ARTIGO DEDOMINGO: O PAQUIDERME NACIONAL
- por Lúcio Flávio Pinto (*)
Em
2002, último dos oito anos de Fernando Henrique Cardoso como presidente da
república, os gastos com pessoal do serviço público (da União, Estados e
municípios) absorveram 13,35% do Produto Interno Bruto, a soma de todas as
riquezas do país.
Treze
anos depois, no último dado disponível, de 2015 o funcionalismo público
absorvia 15,31% do PIB. É integrado por 13,4 milhões de pessoas, que
representam 6,53% da população brasileira.
Nesse
período houve um crescimento real da folha dos governos de 14,68% em relação ao
PIB. Para manter o pagamento desses servidores, os governos dos três entes
federativos precisaram comprometer quase metade de toda a pesada carga
tributária nacional (em números exatos: 46,88%), que cresceu 32,66%. O
crescimento real do PIB corrente nesse período foi de 37,80%, proporcionando um
ganho real de 58%, acima da inflação.
Ou
seja: mesmo a receita tributária e o PIB aumentando mais do que a inflação, a
burocracia oficial avançou ainda mais sobre a riqueza do país, mais do que
qualquer outro setor da sociedade. O “aparelho de Estado” se tornou um dos mais
graves desafios não só ao equilíbrio das contas públicas, mas à partilha social
e à própria democracia.
Em
conluio com empresários predadores e uma elite mesquinha, causa um enorme dano
à nação. E a mantém submetida a palavras de ordem e jargões de uma linguagem
progressista, que escamoteiam o significado mais profundo da realidade. Melhor
repetir lições de catecismo do que se esforçar para entender o paciente e
dar-lhe o tratamento adequado.
(*) Lúcio Flávio Pinto é jornalista profissional desde
1966. Percorreu as redações de algumas das principais publicações da imprensa
brasileira. Durante 18 anos foi repórter em O Estado de S. Paulo. Em 1988
deixou a grande imprensa. Dedicou-se ao Jornal Pessoal, newsletter quinzenal
que escreve sozinho desde 1987, baseada em Belém.
No
jornalismo, recebeu quatro prêmios Esso e dois Fenaj, da Federação Nacional dos
Jornalistas. Por seu trabalho em defesa da verdade e contra as injustiças
sociais, recebeu em Roma, em 1997, o prêmio Colombe d’oro per La Pace e, em
2005, o prêmio anual do CPJ (Comittee for Jornalists Protection), de Nova York.
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