O QUE, AFINAL, DEFINE A ALMA PARAENSE?
Grandes
escritores regionais já se debruçaram sobre o complexo assunto. Dalcídio
Jurandir, Eneida de Moraes, Haroldo Maranhão, Ruy Barata e De Campos Ribeiro,
principalmente. Mas é fato notório que não há um inventário completo daquilo
que informalmente chamamos de “coisas do Pará”.
O
Blog do Gerson tomou a liberdade de elaborar uma lista mais ou menos lista
representativa da essência deste caboclo tão diferente, incompreendido, bacana
e único – o paraense.
Ser
paraense é…
Ter (e festejar) um
Natal em outubro e outro em dezembro.
Nutrir orgulho e
pavulagem por esta terra tão sacaneada por gerações de maus governantes –
incluindo os de agora.
Jamais comer manga com
febre – nossos avós diziam que faz mal.
Falar “égua!” em quase
todos os momentos e situações.
Ir às lágrimas na passagem da berlinda de
Nossa Senhora de Nazaré.
Ter intimidade com a
santa padroeira, a ponto de chamá-la de Nazica.
Torcer apaixonadamente
por Remo ou Paissandu mesmo que os times não mereçam tanta paixão.
Viajar sempre com um (ou
mais) isopor levando delícias da terra – cupuaçu, pupunha, taperebá, açaí,
tucumã, bacuri, bacaba, filhote, dourada, tucunaré etc. etc. – a amigos de
fora.
Sentir-se de verdade o
senhor dos rios e florestas.
Reenergizar o espírito
belenense passando sob o túnel de mangueiras da avenida Nazaré.
Degustar cachorro-quente
(de picadinho) nas esquinas de Belém. McDonald’s é para os fracos.
Curtir um passeio na
Estação das Docas sob a brisa da baía do Guajará.
Tomar açaí (com ou sem
açúcar) com farinha de tapioca, camarão, jabá ou peixe frito – ou tudo isso
junto.
Defender a tradição do
carimbó de Verequête e do siriá de Mestre Cupijó.
Entender que Cerpinha é
a melhor cerveja do universo, e nem cabe discussão.
Viajar quilômetros pra
comer tapioquinha nas barraquinhas de Mosqueiro.
Saber que todos aqui
somos manos e manas.
Forrar o bucho na
comilança do Roxy, saborear 300 sabores de sorvete na Cairu, tomar chope no
Cosa Nostra, traçar filhote com jambu no Avenida.
Tomar banho com sabonete
Phebo e usar roupas perfumadas por patchuli.
Ficar sinceramente feliz
ao encontrar conterrâneos fora do Estado e do país.
Encarar uma cuia de
tacacá às 3 da tarde sob temperatura de até 40 graus.
Desfrutar da beleza de
Alter do Chão e trombetear isso ao mundo.
Usar um dialeto
particular que inclui palavras como “arredar”, “estrupício”, “inhaca”, “varar”,
“morrinha”, “pitiú”, “panemice” etc.
Fazer do combo café
preto + pupunha o lanche dos deuses.
Falar mal do Ver-o-Peso,
mas não permitir que nenhum visitante faça o mesmo.
Andar descalço na chuva
e admirar o céu todo branco nos torós de fim de tarde.
Devorar maniçoba, pato
no tucupi e vatapá paraense (com jambu) no sagrado almoço do Círio, tendo
compota de cupuaçu como sobremesa.
(Opinião Gérson Nogueira)
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