ALDEIA SOLIMÕES INAUGURA SISTEMA DE ÁGUA ENCANADA MOVIDA A ENERGIA SOLAR
Crianças tomam um banho na inauguração da caixad'água |
Sistema de água potável vai beneficiar 44 famílias.
Aldeia indígena Solimões está localizada às margens do rio Tapajós
Um
projeto implantado em forma de mutirões na aldeia indígena de Solimões,
localizada às margens do rio Tapajós, em Santarém, no oeste do Pará, inaugurou
um sistema de abastecimento de água potável para uso doméstico que vai
beneficiar quarenta e quatro famílias. Há 31 anos que a aldeia não possuía
serviço abastecimento de água encanada e
coleta de esgoto e lixo.
A
aldeia Solimões é a principal via de acesso à Reserva Extrativista
Tapajós-Arapiuns (Resex) e o trajeto é feito por meio fluvial, através de embarcações
que saem de Santarém. Devido ao consumo inadequado de água do rio pelas
populações ribeirinhas e atual contaminação por diferentes fontes, resultaram
em doenças de veiculação hídrica mortalidade infantil por viroses e diarreias
agudas.
O
projeto foi implantado em mutirões com
os moradores e contou como apoio do
Projeto Saúde e Alegria (PSA) em parceria com o ICMBio, Tapajoara e o Instituto
de Energia e Ambiente (IEE/USP), o microssistema de Solimões é o primeiro
feito na Amazônia usando um modelo solar flexível que dispensa a necessidade de
baterias, mas garante uma alternativa de uso de diesel em caso de necessidade.
O
ponto de partida foi o mapeamento das 44 casas e a escola da aldeia. Com ajuda
técnica, foi feito um mapa e definido o ponto mais alto da aldeia com uma
distância mínima de fossas para se perfurar o poço. Enquanto uns escavavam o
caminho para levar a rede hidráulica, outros trabalhavam com técnicos na
perfuração do poço e construção do elevado de concreto para instalar a caixa
d’água do microssistema comunitário.
A
bomba d’água flexível é movida a energia solar e dispensa o uso de baterias,
usando um inversor que converte a corrente dos painéis em energia alternada.
Quando não há sol e é necessário encher a caixa d’água, pode-se usar o diesel.
Para bombear água do poço, é necessária energia.
Na
região, o uso do diesel para produzir eletricidade ainda é a principal
alternativa adotada. Devido aos avanços tecnológicos das últimas décadas, o
esforço global para reduzir as emissões de gases estufa, com o crescimento da
demanda por soluções limpas, com o barateamento de alternativas solares, o
projeto inaugura também uma nova fase solar e flexível.
Gestão comunitária participativa
A
construção do elevado para a caixa d'água, o mapeamento com GPS para definição de
onde será a rede hidráulica subterrânea, a escavação de valas com um foi feito
de forma participativa. A partir de oficinas, a própria aldeia criou o
regimento do microssistema, um acordo firmado entre todos os moradores.
O
documento traz uma lista de direitos e deveres, aponta os membros eleitos da
comissão gestora, os operadores do sistema (que sabem ligar a bomba), a
frequência das reuniões de avaliação, a identificação de vazamentos, a taxa de
uso com despesas de manutenção, o valor é discutido e aprovado em Assembleia
geral) e como trabalha o conselho fiscal.
Para
a parteira e curandeira da aldeia, dona Maria Suzete, antes da implantação do
sistema de água potável os moradores precisavam pegar água todos os dias com
baldes no rio, carregar até em casa e ferver para poder usar. O trabalho de
buscar a água ficava a cargo das mulheres e crianças, pois porque os homens na
maioria das vezes estavam trabalhando. “Para as nossas crianças, aquela água do
rio não é boa para beber. Agora tudo mudou, hoje é dia de festa! A gente acorda
e já vem para a torneira encher a panela de água para fazer café”, comemora.
Fonte/Foto: g1.globo.com/Carlos Sena – PSA
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