FOTOGRAFIA: O PARÁ QUE INSPIRA O BRASIL
Onze fotógrafos paraenses participam de mostra coletiva no Museu
de Arte do Rio
Onze
fotógrafos do Pará têm trabalhos pertencentes ao acervo do Museu de Arte do Rio
(MAR) e participam da exposição coletiva “Feito poeira ao vento - Fotografia na
Coleção MAR”, que reúne o acervo de mais de 100 profissionais brasileiros. O
nome da exposição é inspirado no vídeo do paraense Dirceu Maués, que hoje vive
em Brasília. Feito em 2006 para o Arte Pará, o vídeo “Feito poeira ao vento”
reúne imagens de pinhole para o qual foram utilizadas câmeras artesanais
improvisadas em caixinhas de fósforos para fazer um registro de 360 graus no
Ver-o-Peso. A exposição, que tem a curadoria de
Evandro Salles, teve início no dia 19 deste mês e fica aberta à
visitação pública até 1º de julho de 2018.
Além
de Dirceu, fazem parte da mostra os fotógrafos Luiz Braga, Guy Veloso, Paula
Sampaio, Berna Reale, Gratuliano Bibas, Marcone Moreira, Mariano Klautau,
Orlando Maneschy, Octávio Cardoso e Sinval Garcia. O Museu de Arte do Rio (MAR)
tem constituído uma significativa coleção de fotografias e experimentos que se
dão em plataformas diversas da imagem, como o livro, o filme, a instalação, a
pintura ou a performance, configurando a operação fotográfica como um gesto
capaz de ir além de si mesmo e, com isso, demonstrando a potência da produção
de imagem em termos históricos e atuais. A exposição é um panorama dessa
constelação de imagens, sensibilidades, vocações e experimentos.
Além
do vídeo “Feito poeira ao vento” - que foi vencedor dos salões da Bahia e
Paranaense, bem como do Rumos do Itaú Cultural, que garantiu ao artista uma
bolsa de residência na Alemanha - Dirceu também traz para a exposição as fotos
panorâmicas de diversas cidades da série “Extremo horizonte”, projeto vencedor
do Prêmio Marc Ferrez de Fotografia, da Fundação Nacional de Artes (Funarte),
do Ministério da Cultura, de 2012. “Nessa série também fiz fotos com pinhole em
que movi a câmera artesanal e o filme (analógico), resultando em imagens
borradas com fantasmas e sombras, que em alguns pontos, estica ou encolhe
objetos”, relata o fotógrafo. Em cerca de 25 anos de carreira, Dirceu ganhou
vários prêmios, como Vídeo Brasil em 2011, que garantiu uma bolsa na Holanda, e
o Prêmio Brasil Fotografia, que garantiu outra bolsa no ano passado.
Outra
fotógrafa que participa da mostra é Paula Sampaio, mineira de nascimento que
atua profissionalmente no Pará há 30 anos. Ela traz para a exposição as imagens
da série “Antônios e Cândidas têm sonhos de sorte”, projeto iniciado em 1990 e
que retrata o processo de colonização e de migração nas rodovias Transmazônica
e Belém-Brasília, assunto que virou tema do mestrado em História Social da
Amazônia pela Universidade Federal do Pará (UFPA), mesma instituição em que
formou-se em Jornalismo. “É muito positivo num momento em que é necessário
discutir as questões amazônicas. Nós fazemos esse trabalho vivenciando os
problemas e a realidade da Amazônia de forma visceral. Somos todos muito
comprometidos com questão da região, o que faz a diferença”, afirma a artista
sobre a participação na mostra.
Entre
os prêmios conquistados por Paula estão: Funarte, do Rio de Janeiro; Mother
Jones Internacional Fund for Documentary Photography, dos Estados Unidos;
Fundação Vitae e Prêmio Porto Seguro Brasil de Fotografia, de São Paulo;
Fundação Rômulo Maiorana, Fundação Ipiranga e Secretaria de Cultura do Estado
do Pará (Secult); Agência Nacional de
Direitos da Criança (AND), Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj) e
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS) e Unicef, entre outros.
Já
Guy Veloso, que reúne 27 anos de estrada na fotografia, exibe na mostra a série
“Êxtase”, que foi exibida no Arte Pará em 2012. “Eu tentei misturar fotografias
de cultos afroreligiosos com catolicismo de maneira que criasse um diálogo
sobre a religiosidade, sempre de encontro à intolerância, buscando a identidade
entre os credos. Não identifiquei a que cultos pertenciam as fotos, que foram
colocadas lado a lado. Na maioria delas não dava para identificar qual o ritual
que estava sendo retratado. A ideia foi sugerir que as religiões levam ao mesmo
lugar, a Deus”, explica.
Sobre
a exposição no MAR, ele destaca que é “muito importante estar ao lado de
profissionais nacionalmente conhecidos num dos museus mais importantes do
país”. Veloso participou da 29ª Bienal de São Paulo, em 2010, e até setembro
ele exibe o projeto “Penitentes”, com fotos de rituais secretos de penitência
ocorridos no sertão nordestino, na Bienal das Américas em Denver, nos Estados
Unidos. Entre os prêmios que venceu, está o I Prêmio de Fotografia do Arte
Pará, em 2007.
Fonte/Foto: O Liberal/Paula Sampaio

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