PARÁ: AÇÃO PODE TORNAR BENS DE JATENE INDISPONÍVEIS
Nas
próximas semanas, o Tribunal de Justiça do Estado (TJE) deve analisar a ação de
improbidade administrativa na qual o governador Simão Jatene (PSDB) é acusado
de beneficiar o próprio filho, Beto. O processo, encaminhado pelo Ministério
Público do Estado (MPE), está nas mãos da juíza Kátia Parente. O governador e
seu filho são acusados pelo MPE, no episódio conhecido como Betocard e que
envolveu compra de combustíveis para veículo do Estado - frotas da Polícia
Militar (PM) e do Corpo de Bombeiros - em postos de Beto Jatene. A autorização
para investigar Jatene partiu do procurador geral de Justiça, Marco Antônio das
Neves, que liberou o procurador Nelson Medrado e o promotor Armando Brasil a
processarem o governador.
Caso
seja condenado, o governador pode ter, de novo, o seu mandato cassado e ficar
novamente inelegível por até 8 anos. Em ações cíveis, como a de improbidade
administrativa, o governador não possui foro privilegiado. Dessa forma, a ação
do MPE foi protocolada ontem na 4ª vara da Fazenda Pública. Beto Jatene, como é
mais conhecido o filho do governador cassado, é sócio dos postos “Girassol” e
“Auto Posto Verdão”. Este último foi o que mais vendeu combustível para a PM,
entre janeiro de 2012 e outubro de 2014, chegando a cerca de R$ 5 milhões no
período. Esse montante corresponde a 9% do consumo global de combustível da
corporação paraense em quase três anos, que foi de R$ 55 milhões.
“Ficou
comprovado que o filho do governador negociava combustível com o Estado. Ele
(Beto) adquiriu 2 postos e, em seguida, a distribuidora Equador passou a
administrar o fornecimento de combustível para as frotas, cobrando 2,83% de
todo o faturamento, trabalho que o Banpará fazia sem custo algum”, lembra o
promotor Armando Brasil. Ele afirma que o proprietário da distribuidora,
Humberto Carrilho, foi preso na Operação Lava Jato.
Após
a Equador assumir o contrato, Beto Jatene se afastou da gestão dos postos - mas
continuou sócio das empresas -, que passou para seu cunhado. Em seguida, os
postos do filho do governador começam a vender muito combustível para o Estado.
“Foi aí que percebemos o direcionamento. O fato de o empresário vender o
combustível, sendo seu pai o governador do Estado, é uma conduta nefasta e
abjeta. É nepotismo claro”, classifica Brasil.
INVESTIGAÇÃO
A
lei determina que o governador só pode ser processado por improbidade
administrativa pelo procurador geral de Justiça ou por alguém delegado pelo
próprio. No mês passado, Marco Antônio das Neves autorizou o procurador Nelson
Medrado e o promotor Armando Brasil a investigarem a participação de Jatene na
aquisição de combustível pelas frotas da PM e Corpo de Bombeiros nos postos do
filho Beto Jatene. O governador foi intimado, por meio do procurador geral, a
responder perguntas durante a apuração, mas as ignorou
O
QUE PEDE A AÇÃO
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O MPE pede a indisponibilidade dos bens de Simão Jatene; Alice Viana
(Secretária de Administração), Beto Jatene e Humberto Carrilho (dono da empresa
Equador) e que devolvam aos cofres públicos tudo o que foi pago de forma
irregular aos postos de Beto.
-
No caso de Jatene e de Alice Viana, a perda da função pública e suspensão dos
direitos políticos por até 8 anos, pagamento
de
multa equivalente a 5 vezes a remuneração atual do governador e da secretária.
-
No caso de Beto e da Equador, proibição de receber benefícios fiscais e de
firmar contratos com a administração pública.
PARA
ENTENDER A DENÚNCIA
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A Distribuidora Equador de Produtos de Petróleo, que gerencia o abastecimento
dos veículos do Estado, já recebeu mais de R$ 214 milhões do Governo Jatene. O
trabalho da Equador é feito por meio de cartões magnéticos e os valores são
pagos aos postos de combustível credenciados para abastecer viaturas oficiais
do Estado.
Detalhe:
no Governo de Ana Júlia Carepa, quem gerenciava o abastecimento da frota do
Governo, que também era efetuado por meio de cartões magnéticos, era o Banco do
Estado do Pará (Banpará), que não cobrava pelo serviço.
-
Porém, 2 desses postos - o Verdão e o Girassol - pertencem ao advogado Alberto
Lima Jatene, mais conhecido como Beto Jatene, filho do governador Simão Jatene.
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Segundo o MPE, por abastecer viaturas da PM e do Corpo de Bombeiros, os postos
do filho do governador já faturaram mais de R$ 5 milhões em 2 anos. A operação
é uma triangulação: Governo de Jatene paga à Equador, que paga ao filho de
Jatene
-
Segundo Medrado e Brasil, esse caso é uma clara violação de pelo menos 2
princípios da Administração Pública: a impessoalidade
e
a moralidade.
Beto já foi preso e responde por outro caso de corrupção
Beto
Jatene também está enrolado em outro processo de corrupção. Ele foi alvo da
Operação Timóteo, deflagrada em dezembro passado em 11 Estados brasileiros,
incluindo o Pará e o Distrito Federal. Beto, que teria se beneficiado com R$
750 mil em esquema. A PF investigou um esquema de corrupção em cobranças
judiciais de royalties da exploração mineral, isto é, 65% da chamada Compensação
Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM), que tem como destino os
municípios.
INVESTIGAÇÃO
O
advogado Roberto Lauria disse que o filho do governador Simão Jatene não tinha
participação no esquema. Beto Jatene acabou ficando preso por apenas 48 horas
no Comando do Corpo de Bombeiros, cercado de regalias, após o Tribunal Regional
Federal (TRF-1) aceitar pedido de habeas corpus da defesa. O caso de Beto
Jatene na Operação Timóteo está sendo investigado pelo STJ, que já abriu inquérito
e, juntamente com o Ministério Público Federal, está dando prosseguimento às
investigações. O caso corre em segredo de Justiça.
Fonte/Fotos: Diário do Pará/Ricardo Amanajás –
Ney Marcondes


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