O CUSTO DAS ELEIÇÕES
A
democracia custa caro. Às vezes, caríssimo. Eleições não podem ser feitas com
alguns trocados. Não pode ser realizada com segurança com apenas alguns
quinhões de reais. É preciso dinheiro. E muito dinheiro.
Nas
eleições passadas, a Justiça Eleitoral em vários Estados chegou a anunciar que
o pleito ficaria inviabilizado se as dotações orçamentárias previstas
inicialmente não ficassem livres de cortes expressivos que o governo fez, já em
plena crise.
Sabem
todos os políticos, principalmente, que organizar eleições em regiões como a
Amazônia - onde é preciso conduzir urnas até em lombo de burros a rincões
inacessíveis por qualquer meio de transporte - demanda logística apreciável,
que custa muito caro.
A
reforma política, em curso na Câmara dos Deputados sob a relatoria do deputado
Vicente Candido (PT-SP), precisa estabelecer o princípio de que o dinheiro
público a ser utilizado para financiar as eleições deve ser racionalmente
gasto. Isso implica aferir com precisão as necessidades para que o Tesouro
venha a despender recursos na medida exata.
Em
nova versão de seu relatório, apresentado à comissão da reforma política, o
deputado embutiu previsão de R$ 3,6 bilhões para financiar as eleições de 2018
e cerca de R$ 2 bilhões para as eleições seguintes.
Essa
é a terceira versão do relatório à comissão, que trata das regras eleitorais,
do sistema eleitoral e do financiamento de campanhas. Para financiá-las, será
criado o Fundo Especial de Financiamento da Democracia (FFD), que não se
confunde com o Fundo Partidário, que será mantido. O FFD será distribuído e
fiscalizado pela Justiça Eleitoral e financiará todos os candidatos.
Os
recursos do fundo serão incluídos na lei orçamentária do ano do pleito. Para a
eleição de 2018, a proposta destina 0,5% da receita corrente líquida (RCL) -
calculada de junho de 2016 a junho deste ano, o que daria cerca de R$ 3,5
bilhões, segundo o relator.
A
partir de 2020, o valor do fundo será de 0,25% da receita corrente líquida
(RCL) do ano anterior, algo em torno de R$ 2 bilhões, segundo estimativa de
Candido. A proposta também impõe teto de gastos para cada cargo em disputa,
conforme o tamanho da população na circunscrição eleitoral.
“O
centro do debate é o financiamento público. E, por ser financiamento público,
nós temos de tomar muito cuidado com o regramento. Nós temos de ter eleições
enxutas”, disse Candido.
Realmente,
o centro do debate é esse. Parlamentares e seus partidos não podem perder a
racionalidade na previsão dos recursos, para que as eleições não se façam nem
com alguns trocados e nem com quantias em valores acima do estritamente
necessário.
Fonte: ORM News
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