PARÁ: SOMOS TODOS SÉRGIO SERRA
O
Pará está estarrecido ante as razões para a renúncia do presidente do Paysandu
Sport Clube, Sérgio Guerra. Vivemos uma guerra não declarada, com a população
amedrontada e as estatísticas a revelar a hecatombe diária, que nos tira a
cidadania e os mais básicos direitos humanos. Não podemos nos render à
violência! É preciso que a Segup dê garantias de vida a Sérgio Guerra e sua
família, e que o caso seja esclarecido, com a devida punição aos criminosos. A
impunidade é mola mestra da ameaça e de todos os crimes.
A
jornalista parauara Cristina Serra, que brilha na TV Globo, denunciou o caso em
seu perfil pessoal no facebook:
"Meu irmão, Sérgio Serra, acaba de renunciar à presidência do
Paysandu Sport Clube (time de futebol de Pará), depois de um episódio traumático
que nos abalou a todos. No domingo à noite, ele passeava numa praça em Belém
com a esposa, Cristina (sim, minha xará), e o filho mais velho, Gustavo, de 14
anos, quando dois homens numa moto se aproximaram. Um deles, com o rosto
encoberto pela camisa, encostou o revólver no rosto do meu irmão e disse o
seguinte: "Eu já sei onde tu moras. Se o Paysandu descer pra série C, eu
acabo contigo, com a tua mulher e com esse teu filho maluco". Detalhe,
Gustavo, meu sobrinho, é um adorável adolescente autista, um tesouro que temos
em nossa família.
Abaladíssimo, meu irmão tomou a única decisão possível numa
situação como essa, a renúncia. Como muitas outras coisas no Brasil, o futebol
(com poucas exceções), pra mim, há tempos virou coisa de bandido. Já está a tal
ponto contaminado que não há o que reformar, recuperar, restaurar, tamanha a
putrefação. E dou ênfase: tal como outras tantas coisas no Brasil.
Quando meu irmão informou à família que iria se candidatar à
presidência do clube, todos lamentamos. Eu, particularmente, achava um
desperdício o Sérgio dedicar o seu talento, sua competência, sua inteligência e
seu altruísmo a isso. Mas meu irmão é um idealista, tem um coração de ouro,
acredita poder fazer a diferença com seus valores, seu trabalho e sua dedicação.
Sou testemunha do quanto trabalhou nestes seis meses, sacrificando o tempo
precioso em que poderia estar com a família e sua vida profissional, para se
dedicar ao clube que é sua paixão desde a infância.
Infelizmente, vejo este caso, que me toca tão de perto, como uma
metáfora do Brasil de hoje, em que bandidos nos ameaçam, nos amedrontam, nos
tiram a crença de que podemos contribuir para a construção de algo melhor, nos
tiram a esperança em dias melhores. Pobre Paysandu, pobre Brasil."
Fonte: postado por Franssinete Florenzano, em
uruatapera.blogspot.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário