LOBISTAS DE JADER, JORGE E BRUNO LUZ, SÃO PROCURADOS
Operação Blackout mira em Jorge Luz, considerado o maior operador
do PMDB
Polícia
Federal (PF) deflagrou ontem a 38ª fase da Operação Lava Jato, batizada de
Blackout, cujos principais alvos são os lobistas Jorge Luz e Bruno Luz, pai e
filho, apontados como operadores financeiros ligados ao PMDB. Os mandados
expedidos contra eles são de prisão preventiva, no entanto, segundo a PF, os
dois estão nos Estados Unidos e já são considerados fugitivos, na lista de
procurados da Interpol, a chamada Difusão Vermelha.
Jorge
Luz, natural do Pará, lobista ligado ao senador Jader Barbalho (PMDB),
supostamente o padrinho de casamento do ministro da Integração Nacional, Helder
Barbalho (PMDB), já é considerado “foragido de justiça” pela Polícia Federal.
Ele teve prisão preventiva decretada ontem, em mais um desdobramento da
Operação Lava Jato.
Desde
cedo a Polícia Federal está nas ruas do Rio de Janeiro para cumprir mandados de
prisão na 38ª fase da Operação Lava Jato. São 15 mandados de busca e apreensão
e outros dois de prisão preventiva para os lobistas Jorge Luz e Bruno Luz, pai
e filho respectivamente. De acordo com a polícia, os investigados vão responder
pela prática de corrupção, fraude em licitações, evasão de divisas e lavagem de
dinheiro, entre outros crimes.
Jorge
Luz, de 73 anos, era tratado pelos investigadores da força-tarefa da Operação
Lava Jato como uma espécie de ‘pai dos operadores’ de propinas no esquema de
corrupção na Petrobrás. Seu nome já tinha aparecido na Lava Jato durante as
delações do ex-diretor da área Internacional da Petrobrás Nestor Cerveró e do
operador de propinas Fernando Soares, o Baiano.
Jorge
Luz e seu filho Bruno não foram localizados no Rio de Janeiro ontem de manhã e
é possível que ambos estejam no exterior. Os dois costumavam viajar
frequentemente para Miami, nos Estados Unidos.
Ambos
são citados nos depoimentos do também lobista Fernando Baiano e de Paulo
Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras. Antes de se entregar à
Justiça, Baiano chegou a se refugiar na casa de Jorge Luz. No ano passado, o
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, relacionou o nome de Luz no
processo principal da Lava Jato no STF.
De
acordo com Janot, Luz teria prometido um montante de 40 milhões de dólares em
propina para ser rateado entre os senadores da República. Esse dinheiro viria
da diretoria Internacional da Petrobras. O paraense chegou à política por meio
de Jader Barbalho, de quem sempre foi próximo.
A
partir dos anos 90, Luz passou a ser um dos principais lobistas em atuação na
Petrobras e, de acordo com investigadores da Lava Jato, ele sempre foi muito
ligado ao ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Em
abril de 2016, Nestor Cerveró confessou ao juiz Sérgio Moro que o senador Renan
Calheiros (PMDB-AL) recebeu propina de US$ 6 milhões por meio do lobista Jorge
Luz, em 2006. O repasse, segundo ele, foi acertado em um jantar na casa de
Jader Barbalho, em Brasília, com a presença de Renan Calheiros, Paulo Roberto
Costa e Sergio Machado, ex-presidente da Transpetro.
O
nome da operação – Blackout – é uma referência ao sobrenome dos lobistas e tem
por objetivo demonstrar a interrupção definitiva da atuação destes investigados
como representantes do poderoso esquema de corrupção. Os dois não foram
encontrados no Brasil e já constam da lista de procurados da Interpol.
Em
despacho, o juiz Sergio Moro ressaltou o “caráter serial dos crimes” e a
“atuação criminal profissional” de pai e filho. “O caráter serial dos crimes,
com intermediação reiterada de pagamento de vantagem indevida a diversos
agentes públicos, pelo menos dois diretores e dois gerentes da Petrobras, em
pelo menos cinco contratos diferentes da Petrobras, aliada à duração da prática
delitiva por anos e a sofisticação das condutas delitivas, com utilização de
contas secretas em nome de offshores no exterior (cinco já identificadas, sendo
quatro comprovadamente utilizadas para repasses de propinas), é indicativo de
atuação criminal profissional”.
Jorge
Luz sempre foi conhecido como homem de confiança de Renan Calheiros e Jader
Barbalho e tinha um bom trâmite entre políticos do PMDB, PT e PP. Ele costumava
abrir caminho à realização de bons negócios para empresas nacionais e
multinacionais. Em troca, receberia ‘pagamentos’, para serem divididos com
parlamentares do esquema.
Em
junho de 2016, a PF levantou os registros de entrada e saída do país de Jorge e
seu filho, Bruno Luz, e descobriu que ambos viajavam com frequência para Miami,
Europa e, no caso de Bruno, para o Panamá em 2013. O país é conhecido por ser
um paraíso fiscal.
Segundo
o procurador Diogo Castor de Mattos, da força-tarefa da Lava Jato, as prisões
foram decretadas “para garantia de ordem pública e para assegurar a aplicação
da lei penal, tendo em conta a notícia que os investigados se evadiram
recentemente para o exterior, possuindo inclusive dupla nacionalidade”.
A
nota enviada pelo Ministério Público Federal (MPF) ressalta que, sendo confirmada
a evasão dos suspeitos para o exterior, será pedida a inclusão deles na lista
de foragidos internacionais da Interpol.
Fernando
Baiano, em seu depoimento no ano passado, disse que Jorge Luz repassou os
valores ao “pessoal do PMDB” porque eles mantinham, naquela época, Nestor
Cerveró na diretoria da área de Internacional da Petrobras.
Na
ocasião, a Polícia Federal levantou os registros de entrada e saída do país de
Jorge Luz e o filho dele, Bruno Luz, além de outros envolvidos no negócio. Os
investigadores também buscam por contas no exterior ligadas a esses
personagens.
PETROBRAS
Os
dois lobistas são suspeitos de desviar propinas para agentes públicos
principalmente em contratos da diretoria Internacional da Petrobras, como a
compra dos navios-sonda Petrobras 10.000 e Vitoria 10.000 e na venda, pela
estatal, da Transener para a Eletroengenharia.
Eles
também atuaram em outras diretorias da empresa, como as de Abastecimento e
Serviços. Jorge Luz e o filho também são suspeitos de pagar propinas para o
ex-gerente de Serviços, Pedro Barusco, por contratos da Petrobras com a Sete
Brasil para a exploração do pré-sal.
Para
operarem os pagamentos ilícitos, a dupla utilizava contas de empresas offshore
no exterior, uma vez que foram detectados pela força-tarefa da Lava Jato
movimentações do tipo na Suíça e nas Bahamas.
Fonte/Foto: ORM News/Agência Senado
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