PELAS ÁGUAS DO AMAZONAS: FILME RETRATA VIAGEM DE BARCO AO FESTIVAL DE PARINTINS
Curta-metragem “Balanceia” aborda impressões e sensações vividas
durante o trajeto de rio até a festa dos bumbás Caprichoso e Garantido
Sair
de qualquer lugar do Brasil para ir rumo à Ilha Tupinambarana de barco, para
assistir ao Festival Folclórico de Parintins, tem sua certa magia. Afinal,
cruzar as águas barrentas do Rio Amazonas sem saber o que esperar no mínimo
aguça a curiosidade - principalmente porque, ao chegarmos lá, todas as
sensações são maiores. E é essa viagem que norteia o curta-metragem
“Balanceia”, de Juraci Júnior e Thiago Oliveira, exibido neste fim de semana no
município de Parintins, para mostrar aos nativos da terra um pouco do olhar do
“povo de fora que vai para brincar”.
Juraci
Júnior tem 30 anos e é ator e publicitário. Hoje ele dirige o conteúdo da SIC
TV, afiliada da Record TV em Rondônia. Ele garante que não esperava gravar um
filme em Parintins, em pleno Festival. “Mas o festival mexeu tanto comigo que
gravei muitas cenas das apresentações dos dois bois com os smartphones, que me
garantem boas imagens, em alta qualidade. Na viagem de volta, que fiz de barco,
eu acordei com o som das rabetas com os ribeirinhos chegando perto da nossa
embarcação. Aquilo tudo me incentivou escrever o roteiro, ali mesmo deitado na
rede do barco. Essas imagens gravadas com celular estão no filme”, coloca ele.
Cenas
As
imagens do filme foram feitas em Parintins, no mês de junho, durante o festival
de 2017. Mas tudo o que cerca os arredores da grande festa foi abordado. “Tem cenas
da cidade e de algumas pessoas. As cenas comigo, como ator e figuração, gravei
duas semanas depois, em Porto Velho, Rondônia. Com o barco parado, na beira do
Rio Madeira”, diz ele, lembrando que, na sinopse do filme, as memórias sobre a
festa pedem espaço na mente do personagem, durante a viagem de volta no barco
sobre as águas do Rio Amazonas.
Além
do peito pulsar com as lembranças da Batucada e Marujada dos bois Garantido e
Caprichoso, Juraci conta que, na produção, o protagonista se impressionou com
os ribeirinhos que desafiam as águas e comovem o viajante. Mas não foi só isso
que comoveu: o Festival Folclórico de Parintins, cheio de variações das cores
azul e vermelha, ganhou nas imagens do filme tons de sombras bastante apurados,
o que causa certa densidade visual.
“A
densidade da luz já veio na minha mente desde a viagem de barco. Eu fiz fotos
do barco, da luz que vinha da lua e aquelas luzes azuis da embarcação, o que
banhava meu corpo e os corpos das pessoas viajantes também”, conta Júnior.
Carga
Segundo
o diretor, essa dramaticidade da luz e sombra tem a ver com o peso do cansaço
do corpo do viajante, e a vontade de levantar e voltar para ilha - e perceber
que o corpo não reage. “Essa saudade e essa angústia de querer mais e não
poder, tem relação com isso; o contraste com essas cores densas vem do
Festival. A alegria está na arena. A saudade está no barco, indo embora, com o
personagem”, pondera ele.
O
filme é praticamente impressionista. São sensações que Juraci teve como
viajante, revelando suas impressões no filme. “O figurino tem detalhes: a
camisa do personagem tem estampas de bandeiras, que comprei durante uma viagem.
Cedi pro filme. A caracterização do personagem foi pensada para uma
representação de um cansaço. Barba por fazer, olheiras, botões da camisa
abertos... tudo sugere esse estado de um personagem cansado e nostálgico”,
revela ele.
Trajetória
O
filme estreou em outubro do ano passado, recebeu uma Menção Honrosa no 15º
Festival Latino-Americano de Cinema Ambiental CineAmazônia; foi exibido durante
o 4º Festival de Filmes de Faina, em Goiás; participou da V Semana Acadêmica do
curso de Biblioteconomia da UNIR com o tema: Memória e Resgate Cultural e faz
parte da seleção oficial do Festival de Cinema de Palmácia, no Ceará, e do Ecocine
– Festival Internacional de Cinema Ambiental, que acontece em São Sebastião, em
São Paulo. O curta será exibido nestes dois festivais, no mês de março.
Fonte/Foto: Laynna Feitoza – A Critica, Manaus
(AM)
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