ARTIGO: PENA DE MORTE É A SOLUÇÃO PARA O SISTEMA PENAL?
Pesquisa recente do Datafolha aponta que a maioria dos brasileiros
apoia a pena de morte. Advogado Especialista em Direito Penal explica os
principais pontos que devem ser analisados
De
acordo com pesquisa recente realizada pelo Instituto Datafolha no mês de
Janeiro deste ano, 57% da população brasileira apoia a pena de morte. O aumento
foi de dez pontos percentuais quando comparado à última pesquisa, em 2008, que
era de 47%. O levantamento foi feito com base na entrevista de 2.765 pessoas de
192 cidades brasileiras e a faixa etária que é mais favorável (61% se
manifestaram a favor da execução de condenados) é a de 25 a 34 anos de idade.
Segundo
Carlos Eduardo Rodrigues Bandeira, advogado Especialista em Direito Penal,
Mestre em Direito Político e Econômico e Consultor em Direito Penal no Theon de
Moraes Advocacia Empresarial, embora a maioria da população apoie a pena de
morte com a justificativa de que ela seria a solução para os problemas do
sistema penal, como as superlotações (atualmente há quase setecentos mil
internos no país), os gastos públicos e a impunidade, a medida não se mostra
eficaz.
Não houve redução de presos e crimes em países onde há pena de
morte
Deve-se
observar que nos Estados Norte Americanos, onde existe a pena de morte, não
houve a redução do número de presos e nem da delinqüência. “Os Estados Unidos
contava com mais de dois milhões de presos até o ano de 2017, seguido da China
com mais de um milhão e meio de população carcerária, outro país que também
adota a pena capital”, enfatiza.
Dificuldades da adoção da pena de morte no Brasil
Para
o advogado, há três pontos principais que dificultam a adoção da pena de morte
no Brasil: a longa e tortuosa marcha processual até chegar ao Supremo Tribunal
Federal; a ausência de mecanismos democráticos efetivos para a manifestação
direta da vontade popular e a atual situação do sistema penal no país.
“Mesmo
que a pena capital seja aprovada no Brasil, a decisão final pode demorar
décadas, ou seja, o réu ainda ficaria sob custódia do Estado, o que continuaria
a envolver gastos públicos, exatamente como se encontra o atual sistema penal”,
explica Carlos Eduardo Rodrigues Bandeira.
Além
disso, um dos princípios da teoria penal brasileira impede a retroação de lei
penal que venha a prejudicar o réu. Somente há retroagem das leis penais que
venham a beneficiar o réu e não o contrário. “Nada poderá ser feito com relação
aos atuais custodiados, somente aos futuros réus, o que implica na manutenção
dos gastos públicos com o sistema prisional, a superlotação dos presídios e
outros problemas.”
O
profissional ainda afirma que mesmo que se fale em clamor popular pela pena
capital, dificilmente será possível a manifestação direta da população para
decidir sobre uma questão tão sensível. No final das contas, a decisão será
feita apenas por uma elite parlamentar eleita.
Assim,
a pena de morte não parece ser uma solução imediata para o sistema penal.
Segundo o advogado, “O caminho ideal seria o investimento na prevenção de
ocorrência de novos crimes através de políticas públicas de educação e
organização do mercado de trabalho”
SOBRE
O ADVOGADO
Carlos Eduardo Rodrigues Bandeira
Advogado
especialista em Direito Penal, Mestre em Direito Político e Econômico,
consultor em direito penal no Theon de Moraes Advocacia Empresarial (http://theondemoraes.com.br).
Fonte/Fotos: Vanessa Peres, V&V Ideias
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