TROMBA D’ÁGUA VIROU EMBARCAÇÃO NO RIO XINGU
Uma
tromba d’água causou a tragédia que matou, até ontem (24) pessoas dentre os 48
ou 49 passageiros que viajavam no navio “Capitão Ribeiro”, naufragado no Rio
Xingu, na última terça-feira, por volta de 22 horas. Segundo relatos de
sobreviventes, chovia muito quando o barco começou a naufragar após ser
atingido pela tromba d’água. A embarcação - dizem sobreviventes - começou a
estalar e as pessoas entraram em desespero para tentar se salvar. Alguns conseguiram
colocar colete salva-vidas, mas a maioria não. A expectativa é de que os demais
desaparecidos sejam encontrados nesta sexta-feira (25). Quatro pessoas ainda
continuam sumidas.
“O
barco começou a estalar e foi todo mundo para o fundo”, disse o DJ Bruno Costa,
29 anos, que sobreviveu ao naufrágio. Segundo ele, uma lona colocada sobre o
barco para proteger os passageiros da chuva dificultou o salvamento de muitos.
“Vivi momentos terríveis na minha vida. A lona que é amarrada quando chove
impediu muita gente de sair. Eu consegui resgatar uma criança de 2 anos, mas eu
estava sem colete, a criança também”, disse ele, ao contar que um homem, que
também tentava se salvar, impediu que ele resgatasse a criança. “Ele subiu em
cima de mim, tirou a criança e rasgou minha camisa. Eu consegui sair desse cara
e ele foi para o fundo”. Segundo o DJ, ao chegar à superfície, ele avistou
outros sobreviventes, mas nem todos conseguiam se manter flutuando pela falta
de coletes salva-vidas. “Foi aí que consegui me manter na superfície, mas muita
gente infelizmente não conseguiu”, relata.
O
sub-comandante do “Capitão Ribeiro”, Waltinho Moreira, disse que aconteceu tudo
muito rápido e todos foram pegos de surpresa. “Eu só sei dizer que foi um vento
muito forte, que não deu pra fazer nada. Aí, veio uma tromba d’água, um
redemoinho muito forte, que pegou a embarcação de surpresa e não teve nada que
a gente pudesse fazer. Aí, a embarcação tombou, sem deixar chance pra ninguém”,
disse o tripulante à TV Liberal.
O
navio Capitão Ribeiro saiu do município de Santarém, oeste do estado, às 18
horas de segunda-feira (21). A embarcação fez escalas nos municípios de Monte
Alegre e Prainha. O destino era Vitória do Xingu. O barco afundou em uma área
denominada Ponta Grande do Xingu, entre Porto de Moz e Senador José Porfírio.
O
Corpo de Bombeiros Militar (CBM) e a Marinha do Brasil confirmaram, ontem à
tarde, a morte de 21 pessoas e 27 sobreviventes resgatados. Autoridades
acreditam que cinco pessoas ainda estejam desaparecidas, depois que o
proprietário do navio disse que transportava 48 passageiros, mas a estimativa
oficial da Segup é de 49 passageiros. Informações extra-oficiais davam conta de
que o barco conduzia 70 passageiros. O navio-patrulha “Bocaina”, da Marinha,
assumiu o controle da operação de busca e salvamento, com apoio das equipes de
resgate dos bombeiros e da lancha balizadora de Mar Aberto (LBM) “Marco Zero”.
O
barco foi trazido à superfície ainda ontem. A embarcação foi içada à superfície
por um sistema mecânico que utilizou cabos de aço atrelados a uma balsa da
prefeitura, ancorada às proximidades. O içamento do barco permite que as
equipes de resgate visualizem melhor a área em busca de sobreviventes ou
corpos. O trabalho conta com o apoio de helicópteros que sobrevoam próximo à
água.
De
acordo com a Agência Estadual de Regulação e Controle de Serviços Públicos
(Arcon-Pa), o barco não estava licenciado para fazer o transporte de
passageiros. Militares da Marinha estão no local levantando informações para o
inquérito que vai apurar causas, circunstâncias e responsabilidades do
acidente.
Até
a noite da última quarta-feira (23), dez corpos haviam sido resgatados, entre
eles o de um bebê de um ano; nove deles foram identificados e liberados pelo
Centro de Perícias Científicas Renato Chaves (CPCRC). A identificação dos
corpos foi feita no Ginásio Municipal Chico Cruz, em Porto de Moz. Vários
profissionais da saúde de municípios próximos foram ao local para ajudar
familiares e amigos das vítimas. O corpo que estava sem identificação, até a
manhã de ontem, no CPC Renato Chaves, é do sexo masculino. Segundo o Corpo de
Bombeiros e Defesa Civil, a embarcação tinha capacidade para 90 a 100
passageiros.
Em
depoimento à polícia, o proprietário do barco que naufragou que não havia
controle de passageiros no momento do embarque em Santarém, oeste paraense. De
acordo com a Segup (Secretaria de Segurança Pública do Estado), Alcimar Almeida
da Silva disse ontem (24), que havia cerca de 50 pessoas na embarcação e não 70
como havia sido divulgado anteriormente.
Fonte/Foto: Redação Portal ORM/ Magda
Vrosk

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