SUSTENTABILIDADE: GALHOS DE ÁRVORES SERÃO USADOS PARA FABRICAR MÓVEIS NA FLONA EM BELTERRA-PA


Jorge Luiz, de 53 anos, fez a demonstração de operação nos maquinários

Movelaria foi inaugurada na manhã desta quinta-feira (16) na área da Flona.
Empreendimento prevê geração de emprego, renda e investimentos na região.
A partir de investimentos de ao menos R$ 608.500 mil, a primeira unidade moveleira da Cooperativa Mista da Flona do Tapajós (Coomflona) foi inaugurada na manhã desta quinta-feira (16), na área da Floresta Nacional do Tapajós (Flona), no km 117 da BR-163, em Belterra, região metropolitana de Santarém, no oeste do Pará. O projeto começou a ser elaborado em 2015 e agora, visa proporcionar melhor aproveitamento da madeira. A expectativa é gerar emprego, renda e investimentos que beneficie os próprios cooperados.
A solenidade de inauguração reuniu lideranças de órgãos ambientais, de cooperativas, entidades parceiras, autoridades políticas de Belterra, trabalhadores e moradores de comunidades da Flona. O projeto da movelaria tem ainda o apoio do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Pelo menos 15 pessoas devem atuar no empreendimento. Os tipos de móveis deverão ser analisados por meio de linha de produção. Entre os móveis, jogo de mesas, portas, janelas, dormitórios, armários. As atividades devem começar nos próximos meses.
O galpão de 250m² foi construído em madeira e comporta atualmente 10 maquinários. A energia é por meio de um gerador movido a diesel. A Flona pretende fazer a extensão da linha de energia elétrica, com processo de licenciamento já em execução para atender a base da unidade de conservação ambiental e também a movelaria. Durante a inauguração, foi feita a demonstração de operação em máquinas que vão transformar a matéria prima em móveis. Alguns marceneiros ainda devem passar por treinamentos para operar os equipamentos. (Veja os melhores momento da inauguração no vídeo)
O aproveitamento de galhos de árvores, que antes era desperdiçados e atrapalhavam a regeneração florestal foi objeto de pesquisa de dois professores da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA). Eles desenvolveram métodos de quantificação, extração e beneficiamento da galhada para utilização pelo setor moveleiro. Os pesquisadores concluíram que a cada 10 m³ de madeira em tora, 3,8 m³ de resíduos florestais poderiam ser aproveitados para a movelaria, uma descoberta surpreendente.
O engenheiro ambiental Ângelo Ricardo Sousa, responsável pelo projeto, apresentou os resultados do processo de implantação da movelaria. “A principal matéria prima a ser utilizada é a madeira de galhos, oriunda dos resíduos florestais da exploração do plano de manejo, feito pelos próprios comunitários. Agora vai passar a funcionar, empregar os comunitários na produção de móveis para a comercialização no mercado externo, para o estado do Rio de Janeiro, São Paulo e também para a exportação”, afirma.
A aquisição dos equipamentos foi por meio do Ecoforte, Programa de Ampliação e Fortalecimento das Redes de Agroecologia e Produção Orgânica, que integra o Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Planapo) e visa o fortalecimento e a ampliação das redes, cooperativas e organizações socioprodutivas e econômicas de agroecologia, extrativismo e produção orgânica. Os recursos são oriundos da Fundação Banco do Brasil e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Para o chefe da Flona, José Risonei Silva, a iniciativa prevê o uso sustentável dos recursos florestais, aproveitando a madeira que seria descartada e que não serviria para o mercado, principalmente os galhos das árvores. Segundo ele, a movelaria é um desejo antigo dos moradores e das famílias que vivem da floresta. “Essa é mais uma atividade que vai gerar emprego, gerar renda e oportunidade de trabalho para os moradores da Flona, para os cooperados da Coomflona. Isso melhora a qualidade de vida da população”, destaca.
A Coomflona comemorou a implantação da movelaria, conquista esperada há quase dois anos e meio. A ideia é aliar a prática da sustentabilidade ambiental com a geração de emprego e renda. “É um sonho que hoje se tornou realidade. A gente conta com a colaboração de cada trabalhador que irá atuar e gerar mais renda para sua família. Hoje, os galhos que ficam na floresta serão recolhidos e cerrados. Vamos construir um portfólio, ver o produto mais competitivo no mercado e comercializar”, afirmou o presidente, Raimundo Jean Rocha.

Fonte/Foto: Adonias Silva – G1 Santarém






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