ARTIGO DEDOMINGO: NO MESMO BARCO
- por Lúcio Flávio Pinto (*)
Desde
o anúncio da sentença do juiz Sérgio Moro condenando Lula, os petistas se
empenham em distinguir o caso do seu líder da situação do presidente Michel
Temer. Moro se baseou em meras ilações. Não há a materialização dos crimes que
atribui ao ex-presidente. Logo, não há crimes. Já contra Temer são “robustas”
(expressão em moda) as provas de corrupção.
Não
é exatamente assim. A defesa de Temer nega a existência de qualquer prova de
corrupção do cliente. Os 500 mil reais da propina paga por Joesley Batista
ficou com o ex-deputado Rodrigo Loures, que já devolveu integralmente o
dinheiro à Polícia Federal e não se pronunciou sobre o destino desse dinheiro.
Logo, inexiste conexão. Sem o elo físico, que seria o dinheiro, não há prova de
que seu destinatário seria Temer. A não ser com a confissão do portador da
grana.
Não
há prova material de que Lula seja o dono do triplex do Guarujá. O registro do
imóvel continua em nome da OAS. Mas este era justamente o ardil criado para
esconder o dono de fato do patrimônio. Não só porque confessaram os dirigentes
da empreiteira, assumindo sua culpa na transação ilícita.
O
juiz aponta várias provas contidas nos autos que estabelecem a relação da OAS
com Lula, da mesma maneira como das JBS com Temer. Testemunhos, documentos
escritos, vídeos, grampos telefônicos, conexões lógicas e outros fortes
indícios apontam para o verdadeiro dono do imóvel. Da mesma maneira como esse
mesmo tipo de prova associa Loures a Temer, a partir de Joesley.
Todos,
portanto, estão no mesmo barco.
(*) Lúcio Flávio Pinto é jornalista profissional desde
1966. Percorreu as redações de algumas das principais publicações da imprensa
brasileira. Durante 18 anos foi repórter em O Estado de S. Paulo. Em 1988
deixou a grande imprensa. Dedicou-se ao Jornal Pessoal, newsletter quinzenal
que escreve sozinho desde 1987, baseada em Belém.
No
jornalismo, recebeu quatro prêmios Esso e dois Fenaj, da Federação Nacional dos
Jornalistas. Por seu trabalho em defesa da verdade e contra as injustiças
sociais, recebeu em Roma, em 1997, o prêmio Colombe d’oro per La Pace e, em
2005, o prêmio anual do CPJ (Comittee for Jornalists Protection), de Nova York.
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