MEIO AMBIENTE: SESSENTA EMPRESAS SÃO IDENTIFICADAS PELA PF EM ESQUEMA DE EXTRAÇÃO ILEGAL DE MADEIRA
Durante a operação "Arquimedes", a Polícia Federal
apreendeu, em Manaus, 10 mil m³ de madeira extraídos de forma irregular da
floresta amazônica. Empresas estão sendo investigadas
Pelo
menos 60 empresas do ramo madeireiro já foram identificadas e estão sendo
investigadas por envolvimento no esquema de extração ilegal de madeira que
começou a ser desarticulado pela Polícia Federal (PF) do Amazonas na
quinta-feira (18).
“São
madeiras das mais nobres até as que são utilizadas na construção civil, de todo
tipo, uma gama de espécies, todas da Amazônia, e com grande valor. Ainda não
sabemos o valor exato do que foi apreendido, mas é certamente expressivo”,
avaliou o superintendente da Polícia Federal no Amazonas, Alexandre Saraiva.
A
PF apreendeu 10.000 metros cúbicos de madeira que foram extraídos de forma
irregular da floresta amazônica, durante a operação “Arquimedes”, deflagrada na
quinta-feira. A ação policial tem como objetivo desmontar um esquema de
transporte clandestino de madeira extraída ilegalmente da região e destinada a
grandes comerciantes madeireiros no Brasil, na Europa e Estados Unidos. A operação teve apoio do Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e da Receita
Federal.
Conforme
o superintendente, grande parte da madeira apreendida vem de Roraima, e em
torno de 50% circularia no Brasil, por meio de navegação de cabotagem, e a
outra metade se destinaria ao exterior: Europa e Estados Unidos.
De
acordo com Alexandre Saraiva, as irregularidades mais evidentes encontradas
pelos policiais foram Documentos de Origem Florestal (DOFs) cancelados ou
falsificados, assim como diferenças substanciais entre o atestado nos
documentos e o conteúdo dos containeres, entre elas volumetria e descrição das
espécies exploradas.
“A
irregularidade mais comum de todas é a divergência de volumetria no que estava
dentro do contêiner e a que estava no DOF e Nota Fiscal. Isso pode inclusive
incidir na tributação tributária”, destacou o delegado.
O
trabalho de investigação começou no Amazonas e, de acordo com o
superintendente, é inédito, tanto pela forma como a polícia está trabalhando
quanto pela quantidade de madeira beneficiada apreendida - provavelmente uma
das maiores já feitas no Brasil. O material apreendido até o momento, se
colocado de forma linear, cobriria um percurso de
1.500
km, o que equivaleria à distância entre Brasília e Belém, aproximadamente.
Saraiva
ressaltou que nem todas as empresas com cargas apreendidas em operações estão
na ilegalidade. “Mas mesmo assim temos que verificar”, disse.
Ele
avalia que o mercado da madeira ilegal inviabiliza o negócio lícito. “É muito
difícil para quem trabalha legalmente competir com quem está na ilegalidade
porque os custos são totalmente diferentes. Essa operação pode ser um marco
para que o setor madeireiro se torne mais legalizado”, afirmou.
Alerta foi dado pela Receita Federal
As
investigações da operação “Arquimedes” começaram no dia 14 de dezembro do ano
passado, depois de um alerta dado pela Receita Federal sobre um aumento
expressivo no transporte de madeira pelos portos Super Terminais e Chibatão, na
Zona Sul de Manaus. O Ibama e a PF foram
acionados.
Uma
equipe de agentes da PF foi aos dois portos e encontrou em torno de 170
contêineres aguardando a saída desses portos.
Dez contêineres foram fiscalizados aleatoriamente pelos policiais e em
todos foram encontrados carregamento de madeira irregular.
A
operação leva o nome de um filósofo e matemático grego que usava a técnica de
imersão em um recipiente com água para encontrar o volume de materiais, técnica
que inspirou os peritos da Polícia Federal para realizar a medição do volume do
material apreendido.
BLOG - Alexandre Saraiva, superintendente da PF/AM
Medidas
serão tomadas para evitar que esse tipo de crime continue acontecendo. Será
criado um protocolo de atuação muito mais eficiente para essa fiscalização com
instituições, como Ministério Público, Ibama e a Receita Federal, cada uma
dentro da sua esfera de atribuição vão atuar com mais rigor. A Polícia Federal
vai manter uma equipe direcionada na questão dos portos, ali no Chibatão, Super
Terminais e outros que comecem fazer esse tipo de transporte. Se a gente fechar
a rota do rio, que é um sistema de transporte bastante econômico, essa madeira
ilegal vai perder o preço que ela tem de vantagem em relação à madeira legal, e
aí vai fazer com que o negócio ilegal
não seja tão rentável e desestimular o desmatamento. Essa é a nossa expectativa
e a nossa esperança.
Novo método de fiscalização
Para
dar conta do serviço, a Polícia Federal desenvolveu um método de fiscalização
da madeira ilegal da Amazônia que vai ser exportado para
outras
unidades da PF em portos como os de São Luiz, Rio de Janeiro e Santos.
Fonte/Foto: Joana Queiroz, em Manaus-AM/A
Crítica
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