CHEIA DO RIO NEGRO DEVE AFETAR ATÉ TRÊS MIL FAMÍLIAS, EM MANAUS-AM
Subida das águas preocupa moradores de áreas de risco que estão
sendo cadastrados pelo poder público
Apreensivas, assim estão
as pessoas que poderão ser afetadas pela cheia do rio Negro com o ritmo da subida das águas. Ontem, a
cota do rio estava em 28,10 metros, 2,98 metros acima da registrada no mesmo
período do ano passado, e apenas 86 centímetros abaixo da mesma data de 2012,
ano da maior cheia do Negro. Esta semana, técnicos da Defesa Civil do município
estão nos bairros Aparecida e Presidente Vargas, ambos na Zona Sul de Manaus,
identificando as famílias moradoras das áreas de risco.
No
beco das Flores, em Aparecida, moradores recorrem a restos de madeira para
improvisar uma ponte de acesso à saída
do beco. No local, a água está embaixo de várias casas. “Na cheia do ano
passado a água mal chegou aqui, mas este ano ela já avançou sobre a maioria e
está dificultando a nossa saída de casa. Estamos catando pedaços de pau para
colocar para passarmos. As crianças têm
que ser carregadas quando vão para a aula”, contou a costureira Graça Souza da
Gama, 57.
Outra
preocupação é com a grande quantidade de
lixo concentrada na área e que podem
esconder bichos peçonhentos como cobra. Além disso, a poluição também está
aumentando os casos de doença na região. “Meu marido está com muita febre, dor
na garganta e no corpo. Minhas sobrinhas também ficaram doentes”, contou a dona
de casa Maria Lucidalva da Silva Jorge, 55. Conforme ela, ninguém consegue
dormir direito à noite de tão preocupado com a situação.
Desde
o início dos trabalhos da Operação SOS Enchente, no último dia 17, mais de 1,3
mil famílias que deverão ser afetadas pela cheia deste ano foram identificadas
pela Defesa Civil de Manaus, em bairros como Betânia, Educandos, na Zona Sul,
São Jorge, Santo Antônio, Compensa e Tarumã, na Zona Oeste. O técnico do órgão Elias Araújo disse que, em
2015, aproximadamente três mil famílias foram cadastradas, mas este ano, a
previsão é que sejam pouco mais de duas mil.
“O
Prosamim (Programa Social e Ambiental dos Igarapés de Manaus) tirou muitas
pessoas dessas áreas, por isso devemos ter redução. Atualmente estamos fazendo
confirmação de cadastro e cadastrando novos moradores para que, numa eventual
calamidade pública, essas pessoas possam receber auxílio aluguel e outros
benefícios”, destacou frisando
que
as equipes também começaram a construir pontes no bairro São Jorge. Os demais
serão atendidos conforme a demanda.
Estimativa de 15 bairros afetados
De
acordo com a Defesa Civil do município, ao todo 15 bairros de todas as zonas da
capital que serão afetados pela cheia. Alguns receberão construções de
passarelas, entre eles Tarumã, Mauazinho, São Jorge, Educandos, Raiz, Betânia,
Presidente Vargas, Colônia Antônio Aleixo, Aparecida, Centro, Santo Antônio,
Cachoeirinha, Glória, Compensa e Puraquequara, além da zona rural e ribeirinha
da capital.
Saúde da população é outro alvo
Além
de técnicos da Defesa Civil de Manaus e da Secretaria municipal da Mulher,
Assistência Social e Direitos Humanos (Semmasdh), técnicos da Secretaria
Municipal de Saúde (Semsa) também participam do levantamento das famílias que
moram em áreas de risco em dois bairros da Zona Sul, ontem.
Entre
os trabalhos desenvolvidos por eles estão orientação sobre o uso do cartão de vacinação e distribuição de
hipoclorito de sódio para as famílias, no intuito de garantir água potável à
população durante os meses em que a água do rio esteja contaminando as fontes.
Os
técnicos de enfermagem e agentes de saúde também coletam água para fazer
análises e os moradores podem ter acesso aos resultados. A costureira Graça
Souza da Gama, 57, é uma que quer saber como está a condição da água que é
consumida pela família. “Deixei o meu número para eles avisarem”, disse.
Fonte/Foto: Silane Souza – A Crítica/Show

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