínio residencial Atlantis, no bairro União, quando tentava pousar no aeródromo. Seis pessoas morreram.
A tragédia dessa quinta-feira poderia ter sido pior. Testemunhas acreditam que o piloto optou por jogar a aeronave para a área mais isolada quando percebeu que o avião não se sustentaria no ar.
No ano passado, em uma reunião com o Ministério Público Federal (MPF), os locatários do aeródromo e representantes dos moradores dos bairros vizinhos chegaram ao consenso para a transferência do local. “Discutiu-se a possibilidade de um terreno em Iranduba”, lembrou o deputado Luiz Castro.
Em entrevista coletiva após a queda dessa quinta-feira, o superintendente do aeródromo, Hélio Acioli, disse que o desejo de retirada é antigo. “Isso é muito mais que uma vontade minha. Envolve governo, entidades e muito dinheiro. Ninguém se opõe a sair daqui, mas as várias empresas vão ter dificuldades já que o Aeroporto Eduardo Gomes não comporta todas”, afirma.
Sobre o acidente ele disse que a administração do aeródromo não tem responsabilidade alguma sobre as aeronaves particulares ou de empresas que operam ali. Ele ressaltou que o aeroclube é apenas uma escola de aviação que funciona dentro do aeródromo, nome correto de toda a área física do complexo.
Para os moradores e trabalhadores do entorno do aeródromo, o local pode ser utilizado para desafogar o déficit habitacional de Manaus, criar uma área de lazer ou mesmo uma creche.
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O acidente dessa quinta
A aeronave de prefixo PT-VKR decolou às 9h06 do aeródromo com destino ao município de Borba e caiu no terreno baldio. Morreram, na hora, três das cinco pessoas que estavam a bordo: o piloto Róbson Rodrigues Castilho, 39, de Campina do Lago (PR); o copiloto José Hernandes de Lima Rogério, 37, natural de Alto Santo (CE);  e o empresário catarinense Osmir dos Santos, 51, natural de Gaspar (SC).
O empresário catarinense Waldir Aldenir Cestrans, 57, uma das vítimas resgatadas com vida do acidente aéreo morreu à tarde, no Hospital e Pronto Socorro João Lúcio, Zona Leste da capital. Com traumatismo craniano e lesão pulmonar bilateral, ele não resistiu a uma cirurgia e foi a óbito.
O último sobrevivente, o empresário Fábio Matias Cunha, 47, passou por uma cirurgia no abdômen para conter uma hemorragia interna e até a publicação desta matéria permanecia em estado grave.
Manobra evitou tragédia maior
A aeronave que caiu nessa quinta-feira (22) é um monomotor fabricado pela Embraer, modelo AMB-720D, da empresa Fretav Operadora de Serviços e Turismo, cujo proprietário é José Ideilton de Souza e estava em situação regular, segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
Testemunhas afirmaram que, poucos minutos após decolar, o piloto tentou retornar à pista do aeroporto, mas não conseguiu. O funcionário público Charles Sobreira mora no condomínio Ouro Verde, próximo ao local da queda e filmou o trajeto da aeronave até o momento em que ela começa a cair.
“Percebi um barulho estranho no motor do avião, foi quando o piloto fez uma curva de aproximadamente 45 graus tentando voltar para a pista, mas o motor parou de funcionar e o piloto ainda conseguiu escolher um lugar isolado para cair. Embora tenha morrido, o piloto livrou muita gente de uma tragédia bem maior”, relatou Sobreira, que filmou sua ida até o local do acidente.
 “Eu vi a aeronave em processo de queda. O barulho da aeronave parecia normal, depois mudou mas não estava esfumaçando. Ela vinha descendo muito rápido e com bico para baixo”, disse o administrador Fabiano Marques.
Após a retirada dos sobreviventes, uma equipe de peritos do Serviço Regional de Investigação de Acidentes Aeronáuticos (Seripa-7), da Aeronáutica começou a investigar as causas do acidente, a partir de registros fotográficos. O Seripa-7 não informou quanto tempo levará para concluir as investigações.

Fonte/Foto: Nelson Brilhante, A Critica - Manaus

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