ESTUDANTES RIBEIRINHOS RETRATAM HISTÓRIAS TRADICIONAIS EM LIVRO DE FÁBULAS




Inspiradas em famosos fabulistas, as narrativas ganham vida com cenário e bichos da Amazônia
O boto pavulagem, o tralhoto invejoso, a esperteza do jacaré e a perseverança da preguiça. Essas são algumas das 56 histórias que fazem parte do segundo livro da série “Contando as histórias que nos contaram”, intitulado “Fábulas”, lançado na última sexta-feira, em Barcarena. A publicação é fruto do projeto social Catavento, realizado pela Alubar Metais e Cabos em parceria com a Secretaria de Educação e Desenvolvimento Social do município.  
As narrativas foram inspiradas pelas famosas fábulas de Esopo, Fedro, La Fontaine e Monteiro Lobato e reescritas pelos alunos e professores fazem parte do Catavento. Para a adaptação das histórias, utilizaram como cenário e personagens os elementos da Amazônia, como os rios e florestas, e animais como o tralhoto, boto, jacurarú, pipira, preguiça, macaco, cotia, arara, tracuá, mucura e muitos outros. As fábulas ganham vida com as ilustrações do cartunista João Bento e selo da editora Paka-Tatu.
Para Márcia Campos, coordenadora de Projetos Sociais da Alubar, a publicação é um presente para a sociedade e representa os anos de dedicação de muitas pessoas que nem sempre são percebidas em sua beleza, sensibilidade e valores. “Por isso, estamos tornando públicas essas pessoas, alunos e professores capazes de um trabalho de qualidade e, principalmente, de um trabalho coletivo, construído a partir de turmas multisseriadas, realidade das escolas ribeirinhas. Nesse segundo livro, os nossos personagens amazônicos irão transmitir valiosos ensinamentos que há milênios perduram e que precisam estar presentes em todo o tempo e lugar”, destacou.
O professor Roberto dos Anjos, coordenador pedagógico da Semed e formador do Catavento, afirmou que todos ganham com o projeto. “Temos discutido com os professores a respeito das fábulas em suas diferentes culturas e hoje conseguimos trazer as fábulas para a cultura barcarenense. O Catavento trouxe um ganho não só para os alunos, mas os professores que passaram a ter um conhecimento maior sobre os gêneros literários. Eles se apropriaram disso e transmitiram aos alunos,
que levaram para as famílias e, no final, todos ganharam com um melhor ensino e aprendizagem em sala de aula”, avaliou.
Realizado há sete anos em Barcarena pela Alubar Metais e Cabos, em parceria com a Secretaria Municipal de Educação Desenvolvimento Social de Barcarena, o projeto Catavento realiza a formação de professores, com oficinas de capacitação, e estimula o hábito da leitura e produção textual com a doação de livros e jogos interativos, beneficiando 1300 alunos de 28 escolas ribeirinhas do município.
Valorização das raízes
A professora Sandra Helena Furtado, da escola São José do Arrozal, na Ilha da Trambioca, disse que o trabalho feito por meio do projeto fortalece a prática da leitura e da escrita em sala de aula. “É um processo de aprendizado da criança de acordo com a realidade dela, principalmente das que moram nas comunidades ribeirinhas. Para nós é de suma importância porque os nossos alunos avançam na leitura. O segundo livro é um sonho e é uma forma de valorizar nossa comunidade, vivência e a cultura do nosso povo”, declarou emocionada.
A pequena Thayná Costa de Souza, de apenas 9 anos, deu os primeiros passos como escritora,  ao participar com a fábula “A Aranha e o Macaco”. “Amo ler e escrever, por isso fiquei muito feliz em escrever essa história, que no final traz a mensagem ‘quem não semeia, não colhe’”, conta. Perguntada sobre o que quer semear para colher no futuro, a estudante não hesita: “Quero plantar paz, amizade e esperança. Também vou estudar bastante para um dia ser professora”, disse a estudante.

Fonte/Foto: Fabiana Gomes
Analista de Comunicação | Communication Analyst I Temple Comunicação

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