DRAMA SOCIAL: PARÁ TEM 420 MIL CRIANÇAS VIVENDO EM EXTREMA POBREZA
O
Pará tem o maior número absoluto de crianças vivendo em situação de extrema
pobreza, dentre os Estados da região Norte. Divulgada na última semana pela
Fundação Abrinq, o relatório “Cenário da Infância e Adolescência no Brasil”
aponta que, somente no Pará, cerca de 428 mil crianças entre 0 e 14 anos vivem
nesta condição. O Pará também é campeão do Norte em índices de desnutrição e
trabalho infantil.
O
documento que reúne indicadores da situação das crianças e adolescentes em todo
o Brasil utilizou dados de fontes como o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE). Os números se referem aos anos de 2015 e 2016.
No
que diz respeito à renda, o percentual de crianças entre 0 e 14 anos que vivem
em extrema pobreza chega a 20%. As famílias enquadradas nessa condição foram as
que possuíam renda mensal menor que um quarto do salário mínimo. Em 2015, o
salário mínimo era R$788, o que significa dizer que tais famílias sobreviviam
com menos que R$ 197 por mês.
DESNUTRIÇÃO
Diretamente
relacionada à condição financeira das famílias, a insegurança alimentar das
crianças paraenses é outro indicador do relatório. No ano de 2016, 6,6% das
crianças menores de cinco anos tinham desnutrição grave no Pará. O índice foi o
maior registrado na região Norte.
O
Estado também ficou acima dos demais da região em índices de trabalho infantil.
Em 2015, 6,2% das crianças paraenses entre 5 e 17 anos trabalhavam, o
correspondente a 168 mil pessoas. O percentual também é maior do que a média
nacional, que ficou em 5%. Diferente do Brasil, no Pará a maior parte dessas
crianças atuavam em atividades agrícolas, o correspondente a 50,7% do total.
Diante
de tais números, o fundador da República de Emaús, padre Bruno Sechi,
classifica a situação da infância no Estado como alarmante. Além dos
indicadores de pobreza, nutrição e trabalho infantil, ele destaca outro que
preocupa. “Homicídios com arma de fogo vitimaram quase 470 crianças no Pará em
2015. Em 1996, esse número não passava de 45”, relacionou, com base nos dados
do relatório da Abrinq. “É um verdadeiro extermínio da nossa juventude!”,
afirmou o padre.
À
frente da instituição criada para lutar pela defesa e garantia dos direitos de
crianças e adolescentes em situação de risco na Amazônia, padre Bruno aponta o
que acredita ser o caminho para melhorar a situação. “Faltam políticas públicas
inclusivas. O orçamento público demonstra até que ponto estamos valorizando
essas políticas. Mesmo com recursos pequenos, é preciso tomar tais medidas como
prioridades”, acredita. “Não podemos ‘baixar a guarda’ desse compromisso,
porque, se não cuidarmos dessa geração, o que podemos esperar para o futuro?”.
EXTREMA
POBREZA NA REGIÃO NORTE
1º
Pará – 428.480 crianças
2º
Amazonas – 269.179 crianças
3º
Rondônia – 67.563 crianças
4º
Tocantins – 57.718 crianças
5º
Acre – 48.702 crianças
6º
Amapá – 33.108 crianças
7º
Roraima – 16.329 crianças
*
População entre 0 e 14 anos em situação domiciliar de extrema pobreza (2015)
Fonte/Foto: Cintia Magno - Diário do Pará/Marcello
Casal Jr.

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