ÍCONE DO CARIMBÓ, PINDUCA LANÇA NOVO TRABALHO COM ARRANJOS RENOVADOS




Pinduca, prestes a completar 80 anos, é assertivo: não quis ser apenas um mero reprodutor do carimbó de raiz. Quis incutir suas experiências com instrumentos elétricos que tinha acabado de conhecer, como guitarra, baixo e teclado, no ritmo paraense e experimentar a sonoridade que viria a surgir. Lá na década de 1960, ele achava estranho as pessoas de Belém não conhecerem o ritmo e pensou que podia mudar essa história. Passados 43 anos do lançamento de seu primeiro disco, “Carimbó e Sirimbó do Pinduca” (1973), ele comemora: “os conservadores me criticaram muito. Mas segui firme, levantei a cabeça e estou até hoje fazendo show com essa geração nova, tudo barbudo”.

“Quando tive a oportunidade de gravar, optei por gravar carimbó. Disse: ‘vou gravar carimbó’. Todo mundo se assustou. Naquela época predominavam as canções românticas de Nelson Gonçalves, Altemar Dutra, até o rei Roberto Carlos já estava fazendo sucesso. Mas não queria cantar esse tipo de música, carimbó pop, moderno. Achava que era um ritmo que estava muito esquecido, desconhecido, principalmente na parte urbana, aqui em Belém. Era mais lembrado em Irituia, Marapanim, o berço do carimbó. Queria fazer o meu carimbó. E olha o resultado qual foi”, ressalta o cantor, que ganhou o título de Rei do Carimbó.

A longeva carreira já soma 36 álbuns. O mais recente, “No Embalo do Pinduca”, lançado com o selo Natura Musical, traz uma releitura de seus maiores sucessos. O cantor e compositor diz que preferiu deixar a cargo dos produtores Marcel Arêde e Manoel Cordeiro a escolha das 13 faixas dentre as mais de 200 composições que já realizou.

“Caiu muito no gosto das pessoas, com o rearranjo, como eu digo, foi muito aprovado. A escolha das músicas foi uma coisa que fiz questão de não participar. Sou compositor e qualquer uma eu gosto, acho bonito, e não ia dar certo, não quis, deixei a critério deles”, explica.

Faixas como “A Dança do Carimbó”, “Sinhá Pureza”, “Carimbó do Macaco” e “Marcha do Vestibular” foram regravadas especialmente para o álbum, com uma mistura de instrumentos para uma sonoridade mais contemporânea, com elementos eletrônicos. O álbum está disponível nas plataformas virtuais e Pinduca já realizou turnê por São Paulo e Rio de Janeiro para apresentar o trabalho.

Agora, mais um disco está por vir, ainda sem data exata para ser divulgado. É “Carimambo”, que mistura carimbós inéditos aos mambos

que já fizeram sucesso internacionalmente como “La Luz de la Luna”, “Mambo nº 8” e “Mambo Carioca”.

Pinduca compara suas composições a seus filhos e diz que não tem como escolher apenas uma que seja especial – o que deve ser particularmente difícil para quem possui centenas de filhos sonoros e se considera um compositor popular, inspirado pela paisagem amazônica, pelo cotidiano singular do homem da região.

“Sempre falei que sou compositor popular, embora tenha capacidade para fazer até música clássica. O nosso cotidiano da região, o Pará, o Norte, isso tudo me inspira muito. Vivemos num paraíso, na Amazônia, aí que a gente se inspira até pelo canto dos passarinhos que nos acordam de manhã. Só isso já dá para fazer música. E isso me inspira, mas sempre jogando a modernidade no meio. Se analisar meus discos desde o princípio, vai ter isso”, diz.



Fonte/Foto: Dominik Giusti - Diário do Pará/Carlos Sodré – Ag. Pará

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