AGORA É LEI: EMISSORAS DE BELÉM-PA OBRIGADAS A TOCAREM CARIMBÓ
Promulgação na Câmara Municipal incluiu homenagem a Dona Onete
A
inserção do carimbó nos programas das rádios de Belém passa a ser obrigatória
com a lei municipal nº 9.276, denominada Lei Pinduca, promulgada ontem pela
Câmara Municipal. Pelo texto, em seu artigo 1º, as rádios serão obrigadas a
incluir o carimbó diariamente em sua programação pelo menos uma vez em cada um
dos turnos da manhã e da tarde, no horário comercial, ressalvando-se da
obrigação as rádios de programação exclusivamente religiosa.
Autor
do projeto, o vereador Mauro Freitas (PSDC) informou também, durante a
solenidade, que já está em tramitação na Casa um projeto que propõe a
destinação do Palacete Pinho para a instalação do Museu Paraense de Cultura. Já
denominada “Momento do Carimbó” a inserção nas rádios de canções típicas do
Pará foi oficializada em solenidade durante a qual a cantora e compositora
Ionete da Silveira Gama, a Dona Onete, recebeu medalha e diploma de mérito
cultural Mestre Verequete, pelo trabalho de divulgação da cultura regional que
a artista paraense vem realizando.
Além
da cantora e do compositor Pinduca, a cerimônia contou com a presença de
Augusto Rodrigues, filho do Mestre Verequete, e das principais expressões do
carimbó no Pará. O reconhecimento traduzido na lei que leva seu nome é motivo
de orgulho para Pinduca, que já incorporou o título de Rei do Carimbó. “A Casa
usou meu nome sem me falar nada. É aí que está a beleza da coisa. Fui
surpreendido com o convite”, disse o cantor, que comemora 38 discos gravados e
divulgados no Brasil e no mundo.
Para
a família do Mestre Verequete, a Lei Pinduca é um grande avanço na valorização
do carimbó.
Aos
77 anos, Dona Onete comemora o sucesso e o reconhecimento com a sabedoria de
quem lutou muito para conquistar espaço e aproveitou o momento para reforçar na
Câmara Municipal o pedido já feito ao prefeito Zenaldo Coutinho, por um espaço
que possa ser destinado ao museu da música paraense. “Eu pedi ao prefeito que
destinasse o Solar da Beira, mas os vereadores pensaram num lugar até melhor,
que vai poder receber não só a história da nossa música, mas também dos nossos
escritores, dos nosso pintores. A ideia é que também seja um lugar de
pesquisa”, explicou.
Autor do projeto diz que ouvinte deve pedir para ouvir ritmos do
Pará
Para
o vereador Mauro Freitas, a população pode e deve contribuir para fazer valer a
nova lei. “Daqui a alguns dias, com a publicação no Diário Oficial, a Lei
Pinduca estará valendo e estaremos na luta para
incluir nosso carimbó em todas as rádios AM e FM e rádios comunitárias
do nosso município”, disse ele. Segundo o vereador, que se disse satisfeito e
orgulhoso pela promulgação da lei ter ocorrido na sua gestão como presidente da
Câmara Municipal, o ouvinte deve ligar para as rádios e pedir para ouvir
carimbó. “É o nosso momento de fazer valer a nossa vida, a nossa história e não
podemos deixar passar”, afirmou Freitas.
A
Lei Pinduca também teve a aprovação e o apoio do Sindicato dos Radialistas do
Estado do Pará.
Durante
a homenagem, Dona Onete ressaltou o destaque que o carimbó vem conquistando
pelo mundo afora. “Eu estou muito feliz com essa lei, por levar o nome do
Pinduca, que também luta muito, que também já foi muito criticado. Ninguém sabe
como é difícil o carimbó ser tocado. E ele já tocava, já fazia shows e viajou
muito também. Agora chegou a vez da Dona Onete levar o carimbó para fora do
Brasil, o que eu venho fazendo e explicando pra todo mundo o que é o pitiú”,
brincou.
Sobre
o sucesso da música “No meio do pitiú”, Dona Onete contou que no início a
música tocava no interior e era vendida em CDs piratas por camelôs, mas logo
chegou às rádios e hoje é ouvida até fora do País. “Pra mim foi uma felicidade,
porque já teve uma época, numa maré muito pequena que as rádios tocavam carimbó,
mas logo passou e outros ritmos tomaram conta. Mas é uma dança tão ingenuamente
pura, que a gente nem precisa de cavalheiro: a gente chega, dança, bebe uma
jamburana, uma cachaça de jambu e dança mesmo. E uma flor no cabelo. Uma mulher
não sabe o quanto é bonito botar uma flor no cabelo, uma boca pintada”,
recomendou.
Fonte/Foto: ORM News/Ascom Câmara
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