ERVAS MANTÊM PRESTÍGIO NO MERCADO DO VER-O-PESO, EM BELÉM-PA
Farmacêutica pede cuidado, mas não rejeita uso a partir da
informação
O
tradicional mercado de produtos naturais na órbita do Ver-o-Peso mantém-se
firme entre consumidores, sobretudo os próprios paraenses na faixa etária acima
de 30 anos, segundo informações dos próprios comerciantes e erveiras. Alguns
vendedores atribuem a regularidade da procura por plantas medicinais à cultura
repassada de geração a geração em Belém, estimulada pela exuberância dos
recursos naturais disponíveis no Ver-o-Peso e nas demais feiras livres da
cidade. Farmacêutica com experiência em farmácia hospitalar na rede pública,
Júlia Santos da Silva só recomenda cuidado com excessos e misturas.
“Me
preocupa a mistura de ervas e cascas, ainda que o propósito seja para melhora
da saúde’’, pondera a farmacêutica Júlia Silva, alertando para o fato de que, assim
como há muitas plantas com propriedades medicinais já reconhecidas
cientificamente, outras ainda não têm estudos conclusivos, portanto, não se
sabe ao certo os efeitos que podem provocar no organismo humano.
“Eu
não reprovo, tenho familiares que bebem chás de raízes e folhas, mas não
recomendo nenhuma mistura, por exemplo; se você quer experimentar uma planta
medicinal converse com quem vende, se informe com quem compra e principalmente
na ida ao médico, conte para ele que você está tomando isso e aquilo’’, orienta
a farmacêutica.
No
setor de ervas da feira, além de itens tidos como eficientes para mandingas, um
termo de origem africana que diz respeito à magia ou crendice popular, as
folhas, óleos, raízes e cascas e até caroços constam na lista de receitas
medicinais indicadas para curas diversas de doenças.
Na
semana passada, a feirante Daniele Silva procurava o xarope do cupim para asma,
recomendado contra tosse na lojinha de Ubiraci Dantas Gomes, mais conhecido
como Bira, bem em frente ao setor de ervas, já nos fundos do Mercado de Peixes.
O xarope do cupim está em falta, segundo Bira, devido à grande procura.
A
confiança em remédios naturais, como o xarope de cupim, Daniele Silva atribui
ao fato de ver outras pessoas consumindo e se sentindo bem. “Isso é normal,
praticamente não vou ao médico, nem eu nem minhas duas filhas gêmeas. Criei com
as ervas medicinais daqui, estão com 15 anos’’, afirmou a feirante.
Na
loja de Bira, outro produto em alta é o extrato de Raízes - Gotas do Zeca, informa
o rótulo do pequeno frasco de plástico, vendido a cinco reais, indicado para
todas as moléstias do estômago, fígado, intestino, tonteira, desarranjo
intestinal, insônia, dor de cabeça, peso e dores no estômago, cólicas hepáticas
e outras perturbações do aparelho digestivo. O modo de usar recomendado é de 20
gotas para o adulto após as refeições; para criança, a metade da dosagem.
A
embalagem informa que as Gotas do Zeca foram preparadas pela empresa Flora
Medicinal, em maio deste ano, com validade até maio de 2019. “Isso serve até
para diarreia’’, disse Bira Gomes, o comerciante da lojinha, que costuma ele
próprio tomar o remédio que vende. “Quando eu vou beber umas por aí, eu tomo
logo as Gotas, noutro dia, estou ótimo’’, afiança Ubiraci.
‘’Não
costumo comprar’’, disse o empresário João Paulo Muniz, segurando um grande
maço de manjericão para temperar salada. “Eu compro só para por na comida. Na
hora que sinto alguma dor, vou ao médico ou à farmácia mesmo’’, afirmou.
Para
a erveira Márcia Maria dos Anjos Cardoso, há 12 anos vendendo plantas
medicinais, os produtos têm boa saída porque são bons, funcionam, caso
contrário, o cliente não voltaria. Ela informou que os mais vendidos,
atualmente, são o mastruz, erva medicinal cujo nome científico é Ambrosioides
Chenopodium. De cheiro forte, o mastruz possui vitaminas A e C e,
especialmente, complexo B, mas também tem cálcio, ferro, fósforo, zinco e
potássio. O mastruz, disse a erveira, é antibacteriano e antiviral e um
excelente cicatrizante de feridas.
Ela
também tem tido boa venda da folha de algodão, que serve para tosse, asma e
bronquite. ‘’Vendemos também os naturais para problemas no estômago, eu tenho a
folha do sicuriju e a da espinheira santa, do pirarucu. Você faz o chá dessas
folhas. Primeiro, lava bem elas, depois põe na água para ferver, deixar ferver
e aí deixa esfriar para por na geladeira, e vai tomando feito água, mas não
pode passar de dois dias fazendo isso, perde o efeito’’, ensinou Márcia.
Com
a experiência de mais de 30 anos no setor de ervas do Ver-o-Peso, Eliana Alves
de Carvalho citou a mistura de favacão, laranja da terra, japona branca, todas
folhas para o banho de cabeça contra gripe. “Isso é para as crianças não
griparem ou melhorarem da gripe, mas é claro, que elas têm de tomar bastante
água normal, água de coco e sucos também’’, afirmou Eliana.
Fonte/Foto: Redação ORM News/Tarso Sarraf

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